Cumpre deixar mansão, jardim, veiga florida,
Baixela que o artesão adorna cinzelando,
Sua morte cantar, ao cisne semelhando,
Que canta em seu país, quando lhe foge a vida.
Acabou-se! Gastei da existência a medida,
Vivi, pude tornar meu nome venerando;
Um sinal há-de ser minha pena ao céu voando,
Longe de encantos que nos levam de vencida.
Feliz quem não viveu, mais feliz quem regressa
Ao nada que já foi, mais feliz quem, depressa,
Homem que anjo se fez, volta ao Cristo clemente,
Deixando aqui morrer seus despojos de lama,
De que a fortuna ri, o fado e sua trama,
Pra ser, livre do corpo, espírito somente.
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