O solitude! O pauvreté!
Musset
O céu parece de algodão.
O dia morre. Choveu tanto!
As minhas pálpebras estão
Como embrumadas pelo pranto
Sinto-o descer devagarinho,
Cheio de mágoa e mansidão.
A minha testa quer carinho,
E pede afago a minha mão.
Debalde o rio docemente
Canta a monótona canção:
Minh'alma é um menino doente
Que a alma acalenta mas em vão.
A névoa baixa. A obscuridade
Cresce. Também no coração
Pesada névoa de saudade
Cai. Ó pobreza! Ó solidão!
Clavadel, 1913
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