segunda-feira, 6 de maio de 2019

Nasci num abrojo da planta; BH, 01º01101999; Publicado: BH, 0170102012.

Nasci num abrojo da planta
Do Rio grande do Sul
Espécie de carrapicho
Minha vida nunca foi
Um mar de rosas
Muito pelo contrário
Nasci abrolhado
Coberto de abrolhos
Duma palma de botões
Cheia de espinhos
Nunca vi livre meus caminhos
A liberdade a felicidade
Nunca nasceram no meu abrolhal
O único fruto
De todo abrolhamento
Que carrego no ser
É a infelicidade
A tristeza de existir
Meu filho é um abrolho-aquático
Uma planta da família das Halorragáceas
Meu filho é abrolhoso
Espinhoso do meu espinheiro
Eriçado de contrariedades
Porém é meu filho
Mesmo na infelicidade
Espero um dia
Trazê-lo de volta à felicidade
Minha dele nossa
Não servi nem para abroma
Planta tropical esterculiácea de 
Cuja entrecasca os índios faziam cordas
O vocabulário da Academia Brasileira de Letras
Não me atribuiu nem me classificou
No meu gênero masculino.

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