quarta-feira, 30 de setembro de 2015

MIKIO, 57; BH, 0230202013; Publicado: BH, 0300902015.

Nunca terei certeza de nada desconfiarei
De todas as certezas da forma que falho
Todos os dias um dia todas falharão as
Minhas falhas só põem em risco a mim
Mesmo as falhas das certezas porão em
Risco as leis do universo nunca terei a
Infalibilidade do universo ao escrever
Qualquer verdade tremerei a mão pelo
Peso da mentira quem escreveu assim
São todos os que vieram antes de mim
Os donos das verdades absolutas dos
Caminhos da vida dos dogmas da
Salvação depois de morto qualquer
Situação é favorável ao morto depois de
Morto os vivos não passarão de mortos
Que dormem depois de morto minhas
Orelhas continuarão a arder são as
Duras palavras a meu respeito as
Duras palavras entram em nossos
Ouvidos aninham-se em nosso peito
Nada mais letal do que as duras palavras
Ditas na nossa cara não quero ser
Duro nem nas letras nem nas palavras
Nem nos atos não quero ser duro em
Nada nem com ninguém muito
Menos afirmativo confirmativo
Elucidativo quero um sedativo daqueles
Que vendem nos bares das esquinas
Nem taxativo quero ser quem quiser
Que seja o que quiser ser o que quer
Ser a mim o resto satisfaz as
Sobras do caos a rapa do tacho o
Queimado da panela minha avó
Comia numa gamela com as mãos
Fazia capitão de farinha arroz feijão

MIKIO, 59; BH, 0230202013; Publicado: BH, 0300902015.

Graças adeus não tenho dinheiro
Aprendi quando era crente que
Não devia ajuntar para mim
Dinheiro pois onde estiver o
Dinheiro ali estará o meu coração
Graças até logo por não ser mais
Crente nem ver mais a letal
Desvirtuação dos que se dizem
Crentes antigamente aos crentes
Do meu tempo bastavam a Palavra
Jesus Cristo era a única esperança
Deus era o único amor não consigo
Comungar o mesmo ar abafado o
Mesmo ambiente de mofo dos que
Se gloriam se vangloriam de serem
Crentes os únicos salvos não leio
Mais nada na velha mídia a respeito
Dos crentes crentes dos crentes
Católicos dos crentes espíritas dos
Crentes muçulmanos outros
Milhares de crentes espalhados
Pelo mundo nas milhares de
Religiões não leio pois nada
Mais interessa-me de religião
Teologia canonismo nada não
Perturba-me mais as cifras
Secretas do Vaticano o apego aos
Cifrões dos nossos pastores
Eletrônicos até a fé cega que os
Crentes chegados depositam no
Que o dinheiro pode conseguir-lhes
Lembro-me duma feita alguém a
Perguntar Mestre o que farei para
Ganhar a vida eterna? vende tudo
Que tens distribua entre os pobres
Com a palavra os bem ditos crentes

MIKIO, 60; BH, 0230202013; Publicado: BH, 0300902015.

Uma coisa aprendi com Zarathustra
Desprezo abominável desprezo
Abominavelmente desprezo tudo
Não é qualquer ser que tem poder
De desprezar tem que ter muita
Convicção senão qualquer
Canto de sereia cai na perdição
Tem que ter muito dom determinação
Do fundo do escuro do meu quarto
Do mofo da parede do mau cheiro das
Roupas de cama desprezo o mundo
Não esperei o mundo desprezar-me
Desprezo todas religiões das mais
Pobres às mais ricas desprezo o sol
A lua as estrelas desprezo até o ar
Que respiro a comida que como a
Água que bebo quero estar sempre
Sozinho desprezo vida desprezo
Morte sou discípulo de Zarathustra
Mais aplicado levo ao pé da letra
Suas palavras desprezo deuses
Diabos não incomoda-me a briga
Dos dois grupos por minh'alma que
Desprezo terrivelmente nem sei
Por que brigam tanto por tal desprezo
Tanto tudo todo que não abro nem janela
Nem porta nem torneira desprezo
Espelho amor paz bem mal dinheiro
Quereis saber o que quero de vós
Em dobro desprezo nada mais
Além do desprezo ficarei grato
Oreis a Zarathustra por mim pedir
Cada vez mais desprezo para mim

MIKIO, 61; BH, 0230202013; Publicado: BH, 0300902015.

Antes tivesse morrido a ter pedido
Pedi humilhei-me pedi a quem
Nunca soube dar desgraçado de
Mim malgrado meu pedi errado
Pedi para quem uma migalha é
Banquete um resto faz falta uma
Sobra é a salvação de tudo pedi é
A pior coisa que pode acontecer à
Vida dum homem que se diz
Homem pedir pedir para quem
Dar é morrer pedir para quem
Uma moeda vale mais do que um
Queijo a rolar ladeira abaixo diabos
Para que fui pedir? antes tivesse
Morrido não chorado na presença
Da morte agora arrasto arás de
Mim a mortalha duma maldição pois
Pedi a quem não sabe dever a quem
Amaldiçoa a vida toda a quem pede
Deve roga praga não esquece o
Pedido para quem o que foi dado
Fosse como um membro do próprio
Corpo arrancado sem anestesia
Miserável ouço o ódio à toda hora
Aos meus ouvidos sinto o ranger
De dentes a ira a raiva sinto o
Rancor destilado a cólera por
Ter cometido o erro de ter pedido
Mas ficou uma lição morra de sede
Mas não peças um copo d'água morra
De fome mas não peças um pedaço
De pão poderás morrer envenenado
Ou engasgado pedi não durmo
Quem deu com certeza não deve nem
Viver por jamais esquecer o que
Foi dado ou até mesmo emprestado

terça-feira, 29 de setembro de 2015

MIKIO, 62; BH, 0230202013; Publicado: BH, 0290902015.

Para fechar com alegria deixais
Para mim uma parte da Literatura
A Literatura é universal infinita
A menor parte dela a menor
Partícula a que ninguém por
Ventura venha a se interessar deixais
Para mim com alegria contento-me
Com a Ode à Alegria para fechar o
Dia e bem fechado imagino
Imagino coisas inimagináveis
Viajo nessas ondas nesses tubos
Como um surfista viajo nesses
Subterrâneos pelas trilhas submersas
Que ligam civilizações ou que
Ligam o externo ao interno
São as tripas da terra o intestino
Sou a comida da terra mais
Tarde o sangue das veias dela
Onde houver uma obra-prima
Incubada a ser chocada meu
Papel é evidente é revelá-la
Não há meio termo o preço que
For cobrado pago para dar à luz com
Satisfação de parturiente os inimigos
Criticarão nem quererão saber mas
No contrapeso no contraponto há os
Amigos poucos parcos quase nenhuns
Amigos raros daqueles que valem
Por dez irmãos que já bêbados a
Não suportarem mais inda topam uma
Saideira convosco ao bebermos mais
Uma juntos com a alegria da
Chegada da madrugada bêbados
De consciência daqui a pouco será dia

MIKIO, 63; BH, 0250202013; Publicado: BH, 0290902015.

Esses desossados cujas carnes tantos
Prazeres nos causaram inda nos impressionam
Esses descarnados cujos ossos nos sustentaram
Na imortalidade inda fazem-nos falta
Esses desencarnados de cujos ossos fiz altares
Alicerces para montanhas nas estrias desses
Esqueletos hoje secos outrora moradia
De tutanos medulas entranhas organismos os
Códigos estão marcados os símbolos registrados
Não há mais mistérios há muitas vagas
Nas constelações muito espaço nos aglomerados
De galáxias essas ossadas geniais que nos
Contaram tudo fizeram a esfinge cair
No abismo esses complexos sistemáticos
Erradicaram todos os complexos agora são
Infinitas soluções no infinito resoluções
Eternas na posteridade são curas na
Eternidade nos deixaram suas receitas
Custamos a aprender mas nos ensinaram
Ensinaram ao mundo a desvendar as
Conjecturas o mundo não aprendeu nada
Continua na órbita errada mesmo com
Todas as carnes que esses ossos deixaram aqui
Outrora corações mentes veias
Com sangue nervos cartilagens era éter
Etéreo névoa abissínica na escuridão
Do caos esses ossos imortais não são
Restos mortais são berços donde acordaram
Obras-primas obras de arte todo respeito é
Pouco com essas antigas estruturas de marfim
Essas velhas esculturas de mármore reverência
A esses ossos reverendos reverência o
Infinito fica pequeno diante deles

MIKIO, 64; BH, 0270202013; Publicado: BH, 0290902015.

O dom que adorna a vida é o que
Todo vivente deveria almejar o dom
Saliente que ressalta as excrescências
Das reentrâncias põe à luz nossas
Cadências na marcha pelo fim da
Obtusidade se não acabarmos com
A obscuridade nos afogaremos na
Mediocridade temos que querer nadar
Mesmo em águas profundas das quais
Lutamos para chegar ao fundo é no
Fundo depois da lama depois do lodo
Que encontraremos os tesouros que tais
Adornarão as nossas vidas se ficarmos só
No conhecimento superficial onde dá pé
No raso na beira não abarrotaremos
Nossos alforjes nem sei por que digo isto
Talvez seja pela necessidade primordial
De alcançar o topo os holofotes cegam-me
Turvam-me as luzes dos faróis com visão
Infravermelha prefiro andar melhor nas
Trevas enxergar com os mapeamentos
Das retinas aí nesses recônditos
Posso pensar com a própria cabeça comandar
Meus rebanhos liderar as manadas nos
Estouros das boiadas quanto mais
Deus encontrar-me mais solitário distante
Quanto mais indiferente for à luz falsa mais
Tato terá a percepção perfeita a intuição
O dom é perseverar no discernimento
Inda que nos cause estranheza às
Nossas entranhas disfunção nos nossos organismos
Com o fim das nossas inconveniências
Intolerâncias impaciências não seremos
Mais domados sim seres cheios de dons

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Alexandre de Oliveira Périgo, Ser de direita é muito louco.

Ser de direita é muito louco.
É defender o estado mínimo mas achar corretíssimo que o congresso defina com quem você pode casar e constituir família.
É defender a meritocracia mas reclamar de desemprego.
É dizer que o PT só se elege por conta da baixa escolaridade de seus eleitores mas ser fã de um senhor que se diz filósofo e que não completou a quarta série do primário.
É querer combater a corrupção petista votando no PSDB.
É ser contra bolsas e cotas mas prestar concursos públicos.
É defender o livre mercado mas achar o Uber um absurdo.
É ficar com a boca seca em São Paulo mas premiar Alckmin por gestão hídrica.
É defender o armamento da população para evitar tiroteios nas ruas.
É ser defensor da liberdade irrestrita mas xingar e dar porrada em quem não concorda com sua visão de mundo.
É ser contra o aborto mas a favor da redução da maioridade penal.
É chamar o Lula de bêbado e ser eleitor do Aécio.
É dizer que Lulinha ficou bilionário com falcatruas de seu pai mas não dar a mínima pro apezinho de 50 milhões de dólares de FHC no centro de Paris comprado com aposentadoria de professor de estado.
É mandar comunista pra Cuba mas nunca pro Uruguai.
É chamar empresários bilionários de "vencedores" mesmo sendo explorado por estes.
É chamar opositores de "esquerda caviar" porque não conseguir compreender que há gente com dinheiro que não compactua com as injustiças capitalistas.
É reclamar do dólar de hoje a 4 reais desconsiderando que em 2002 ele custava quase 8 reais com a correção inflacionária.
É gritar pela derrubada de um governo democraticamente eleito e pedir a volta dos militares mas dizer que comunista é que gosta de regimes autoritários.
É ser fã do Mujica e do Mandela mas desconhecer que ambos foram guerrilheiros comunistas.
É adorar o Bolsonaro mas... bem, pra quem adora o Bolsonaro não há nenhum "mas" que salve.
Se de direita é muito louco, meus queridos.

MIKIO, 65; BH, 0270202013; Publicado: BH, 0280902015.

Penso que o que deveríamos entender é
Que a cada dia que passa caminhamos
Mais ao lado da morte estamos mais ao
Lado dela a cada segundo a morte se
Aproxima mais dos nossos calcanhares
Quanto mais pulamos na tentativa de
Livrar-nos como uma sombra a morte
Está sempre a arfar nas nossas nucas
Passou da hora de despirmos das nossas
Vaidades despirmos das nossas
Intolerâncias passou da hora de
Rasgarmos as nossas vestes nos
Cobrirmos com cinzas nos vestirmos
De estopas panos de chão compensa
Morrermos em vão? com a mesma
Ignorância ou estupidez que adquirimos
No decorrer da vida? compensa teimarmos
Na mediocridade? não apresentarmos
Nenhuma perplexidade diante da nossa
Pequenez? vamos crescer para a morte
Ter bastante trabalho na hora de nos
Levar vamos ter a consciência imensa
Infinita lembrança para que a morte
Fique bastante cansada ao nos carregar
Se formos fluidos flatos seremos uma
Heresia para a morte num sopro
Nos levará então transformemo-nos
Em montanhas rochosas em desfiladeiros
De pedreiras para que pense duas
Vezes antes de mexer conosco façamos
De nossos pensamentos firmamentos
De nossas obras infinitos quando a
Morte der o bote o grito quem se assustará
Será a própria sigamos sem orgulho vaidade
Desamor sigamos sem soberba ambições
Com a morte debaixo dos nossos tacões

MIKIO, 66; BH, 0270202013; Publicado: BH, 0280902015.

O pensamento é para ser petrificado
Gravado com fogo na pedra se
Não sair fogo da ponta do dedo
Gravar com sangue fresco o pensamento é
Mina de nióbio platina é aço inox
Não admite nem ferrugem nem
Fuligem o pensamento é de material
Que compõe as rochas da explosão
Do caos não pode ser deteriorado
Danificado desestruturado os
Pensamentos são alicerces de montanhas
Sedimentos de cordilheiras bases de
Morros elos de constelações aprimoramentos
De galáxias pontes para os espaços
Siderais os pensamentos não são cerebrais
Físicos fisiológicos orgânicos elementares
Inorgânicos são o contrário do que são raros
Retos paralelos sem os pensamentos
Os universos não teriam sentidos não seriam
Palpáveis pulsantes pulsares os pensamentos
São bisturis são cirúrgicos siderúrgicos
Siderais não comportam-se dentro
Dum pequeno cérebro não têm atitudes
Se ficarem adormecidos guarnecidos
Dentro dum útero de caixa craniana
Na placenta dum crânio neandertal
Só um cérebro com má formação com
Cavername cerebral deixa os pensamentos
Nos breus das cavernas mas, no cérebro arejado,
São, sadio, sarado o pensamento é
Gerado logo dado à luz para seguir
Vida própria imortalizar-se
Driblar a morte pequena a morte
Que nunca valerá à pena

domingo, 27 de setembro de 2015

MIKIO, 67; BH, 0270202013; Publicado: BH, 0270902015.

Porra cacete caralho estou a ficar velho
Chato desbocado meu rabo já parou
De arder o ovo que estava a botar
Recolheu-se agora só as dores da
Ossada envelhecida dentes na boca
Não há mais só as crateras tais as que
Os meteoritos os meteoros deixam
Na lua nos planetas da visão só o
Sentimento de galo velho cego sem
Quintal que para a panela não vai
Devido possuir carne tão envelhecida
Estragada dos trapos ficaram os
Farrapos os andrajos outrora uns
Fatos domingueiros dos aromas um é
O indefectível mau cheiro de inhaca que
Cada rabugento carrega a outra é a tal
Da catinga que habita corpo morto é o
Bodum característico que afugenta até
As moscas se tropeço é um palavrão
Puta que pariu é palavra de baixo calão
Que na boca velha vira oração velho
Que se preza não fica a bater queixo de
Terço nas mãos em bancos de igrejas
A ouvir ladainhas de padres sem futuro
Quando vem flatulência a pensar que
É de ar seco vem é borra de geleia
É um Deus nos acuda principalmente
Se estiver dentro de ônibus lotado
Os passageiros começam a sentir os
Sintomas do borreiro porra cacete
Caralho estou a ficar velho um gato
Velho borralheiro de botas furadas

MIKIO, 68; BH, 01º0302013; Publicado: BH, 0270902015.

Afastas qualquer um de ti não só
A mim constatei afastas tudo de ti
Sentis repulsas queres estar sozinha
Reprimes repeles peles constato de
Fato o universo foge de ti o vento
Muda a rota a chuva o itinerário a
Flor não exala mais perfume o
Amor exila-se para uma ilha fantasma
Invisível que destino traças para o
Futuro? não vives o presente nem
Gostas do passado nesse conceito
Sem perceberes não vives segues
Um caminho tortuoso de contra
Com a felicidade chocamos nossos
Corpos em rochedos salientes
Nacos de nossas carnes ficam
Perdidos nos escolhos nossos
Corpos seguem despedaçados sem
Encontrar uma ao outro são corpos
Acéfalos um sem falo o outro sem
Talho os organismos não destilam
Seivas libido néctares os botões
Das blusas não se abrem os lençóis
Não ficam amarrotados as vestes
Não ficam mais amassadas com
Suores odores aromas aquela
Fragrância especial aquele cheiro
Inebriante dão lugar ao mofo a
Colônias de ácaros não temos
Mais paciência perdemos a
Tolerância o que era ontem
Hoje não é mais amanhã nunca
Será nervos à flora da pele
Estresses pânicos depressões
Queres estar sozinha na solidão
Continuas a afastar qualquer
Um de ti até quando? nem tu
Sabes a resposta

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

MIKIO, 69; BH, 030302013; Publicado: BH, 0250902015.

A mão direita pega a caneta entre os
Dedos polegar indicador maior de
Todos a desliza pelo papel a mão é
Minha os dedos são meus o papel é
Meu a caneta é minha mas não
Tenho conhecimento da trama que
Estes cinco aprontam não sei o que
É deixado nas linhas desta página
Ao deslizar da mão dormente a mão
É movida mas não é por mim sou o
Que não sou meu o que fazem
Independe da minha vontade é no
Além que um dia releio o que
Estará escrito aqui é na vida após a
Morte na reencarnação que tomarei
Conhecimento do que faz esta mão
É uma mão autônoma guiada pelos
Sopros dos ventos pelos balanços
Das ondas do mar pelos encantos
Das noites das madrugadas dos
Silêncios um dia alguém me
Perguntará escreveste isto? terei
Que responder não quem escreveu
Foi está mão que tem vida própria
Mão de fantasma mão de espírito
Mão de ente mão de entidade
Menos mão de gente é uma mão
Cheia de vícios mão de Onã
Viciada transviada corrompida
Corrupta corruptora escreve
Como se fizesse alguém vomitar
Como se estivesse a estrangular
A caneta a apertar o pescoço de
Algum peru para a ceia do dia de
Ação de graça incontinente se
Sacia com estes arroubos dementes

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

MIKIO, 70; BH, 030302013; Publicado: BH, 0240902015.

Catapora na taquara poca sarampo
Caxumba espinhela caída quebranto
Cobreiro bicho de pé sarna berne
Tiririca ramela dor dói frieira
Coqueluche furúnculo carnegão
Pescado na linha clara de ovo
Batida para queimadura calango
Areia de rio arapuca estilingue
Pelota bolota bolinha de gude
Bola de meia capotão pelada
Campinho capitão limão para
Tirar bafo de cigarro fumado
Escondido de noitão suco de cana
Jurubeba cinzano martini não sei
Não padre nosso ave maria terço
Credo em Deus Pai rezas de
Minha avó ramo de arruda da
Guiné na mão cigarro de palha
No canto da boca cachaça no
Cospe grosso do balcão copo
Sujo na mão prova no grupo escolar
Hora de interromper a prova
Tua avó veio te buscar dizia a diretora
Baixinho ao meu ouvido na sala
De aula no portão da rua
Minha avó toda alegre a ir para
Casa comigo não me deixava
Apanhar acodia-me em nome
De todos os santos santas que
Conhecia a minha mãe por
Perceber a nossa parceria mais
Batia-me dá um golinho aí
Minha avó uma pitadinha
Também depois pego na venda
Ou compro no armazém

MIKIO, 71; BH, 030302013; Publicado: BH, 0240902015.

São três marias fora das constelações
Universais desprendidas das galáxias
Siderais fora das abóbadas celestiais
Não comungam auroras boreais pontos
De vistas confabulações opiniões são
Três virtudes anônimas irmãs das
Fúteis das inúteis das praticidades
Superficiais não caem do céu para a
Terra nem sobem da terra para o céu
Latejam nas pedreiras de lajedos
Labutam pelo pão pela água
Trabalham por seus maridos tais as
Mulheres de Atenas vivem de fatos
De boatos corriqueiros das vidas
Alheias próprias impróprias cantam
Hinos de louvores nas igrejas rasgam
As poesias das Flores do Mal as
Páginas dos livros espíritas em
Cumplicidade com a inquisição Hitler
Mussolini as mais chumbadas
Ditaduras pedem a Deus dum tudo
Dum nada mesmo saciadas
Dum tudo dum nada de fome
De desejos ignoram desprezam
Indiferentes iludem-se na tentativa
De serem diferentes sempre do
Contra perdem para não dividir
Não ganham por medo de jogar
Pregam o medo o temor ao pecado
Não abrem mão da vida material
Escravocrata contraditórias contam
Histórias não fazem história
Surrealista barroca rococó gótica
Enquadrada em todos os estilos
Não se conhecem entre si não
Conhecem a si mesmas não
Conhecem o conhecido nem o
Desconhecido não desconfiam
De nada nem duvidam de tudo

MIKIO, 72; BH, 030302013; Publicado: BH, 0240902015.

Quando curar-me sarar-me
Acordar sarado todos os meus
Problemas estarão resolvidos nasci
Determinado a ser doente a não
Ser ser a nem ser gente mas a
Culpa não é minha nem sei
De quem é quero é procurar pôr um
Fim a este prolongado tempo
De paciente sem maca sem UTI sem
Médico sem hospital todos os remédios
Já ingeri todas as injeções já
Apliquei comprimidos xaropes
Garrafadas o que foi possível usar
Para acelerar minha cura usei
Tornei-me foi cada vez mais
Doente todo dia quando acordo de
Manhã penso será que hoje acordei
Curado? logo fico assombrado
Assustado um paciente terminal
Que teima em sobreviver se não
Tem o direito nem de viver como
É difícil se curar dessas doenças que
Atacam-nos desde o dia do nascimento
Quando vou dormir penso bem
Amanhã com certeza devo acordar
Sarado são curado livre de todas
Estas doenças que tornam-me um
Paciente sem paciência impaciente
Logo descubro que acordei pior do que
Dormir não dormi não sonhei
Vivi pesadelo a noite toda deitado
No desconfortável velho sofá da sala
Sonâmbulo cheguei ao trabalho
Inconsciente voltei à casa
Lá estavam todos impacientes

terça-feira, 22 de setembro de 2015

MIKIO, 73; BH, 030302013; Publicado: BH, 0220902015.

Nunca parei de chorar nunca
Pararei de chorar gosto de perguntar
Como fazer para parar-se de chorar? sinto
Tantas pessoas alegres sou tão triste
Percebo tantas pessoas tão felizes sou
Infeliz noto quanta gente bem
Sucedida sou mal sucedido
Inda conheço seres senhores de
Si seguros garantidos confiantes
Sou tão vacilante nunca pararei
De chorar por causa disso procuro um
Motivo para consolar-me não o
Encontro choro, pois não quero
Nada do que todos querem se tivesse
O desejo de ser igual a todo mundo
Com certeza seria feliz igual a todo
Mundo não quero nada do que
Todos querem nem tenho nada
Do que todos têm tenho é choro pranto
Lamentação dor mas sei que tudo
Isso não passa de demagogia é pura
Demagogia o meu sofrimento é o puro
Real fisiologismo que passa com o
Primeiro copo de cerveja bem gelada
Com a primeira dose da cachaça da
Forte boa baforada estou igualzinho a
Todo mundo embriagado pelas futilidades
Inutilidades da vida; no primeiro
Copo de da roça curtida na semente
De sucupira lá se vão todos os
Meus males vãs é tiro queda
Bêbado vejo-me em todos os
Felizes realizados don juans
Garanhões galanteadores aí vem
A hora não a que fere mas a que
Mata tenho que passar a ser sou
Mesmo nunca pararei de chorar

MIKIO, 74; BH, 030302013; Publicado: BH, 0220902015.

Ontem foi um dia promissor de grande
Utilidade muito Philip Glass Johannes
Sebastian Bach Heitor Vila-Lobos
Para fechar a ópera Aida de Giuseppe
Verdi completa um dia ganho duma
Tacada todos os dias como ganhei o
De ontem que não foi perdido nem
O perdi repito alguns títulos das
Músicas de Philip Glass fizeram-me
Lembrar de Nietzsche outros de
Wagner imagino que deveria
Ter um vasto conhecimento desses
Dois gênios Vila-Lobos o nosso gênio
Nacional sempre nos encanta em
Qualquer de suas obras ontem para
Bach foi dia das Suítes para Violoncelo
Solo obras-primas inconfundíveis
Que dispensam os mais geniais
Comentários são maiores de que
Quaisquer pensamentos passar um
Sábado assim cercado por essas almas
A sentir esses espíritos nas suas
Criações são momentos impagáveis
Qualquer monumento que for
Erigido a esses imortais fica
Finito devido à eternidade que
Representam Aida de Verdi com
Pavaroti novinho em folha no
Auge é outro tesouro de calibre
De posteridade a mim resta-me
Agradecer por ter esta oportunidade
De poder ao gozar essas obras-primas
Fazer parte dos sonhos desses criadores
Que com certeza fizeram-nas ao
Pensarem em mim na certa ou na cesta

MIKIO, 75; BH, 030302013; Publicado: BH, 0220902015.

Para quem tem vontade de poder
Vontade de potência vontade de fazer
A vida já não é nada fácil
Para quem não tem vontade de
Poder nem de potência nem
De fazer? como é a vida para
Quem não tem vontade nem
De ter vontade? ou a vontade de
Estar no desânimo? é só o estado de
Inércia repouso sem estar cansado
Cansado por estar em repouso o
Combustível para o que tem vontade
É o amor é o amor que é a vontade
De poder de potência de fazer é o
Amor que não é a pilha queimada
Nem a bateria arriada quem
Não ama é assim sem coragem até
Para viver sem ânimo para fazer
Sem tesão para existir percebo que
Não amo nasci sem amor a vida
Para mim não podia ser fácil
Tenho medo da vida tenho medo
Do amor tenho medo de amar não
Trabalho direito não divirto-me
Quando bebo é uma sede sem fim
Para afogar o que resta dentro sou
Filho de mulher de fibra sou filho
De homem que lutou até contra a
Ditadura era para ter herdado
Essas qualidades deles mas não
Soube honrá-los não posso querer
Imitá-los então meus dias como
Dizem as tradições não serão
Prolongados tanto quanto os deles
Deixarei em breve a terra santa

MIKIO, 76; BH, 030302013; Publicado: BH, 0220902015.

Perambulei pala praia esbodegado
O vento não animou-me as
Ondas não fizeram-me dançar
Sorumbático caminhei pela areia
Meditabundo fitei o horizonte não
Conseguia sorrir queria só
Chorar o choro não veio fitei
O azul do mar como meu coração
É pequeno meu olhar curto
Ouvidos moucos era o universo
A querer fazer-me reanimar
Prestava-me o que melhor tinha
A oferecer-me ingrato segurei
Desprezei ignorei inclusive
Um barco estava ali à disposição
A brisa movia-me envolvia-me
Enlevava-me farrapo rolei
Igual rola a moinha que o vento
Leva desistiram de mim o
Azul ficou mais azul a areia mais
Branca as ondas mais ondas
O mar mais mar o universo
Mais universo tudo a agradar-me
O firmamento achegou-se mais
De perto toquei-o com as pontas
Dos dedos não é possível que
Teimas em não ressuscitar
Arrepiei-me calafrios
Correram-me a pele tremia
Quando dei o grito de liberdade
Ao infinito passava-se já de
Tantas horas as horas que
Sabem ferir aos que não sabem
Viver o sol a pino nenhuma
Nuvem no no céu vi um corpo
Estendido na areia era o meu enfim
Em casa levantei-me saudei
O universo segui o meu caminho

MIKIO, 77; BH, 030302013; Publicado: BH, 0220902015.

O leitor quer ler pouco ou quase nada
Ou não quer ler penso que a maioria
Não queira ler sem leitor não há
Escritor com leitor que ler pouco
Com leitor que não ler resta ao escritor
Escrever pouco ou não escrever o
Escritor escreve pois o prazer de
Escrever é maior do que o de ler
Penso que também leio pouco quase
Não leio ou não leio nada a nossa
Sociedade é assim é a tradição o
Costume pouca leitura para atrair o
Leitor de hoje o livro tem que ser fino
De poucas páginas mesmo quase sem
Letras sem palavras a escrita a mais
Transparente possível nada que faça o
Leitor  ter que pensar pois aí
Desiste de ler nada de enredo
Complicado texto intrínseco
Intrigante até o Woody Allen já disse
Que leu poucos livros os que leu
Eram finos que se fossem grossos
Não os teria lidos um gênio o Woody
Allen vi poucos filmes dele não
Fazem-me nenhuma falta mas sem a
Escrita penso que deixo de ter o que
Tenho a escrita não sou lacônico
Conciso nem gosto de ser lacônico
Conciso prefiro ser prolixo
Justamente para treinar acostumar-me
Mais com a escrita à mão sem papel
Caneta perde-se totalmente a graça
Se pudesse encontrar um meio que
Incentivasse a leitura usaria mas não
O tenho pois quem se envolve com
Leitura com escrita não se envolverá
Com coisas desagradáveis se soubesse
Passar às pessoas o que o prazer de
Escrever o que é o prazer de ler juro
Que o faria sem segredo nenhum

MIKIO, 78; BH, 030302013; Publicado: BH, 0220902015.

Não chamarei a atenção passarei
Incólume anônimo pela multidão
Pois não chamarei a atenção não
Despertarei interesses passarei
Sem acordar ninguém não farei
Barulho por um punhado de letras
Alarde nem gritarei por bocado de
Palavras quem ecoam os gritos
São os desfiladeiros que são
Largos profundos minha
Garganta não ecoará nada continuo
Com a boca seca engoli toda a
Saliva a língua está áspera parece
Língua de gato ou de gado cheia
Reentrâncias não tomarei o
Remédio receitado pelo médico
Sou do tempo da bruta quando
Remédio era muito alho muita
Cebola limão pimentão pimenta
Salsa coentro cebolinha couve
Taioba mel cachaça conhaque
Vinho não tomar remédio por
Nada remédio mais estraga do
Que cura já sou muito doente de
Longo tempo não farei algazarra 
Nem conflito quero curar-me
Mas com o que a natureza pode
Oferecer-me como o que
Curava-me a minha avó
Sabia de muitas curas era
Rezadeira benzedeira sempre
Dava certo não atiçarei a galera
Na galeria na gare não pegarei
O trem da história deixarei aos
Que querem visibilidade quero
Sótão porão estar debaixo do
Assoalho bem ao meu estilo no
Rés do chão quieto na moita
Mudo estreitar a moda a brotar
O botão a abrir a flor a florir o
Fruto na árvore do pomar estou
Ao Deus dará não chamarei a
Atenção deixa lá como está cá

MIKIO, 79; BH, 050302013; Publicado: BH, 0220902015.

O homem precisa ligar-se à terra estar
Envolto na terra não só voltar à terra
Depois de morto o homem precisa
Conhecer a terra suas tripas suas
Entranhas seus organismos seus
Intestinos suas medulas seus tutanos
Suas veias suas seivas seus subterrâneos
O homem veio da terra nasceu da terra
Do pó de poeira da lama do barro
Precisa voltar às suas raízes enquanto
Vivo precisa se mumificar na argila
No barro branco na tabatinga enquanto
Vivo depois de morto seus restos
Mortais só irão poluir a terra o home
Precisa comer a terra possui-la
Engravidá-la para continuar o seu
Nascimento do útero da terra se o
Homem estuprar a terra violentá-la a
Terra deixará de ser mãe sangrará
Não nos deixará mais leite mel o
Homem precisa navegar nas veias da
Terra conhecer suas seivas seus
Sangues resinas líquidos âmbares
Quando for fossilizado na terra num
Futuro remoto o seu esqueleto for
Encontrado que o DNA do homem
Seja o da terra o da terra seja o do
Homem de tão intrínsecos que foram
O homem há de engendrar a terra
Pois a terra engendrou o homem
Deu-lhe resistência poder potência
É necessário que o homem conheça
O coração da terra suas palpitações
Suas pulsações suas sístoles suas
Diástoles suas oscilações esta bela
Terra abençoada estou planeta mais
Belo que se tem notícia estalagem
De todos os deuses esta terra que o
Mala homem deveria amá-la como
Ama-se a uma mulher como se
Ama a si próprio

MIKIO, 80; BH, 050302013; Publicado: BH, 0220902015.

Antes da morte chegar lavrarei meu
Testamento nesta escritura de
Emaranhado de letras palavras
Isto é simplesmente para enganá-la
Anda ávida a beber o meu sangue
Desencarnar-me a descarnar-me a
Desossar-me faço testamento para a
Morte pensar que já estou perto de partir
Mas meu caso é prolongar-me neste
Testamento para iludi-la da melhor
Maneira possível envelheci rapidamente
Sempre ronda-me como uma ave de
Rapina abutre do ombro do barqueiro
Caronte urubu de teto de casa
Mal assombrada para distraí-la
Imortalizo-me nestas letras pobres
Nestas palavras vãs mas que poderão
Ter um efeito ilusório de prestidigitador
De falso taumaturgo de pseudo
Testamenteiro inventariante inventador
Não quero acabar meus dias igual
Ao filho do Cachimbo que quando
Cachimbo morreu do coração ficou a
Perambular largado pelas ruas da
Cidade a última vez que vi o filho do
Cachimbo andava de costas só
De cuecas todo encardido de tiriricas
Pela contramão da Rua do Rezende
Não quero acabar meus dias assim
Loucamente mais louco do que já sou
Uso palavras de demente uso letras
De bêbado frutas da insanidade que
São para a morte uma volta nela se
Outros quiséreis bisbilhotá-las não
Façais cerimônias achegai a tempo

MIKIO, 81; BH, 050302013; Publicado: BH, 0220902015.

Quando a engrenagem emperra
Nenhuma flor nasce no asfalto um
Solo de violoncelo não é ouvido numa
Tarde ou o vento que acompanha
A chuva não nos encanta quando a
Engrenagem emperra a borboleta
Não nos visita a andorinha não
Faz festa o calango foge do muro
De repente tudo quando a engrenagem
Emperra tem o sabor do nada o menino
Chora a mão da mãe não o nina o pai
Não sai para trabalhar o marido está na
Farra as igrejas enchem-se de fieis
Adeptos os bares ficam vazios os bêbedos
Recolhem-se mais cedo há uma expectativa
No ar de nenhuma expectativa no ar os
Elementos corroem as entranhas os
Canibais modernos fazem festins com
A nossa carne não sobra nada no
Butim do organismo quando a engrenagem
Emperra o leite é derramado a vaca vai
Para o brejo a porca torce o rabo o político
Lava a égua mim dei bem com as
Verba indenizatória do orçamento impositivo
Das emendas as almas que cobram perfeição
Doutras almas dão de cara com as
Próprias imperfeições quando a engrenagem
Emperra o sino não dobra o cachorro
Não late a galinha não cisca no
Quintal o galo não canta no terreiro
A lavadeira não estende a roupa
No varal não há óleo lubrificante
Quando a areia monazítica emperra
A engrenagem da ampulheta

MIKIO, 82; BH, 050302013; Publicado: BH, 0220902015.

Como é que pode? não sai nada uma
Gota de suor uma gota de sangue
Uma gota de saliva como é que pode?
A fonte secou secou o riacho secou o
Regato como é que pode? nenhum copo
D'água nenhum balde d'água secou
A cisterna secou a cacimba o açude
O ribeirão nenhuma lágrima sequer
Nada nem uma única gota de coriza de
Sereno ou de orvalho até o mar secou
A brisa parou a maresia dispersou-se
Como é que pode? aonde foi parar a
Chuva? cadê a garoa? a plantação
Precisa d'água a criação precisa
Beber as criaturas que se saciam com
Lágrimas querem lágrimas as que
Degustam sangue querem sangue
Como é que pode? nenhum cálice de
Vinho odre de azeite caneca de leite
Secou o ar a umidade nada mais tenho
Para molhar o olhar lubrificar o óleo
Para untar secou as cartilagens
Enrijeceram os meniscos viraram pedras
Como é que pode? querer um desejo não
Ter mais desejo querer um gozo
Não ter como sacia-lo secou-se a
Matéria desligou-se a energia a
Vida secou-se era tão vida tão viva
Doce a azedar-se assim duma
Hora para outra somos todos máquinas
Robôs autônomos teleguiados
Somos todos movidos à molas
Cordas secaram-se os sentidos
Pulverizaram-se os sentimentos a
Razão dorme do sono despertam-se
Os monstros que nos habitam em
Pesadelos secou-se o sonho

CHORA CAMBADA DE GOLPISTAS SEM FUTURO:

Posted: 21 Sep 2015 10:57 AM PDT
selo_onuCom informações das Nações Unidas
A presidenta Dilma Rousseff chega ao Estados Unidos nesta sexta-feira (25) para participar da Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável. Durante três dias, cerca de 150 líderes mundiais participam das discussões sobre o tema, na sede das ONU, em Nova York. O debate tem como objetivo traçar novas metas para o desenvolvimento sustentável. A agenda servirá como plataforma de ação da comunidade internacional e dos governos nacionais na promoção da prosperidade comum e do bem-estar para todos ao longo dos próximos 15 anos.
Acordada pelos 193 Estados-membros da ONU, a agenda proposta, intitulada “Transformando Nosso Mundo: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”, consiste de uma Declaração, 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e 169 metas, uma seção sobre meios de implementação e uma renovada parceria mundial, além de um mecanismo para avaliação e acompanhamento. A expectativa é que os países participantes ratifiquem as propostas.
Presidenta Dilma discursando na ONU em setembro no ano passado, na Cúpula do Clima das Nações Unidas. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR Presidenta Dilma discursando na ONU em setembro no ano passado, na Cúpula do Clima das Nações Unidas. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
A agenda é única em seu apelo por ação a todos os países – pobres, ricos e de renda média. A pauta reconhece que a erradicação da pobreza deve caminhar lado a lado com um plano que promova o crescimento econômico e responda a uma gama de necessidades sociais, incluindo educação, saúde, proteção social e oportunidades de trabalho. Além disso, contemplar mudanças climáticas e proteção ambiental. Ao mesmo tempo, engloba questões como desigualdade, infraestrutura, energia, consumo, biodiversidade, oceanos e industrialização.
A nova agenda de desenvolvimento sustentável se enquadra no êxito do resultado da Conferência sobre o Financiamento para o Desenvolvimento, recentemente concluída em Adis Abeba (Etiópia). Espera-se que ela também afete positivamente as negociações sobre um novo acordo climático significativo e universal, que acontecerá em Paris (França), em dezembro deste ano.
Em declaração emitida após o consenso dos estados-membros sobre o documento final, da Cúpula, o secretária da ONU, Ban Ki-moon, destacou que a agenda é um “um plano de ação para acabar com a pobreza em todas as suas dimensões, de forma irreversível, em todos os lugares, não deixando ninguém para trás“.
Assembleia Geral da ONU
Depois da Cúpula, começa o debate de alto nível. Na segunda-feira (28), a presidenta Dilma Rousseff vai abrir a 70ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU). O Brasil, por tradição, é responsável pelo discurso de abertura da sessão. Desde 1947, os olhos do mundo inteiro estão atentos e voltados para os pensamentos brasileiros que abrem as discussões.
Posted: 21 Sep 2015 04:00 AM PDT
Agenda presidencialNesta segunda-feira (21), a presidenta Dilma Rousseff participa da reunião de coordenação política, marcadas para as 9h, no Palácio do Planalto.
*Agenda sujeita a alterações ao longo do dia. Para atualizações, acesse o Portal Planalto.

domingo, 20 de setembro de 2015

MIKIO, 83; BH, 050302013; Publicado: BH, 0200902015.

Um dia voltarei à cidade onde nasci
Andarei nas ruas em que andei pisarei
No chão que pisei banharei nos rios
Irei ao grupo escolar onde estudei
Recordarei das minhas professoras
Visitarei as igrejas a Matriz o
Automóvel Clube passearei pelas praças
Antigos cinemas o local onde era
A zona das primeiras gonorreias um
Dia voltarei à cidade dos meus quintais
Terreiros encruzilhadas andarei
Descalço nas ruas de paralelepípedos
Beberei cachaça no mercado comerei
Carne seca queijo frescal sentarei no
Parapeito da ponte visitarei os bairros
Da minha infância atravessarei a
Rio/Bahia pararei à beira do berço
Da velha Bahia Minas lembrarei do
Da velha maria fumaça apitadeira
Meu velho pai ferroviário revolucionário
Da minha mãe a ninhada de filhos do
Mingau de milho verde dos caminhões
De lenha a serem descarregados das
Minhas madrinhas sentirei saudades
Das minhas namoradinhas sei que
Chorarei beberei mais ficarei de
Porre pegarei um fogo como naqueles
Velhos tempos terei muitas recordações
Lembranças memórias boas ruins
Olharei para as casas onde morei no
Pau Velho nos Velhacos farei
Embaixadinhas nos campinhos de
Peladas sim um dia fantasmagoricamente
Visitarei a cidade onde cresci descansarei
À sombra duma gameleira mal assombrada
Ou ao pé duma sepultura em silêncio no
Cemitério do alto do morro

MIKIO, 84; BH, 070302013; Publicado: BH, 0200902015.

Coração esfaqueado no peito traspassado
Por estaca de madeira corpo baleado por
Bala de prata espectro dissecado alma
Autopsiada todo surrealismo do sobrenatural
Decomposto numa tarde declinante de
Delírio extremo voz perdida no primeiro
Grito as tripas as primeiras a acusarem
O sentimento os intestinos a perderam
Os sentidos a pele foi costurada ao
Avesso a incisão suturada com fios de
Cabelos um boneco moldado que é
Um Frankenstein com veias abertas de
Sangue coagulado a trocar de rosto a
Trocar de perfil a fazer transplante de face
Não garante ao espantalho um rosto o
Fantasma fica sem ar aspecto semblante
Num círculo vicioso a pele da alma
Quer reencarnar outra pele o ente baixar
Noutro ente todas as entidades
Chamadas por tambores pedem manadas
De corpos para possuírem haja cavalos
Bípedes para tantas legiões é parar com
Os tantãs pandeiros atabaques todos
Para os seus limbos já que teimosia que
Cheira à rebeldia não há mais corpos
Que agregação à vida é essa? não há mais
Entranhas larga esse pedaço de osso aí
Cão sem dono vira-lata não se incorpora
Em ossada esqueleto larga essa caveira
Aí tuas bestas não se faz mais nada com
Esse amontoado de ossos envelhecidos

sábado, 19 de setembro de 2015

MIKIO, 85; BH, 070302013; Publicado: BH, 0190902015.

Nunca mais falei de amor
Depois de certo tempo não
Se fala mais de amor que 
Coisa mais fora de moda
Piegas arcaica ultrapassada
Que coisa atrasada abrir a 
Boca no salão a falar do 
Amor que há no coração
Nunca mais falei de amor
Ou ouvi falar de amor que
Coisa estranha complicada
Complexa amar ainda há
Lugar? em que tempo se
Julga este verbo? em qual
Pessoa em qual voz? amor
Saudosos tempos em que
Se cantava louvava orava
Ao amor nostálgicos dias de
Verão noites de primavera
Madrugadas de inverno
Tardes de outono em que o
Amor era patrono os carnavais
De outrora nos quais todas as
Marchinhas eram dedicadas ao
Amor das senhoras não quero
Viver estes tempos de agora
Tenho saudades do vento
Que trazia notícias da flor
Em cada pétala escrita amor
Até em Deus se falava sem
Interferência de padres ou
Comunhão de pastores o
Amor era grande infinito
Era eterno durava mais do
Que isso hoje nasce de manhã
Morre de noite 0u nasce de noite
Morre de manhã o amor hoje é de
Hoje não é o de ontem nem será
O do amanhã o manhã será um
Outro amor que ficará velho no
Entardecer nunca mais ouvi falar
De amor ou ouvirei falar de amor
Falar de quê? de amor estou a falar
De amor direi que nunca mais
Falei de amor nunca mais amor

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Mendigo sapiens de sapiência a mendigar; BH, 0180902015; Publicado: BH, 0180902015.

Mendigo sapiens de sapiência a mendigar
Ciência paciência paciente de tolerância
A ter fé na esperança de que a luz do
Sol que brilha no vale amanhã trará
Bonança todo ser será bem-aventurado
Mesmo que seja refugiado em terra estranha
Estado perseguido de noite de dia
Passageiro da ânsia da agonia flagelado
Navegado em mares encapelados que
Desemboca em praias forasteiras onde o
Corpinho jaz por tudo que o capitalismo
Faz embrutecer nações estupidificar
Religiões neoliberalizar sistemas dominantes
Escravocratas colonizadores marcha de
Horrores zumbis escamoteados nos derredores
Das fronteiras muralhas erguidas de
Concreto aço braços armados
Cães de dentes afiados crianças
Chutadas velhos pisoteados mulheres
Secas que só têm a oferecer os próprios
Corpos ou os das filhas ou os das netas
Em busca duma outra salvação
Que não seja a eterna a temporária
Que atenue um pouco a aflição
Querem ser aceitos por um pedaço de
Pão um pouco d'água um espaço de
Chão ao fim da tormenta voltarem
Ao torrão agradecidas com a certeza,
De que num futuro se a situação for
Inversa farão de tudo para retribuírem a
Acolhida bem recebida ninguém quer
Ficar longe da pátria ser enterrado em
Terra que não seja a sua ou ter o
Coração plantado noutro chão

BLOG DO PLANALTO:


Link to Blog do Planalto

Posted: 18 Sep 2015 01:07 PM PDT
Em mensagem divulgada pelas redes sociais nesta sexta-feira (18), a presidenta Dilma Rousseff manifestou repúdio contra o crescimento do preconceito e da intolerância no País. Segundo ela, o “ódio não é liberdade de expressão”, e para o convívio em sociedade é preciso respeitar as diferenças.
“O ódio não é liberdade de expressão. Uma sociedade que se pretende civilizada deve aprender a conviver muito bem com as diferenças, deve aprender a tolerar as divergências culturais e de pensamento. O Brasil sempre foi um País pacífico, fraterno e tolerante. Se quisermos ser um País cada vez mais civilizado, devemos honrar essa nossa tradição”, diz o comunicado.
No vídeo, a presidenta expressa “repúdio a toda forma de ódio contra quem quer ou o que quer que seja”. E acrescenta que o governo seguirá combatendo a “xenofobia e qualquer tipo de intolerância”, bem como “seguirá combatendo o racismo, a homofobia e a violência contra as mulheres”.
Dilma também declarou que o Brasil sempre foi conhecido mundialmente pela alegria e fraternidade de seu povo. “No mundo inteiro, nós, brasileiros, somos bem acolhidos porque enxergam em nós o espírito de paz, de amizade e de confraternização”.
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quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Desisto prostrei-me ao pé do cadafalso apertei; BH, 0160902015; Publicado BH, 0170902015.

Desisto prostrei-me ao pé do cadafalso apertei
O nó da forca ajoelhei-me à guilhotina onde
Depositei a cabeça no cepo diante do cesto
Debaixo da lâmina a turba delirava não pensava
Que voltaria para sacrificar-me em nome da
Alegria desisto da tristeza de todo dia os dias
Não são alegres as noites são melancólicas as
Madrugadas são chorosas como choro nas
Portas das casas das ruas da cidade a parecer
Um refugiado fora da sua pátria a cada casa
Que quero entrar barram-me a entrada
Cercam-me os caminhos com cercas elétricas
De arames cortantes cães ferozes em mãos de
Homens armados perseguem-me pelas selvas
Desertos na fuga a qual não consigo terminar
Não paro por isso desisti aqui neste altar de
Sacrifícios não tenho sangue fresco só venoso
Contaminado não tenho lágrimas límpidas só
Turvas enegrecidas nem saliva posso oferecer
Cuspo em seco cinzas carvões sopros apagados
Num gesto, a turba silenciou-se algo apontava-me
Do alto desprezo tuas oferendas Caim caim caim
Caim lati em resposta mas eram ganidos dolorosos
De cão renegado onde estão os teus irmãos? por
Acaso sou guarda dos meus irmãos? não
Responda pergunta com pergunta sabes muito
Bem a resposta são irmãos vãos de mãe vã dos
Quais sou irmão vão a vida é vã Caim a morte é
Amada não vais morrer não serás amado pela morte
Que azar então o meu não terei nunca esta sorte

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

MIKIO, 86; BH, 090302013; Publicado: BH, 0160902015.

O sangue foi drenado para tingir as
Águas do rio Nilo as areias do
Deserto de Saara com bombas injetoras
De concreto as águas foram injetadas
Nas veias o coração endurecido ora
Arenoso terreno pedregulhozo oscila
Na diástole perestroica na sístole
Glasnost que velho coração sentimental
Deu lugar a um súbito coração de
Concreto? que peito moradia de
Sentidos abriu para a insensibilidade
A falta de nexo na fala do louco? o
Mal que causa a falta de ética na
Fala do lúcido o mau que causa o
Homem com Deus é maior do que
Causa o homem sem Deus em nome
Do Pai do Filho do Espírito Santo
Todas as aberrações são concebidas o
Bisonho papa é infalível esconde o
Maléfico a rede de contas secretas os
Imóveis secretos os segredos doutro
Lado dos muros em nome da fé da
Hóstia do oratório do altar a santa
Aparecerá em algum lugar é santa de
Zona do baixo meretrício? é santa da
Burguesia da elite da mais alta escala da
Esfera social o sangue misturado com
Areia sangue fluído da arena coagulado
É do touro ou é do toureiro? não fomos
Avisados fez-se pasta de sangue negro
Tijolo de muralha alicerce de catedrais
Uma parte firmou o firmamento
Outra parte embasou o fundo dos oceanos