Que queres tu de mim se nada tenho
A oferecer-te nem vontade? queres ânimo poder
Potência sou um deus falido não posso
Nem comigo mesmo mas se quiseres alguma
Coisa de mim tenho para oferecer-te não
É muito não não é nada mas posso oferecer-te
Nada quero de ti vil mortal alma mórbida
Espírito abalável ser quebrantado tudo
Que tens é descartável certo tenho carne não
É de primeira mas é carne tenho sangue
Sangue venoso contaminado mas é
Sangue tenho pele músculos nervos
Ossos tutanos medula não alimento-me
Disso alimento-me de almas nobres
Espíritos elevados seres iluminados entes
Entendidos entidades geniais desprezo todos
Os tipos de comidas orgânicas inorgânicas
Se ainda tivesses sabedoria discernimento
Inteligência poderias ajudar-me serias
O único caso dum mortal a ajudar a um deus
Mas és tão reles que nem a um deus
Moribundo igual a mim és capaz de salvar
Também já tive outrora o que os deuses
Tiveram fui quase um semideus pelo visto
Percebo que estamos os dois no mesmo barco
Que mais parece uma canoa furada não
Faças a mim mais orações não faço-te
Mais orações fiquemos combinados assim sou
O único deus que não deu certo que tem
A certeza que vai morrer sou o único
Mortal ao qual um deus pediu ajuda
Ambos já tivemos poder de vontade poder
De potência poder de querer hoje somos
Só dois velhos decrépitos senis caquéticos
Cheios de lamúrias a aborrecer outrem
Com lamentações se cada um ficasse
Quietinho no seu canto um a morrer lá
Outro a morrer cá mas estamos sempre
A incomodar um ao outro siameses
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