Nós, os pesquisadores da área do conhecimento,
Nos desconhecemos mutuamente,
Isso tem seu motivo específico.
Nunca nos procuramos , como haveríamos de nos encontrar algum dia?
Com razão foi dito:
"Onde estiver o seu tesouro, aí está vosso coração."
Nosso tesouro está hoje como que nas colmeias do conhecimento.
Para essas colméias nos dirigimos, como laboriosas abelhas
Que levam o mel do espírito, e de coração só nos
Propomos "levar" alguma coisa.
No que diz respeito à vida e às assim chamadas
"Experiências de vida", quem dentre de nós se preocupa a sério?
Ou quem tem tempo para isso?
Semelhantes assuntos jamais cativaram,
Desconfio, nem nosso interesse, nem nosso coração,
Nem sequer nossos ouvidos.
Mas assim como um homem distraido e
Absorto acorda sobressaltado, quando o
Bate com força as doze horas do meio-dia
A seus ouvidos, se pergunta:
"O que aconteceu?",
Assim também nós, depois dos acontecimentos,
Perguntamos, totalmente estupefatos e desconcertados:
"O que está acontecendo conosco? quem somos realmente".
E depois contamos, como foi dito, as tremulas horas
De nossa experiência vivida, de nossa vida, de nosso ser,
Ai de nós!, nos enganamos na conta...
É que somos precisamente estranhos a nós mesmos,
Temos que nos confundir com os outros,
Estamos eternamente condenados a esta lei:
"Não há ninguém que não seja estranho a si mesmo";
Nem a respeito de nós mesmo somos "homens de conhecimento".
Literatura e política. COLABORE, PIX: (31)988624141
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Nietzsche, Rimus Remedium, ou: como os poetas doentes se consolam, BH, 0230202010.
Feiticeira do tempo
De tua boca baba escorre
Lentamente uma hora após outra.
Em vão todo meu desgosto exclama:
"Maldito, maldito seja o abismo
Da eternidade!"
O mundo - é de bronze:
Um touro furioso - é surdo aos gritos.
A dor escreve com uma adaga voadora
Em minha perna:
"O mundo não tem coração
E seria loucura dele querer um!"
Derrama todas as papoulas,
Derrama a febre!
O veneno em meu cérebro!
Depois de muito tempo experimentas
Minha mão e minha fronte.
Que pedes?
O quê?
"A que preço?"
-Ah!
Maldita seja a jovem
E sua zombaria!
Não!
Volta!
Faz frio lá fora, ouço a chuva -
Eu deveria ser mais terno contigo?
- Toma!
É ouro: como a moeda brilha!
Te chamar "felicidade"?
Te abençoar, febre?
A porta se abre de súbito!
Chove até em minha cama!
O vento apaga a lamparina - miséria.
- Aquele que agora não tiver cem rimas,
Aposto, aposto,
Que vai deixar sua pele!
De tua boca baba escorre
Lentamente uma hora após outra.
Em vão todo meu desgosto exclama:
"Maldito, maldito seja o abismo
Da eternidade!"
O mundo - é de bronze:
Um touro furioso - é surdo aos gritos.
A dor escreve com uma adaga voadora
Em minha perna:
"O mundo não tem coração
E seria loucura dele querer um!"
Derrama todas as papoulas,
Derrama a febre!
O veneno em meu cérebro!
Depois de muito tempo experimentas
Minha mão e minha fronte.
Que pedes?
O quê?
"A que preço?"
-Ah!
Maldita seja a jovem
E sua zombaria!
Não!
Volta!
Faz frio lá fora, ouço a chuva -
Eu deveria ser mais terno contigo?
- Toma!
É ouro: como a moeda brilha!
Te chamar "felicidade"?
Te abençoar, febre?
A porta se abre de súbito!
Chove até em minha cama!
O vento apaga a lamparina - miséria.
- Aquele que agora não tiver cem rimas,
Aposto, aposto,
Que vai deixar sua pele!
Nietzsche, Um louco em desespero; BH, 0230202010.
Ai de mim!
O que escrevi na mesa e na parede,
Com meu coração de louco, com minha mão de louco,
Devia decorar para mim mesa e parede?...
Mas vocês dizem:
"As mãos de louco rabiscam,
É preciso limpar a mesa e a parede
Até que o último traço tenha desaparecido!"
Permitam!
Vou dar-lhes uma pequena mão -
Aprendi a utilizar a esponja e a vassoura,
Como crítico e como homem de trabalho.
Mas quando o trabalho estiver findo,
Gostarei muito de vê-los, supersábios que vocês são,
Mesa e parede de sua sabedoria, sujas...
O que escrevi na mesa e na parede,
Com meu coração de louco, com minha mão de louco,
Devia decorar para mim mesa e parede?...
Mas vocês dizem:
"As mãos de louco rabiscam,
É preciso limpar a mesa e a parede
Até que o último traço tenha desaparecido!"
Permitam!
Vou dar-lhes uma pequena mão -
Aprendi a utilizar a esponja e a vassoura,
Como crítico e como homem de trabalho.
Mas quando o trabalho estiver findo,
Gostarei muito de vê-los, supersábios que vocês são,
Mesa e parede de sua sabedoria, sujas...
Nietzsche, Canção de um cordeiro de Teócrito; BH, 070202010.
Estou deitado, doente,
Os percevejos me devoram,
Perturbam minha luz!
Eu os vejo dançar...
Ela queria, a esta hora,
Deslizar até mim,
Espero como um cão
E nada chega.
Esse sinal da cruz que prometia?
Como ela haveria de mentir?
- Ou corre atrás de cada um,
Como minhas cabras?
De onde lhe vem o vestido de seda?
Pois bem!
Minha altiva!
Há ainda mais de um bode
Nesse bosque?
- Como a espera amorosa
Me deixa perturbado e venenoso!
Assim cresce na noite úmida
O venenoso cogumelo do jardim.
O amor me corrói
Como os sete males.
- Não tenho mais apetite para nada.
Adeus, minhas cebolas!
A lua já se deitou no mar,
Cansadas estão todas as estrelas,
O dia chega cinzento,
Gostaria de morrer.
Os percevejos me devoram,
Perturbam minha luz!
Eu os vejo dançar...
Ela queria, a esta hora,
Deslizar até mim,
Espero como um cão
E nada chega.
Esse sinal da cruz que prometia?
Como ela haveria de mentir?
- Ou corre atrás de cada um,
Como minhas cabras?
De onde lhe vem o vestido de seda?
Pois bem!
Minha altiva!
Há ainda mais de um bode
Nesse bosque?
- Como a espera amorosa
Me deixa perturbado e venenoso!
Assim cresce na noite úmida
O venenoso cogumelo do jardim.
O amor me corrói
Como os sete males.
- Não tenho mais apetite para nada.
Adeus, minhas cebolas!
A lua já se deitou no mar,
Cansadas estão todas as estrelas,
O dia chega cinzento,
Gostaria de morrer.
Nietzsche; Oh! maravilha! Publicado: BH, 070202010.
(em que o poeta se fez despedir)
Oh! maravilha!
Voa ainda?
Sobe e suas asas não se mexem?
Quem é então que o leva e o eleva?
Onde está agora o seu fim, seu voo, sua rédea?
Como a estrela e a eternidade
Vive nas alturas de que a vida foge,
Compassivo, mesmo para com a inveja;
Subiu bem alto quem o vê planar!
Oh! albatroz, pássaro!
Um desejo me impele para as alturas.
Pensei em ti: então uma lágrima
Após outra, escorreu - sim, eu te amo!
Nietzsche, O barco misterioso; BH, 0310102010.
Na noite passada, quando tudo dormia,
E que, nas ruelas, o vento
Suspirava sem estar seguro de si,
Nada podia me acalmar, nem o travesseiro,
Nem a papoula, nem o que faz também
Dormir - uma boa consciência.
Enfim, renunciei ao sono,
Corri para a praia.
O clarão da Lua era suave e, na areia quente,
Encontrei o homem com seu barco.
Os dois cochilavam, como pastor e ovelha:
- Sonolento, o barco deixou a imagem.
Uma hora passou, talvez duas,
Ou talvez mesmo um ano?
De repente meus sentidos foram submersos
Numa eterna inconsciência
E um abismo se abriu,
Sem fundo: - tinha terminado!
- Chega a manhã, em negras profundezas
Um barco repousa e repousa -
Que aconteceu?
Um grito se eleva.
Cem gritos: que há?
Sangue
Nada aconteceu!
Tínhamos dormido,
Todos -
Ah!
Tão bem!
Tão bem!
E que, nas ruelas, o vento
Suspirava sem estar seguro de si,
Nada podia me acalmar, nem o travesseiro,
Nem a papoula, nem o que faz também
Dormir - uma boa consciência.
Enfim, renunciei ao sono,
Corri para a praia.
O clarão da Lua era suave e, na areia quente,
Encontrei o homem com seu barco.
Os dois cochilavam, como pastor e ovelha:
- Sonolento, o barco deixou a imagem.
Uma hora passou, talvez duas,
Ou talvez mesmo um ano?
De repente meus sentidos foram submersos
Numa eterna inconsciência
E um abismo se abriu,
Sem fundo: - tinha terminado!
- Chega a manhã, em negras profundezas
Um barco repousa e repousa -
Que aconteceu?
Um grito se eleva.
Cem gritos: que há?
Sangue
Nada aconteceu!
Tínhamos dormido,
Todos -
Ah!
Tão bem!
Tão bem!
Nietzsche, A piedosa Beppa; 0310102010.
Enquanto meu pequeno corpo for belo,
Vale a pena ser piedosa,
Sabe-se que Deus gosta das mulheres jovens,
E sobretudo daquelas que são bonitas.
Ele perdoa, tenho certeza,
Ao pequeno monte
De amar, como mais de um pequeno monge,
A estar perto de mim.
Não é um padre da Igreja!
Não, é jovem e muitas vezes vermelho,
Apesar de sua cinzenta embriaguez,
Cheio de desejo e de ciúme.
Não gosto dos velhos,
Ele não gosta das pessoas velhas;
Grande é a sabedoria de Deus,
Como ele nos arranjou bem!
A Igreja sabe viver,
Ele sonda os corações e os rostos.
Sempre me haverá de perdoar-
E quem então não me perdoa?
Murmura-se na ponta dos lábios,
Dobra-se os joelhos e vai-se embora;
Com um pequeno pecado novo,
Apaga-se depressa o antigo.
Bendito seja Deus na terra,
Que ama as jovens bonitas,
E perdoa de bom grado
Essa espécie de dor do coração.
Enquanto meu pequeno corpo for belo,
Vale a pena ser piedosa:
Quando eu for uma velha senhora
O diabo virá me procurar.
Vale a pena ser piedosa,
Sabe-se que Deus gosta das mulheres jovens,
E sobretudo daquelas que são bonitas.
Ele perdoa, tenho certeza,
Ao pequeno monte
De amar, como mais de um pequeno monge,
A estar perto de mim.
Não é um padre da Igreja!
Não, é jovem e muitas vezes vermelho,
Apesar de sua cinzenta embriaguez,
Cheio de desejo e de ciúme.
Não gosto dos velhos,
Ele não gosta das pessoas velhas;
Grande é a sabedoria de Deus,
Como ele nos arranjou bem!
A Igreja sabe viver,
Ele sonda os corações e os rostos.
Sempre me haverá de perdoar-
E quem então não me perdoa?
Murmura-se na ponta dos lábios,
Dobra-se os joelhos e vai-se embora;
Com um pequeno pecado novo,
Apaga-se depressa o antigo.
Bendito seja Deus na terra,
Que ama as jovens bonitas,
E perdoa de bom grado
Essa espécie de dor do coração.
Enquanto meu pequeno corpo for belo,
Vale a pena ser piedosa:
Quando eu for uma velha senhora
O diabo virá me procurar.
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