segunda-feira, 6 de maio de 2019

Não me canso de dizer a mim mesmo; BH, 01º01101999; Publicado: BH, 0170102012.

Não me canso de dizer a mim mesmo
O quanto abroncado sou
Mais do que um tanto quanto bronco
De modo mais do que grosseiro
Rude mais do que sou não existe ser
Mais brutal ainda está para nascer
Aparvalhado nas ideias
Estúpido no comportamento
Saí dum abroneeiro
Dum denso espinheiro
Sou um jumento
Não sirvo nem para ornamentação
De presépio de natal ou
Como a da planta abrônia
A herbácea ornamental
Da família das Nictagíneas
Originária da Califórnia
Tenho mais é que ser abronizado
Fundido em bronze
Folhado em bronze
Não para obras de Rodin nem 
Para a eternidade nem
Para a posteridade ou 
Para a imortalidade
Para a imoralidade
Pintado de bronze
Para a enganação
Estátua esquecida
Em fundo de porão
Dalgum museu
Fora de visitação ou
Nalgum sótão de
Casa mal assombrada
Não me canso de dizer
Que ao me abronzar
Não me fundir com o cobre
Não me fundir com o ouro
Nem geralmente com o estanho
Para que não seja produzido nada
Nem abronzeado nem aproveitado.

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