Meus pensamentos são confusos,
Conflituosos e inusitados e
As minhas ações são sem atos;
Minha mente é oblíqua e obtusa,
Fechada aos tempos modernos;
Obstruida por velharias e impedida
De brilhar; meu cérebro é comprimido
Num corpo de velhaco; sinto dor até
Por expelir uma gota de suor, pelo
Menor esforço que seja; em qualquer
Movimento, gesto e jeito, faço cara
De quem sofre dor e de quem é doente;
E o que é mau, é que não sei fingir,
E todo mundo percebe logo que não
É verdade o que penso, o que faço
E o que falo; todo mundo percebe
Logo, que sou um enganador,
Um falsificador de textos e um
Desvirtuamento de pensamentos;
Um corruptor de mentes; um
Transviador de rotas, um poluidor
De cérebros; meus pensamentos são
Feras, são bestas, não são de rebanhos
De carneiros ou de ovelhas; são
De bezerros de ouro, de bodes de
Encruzilhadas, de frangos de
Macumba e de bocas de sapos
Costuradas; são de batucadas de
Tantãs, de repiques de pandeiros,
De lamentos de tambores e das pisadas
Dos pés descalços dos negros escravos
Nas terras batidas dos chãos das senzalas;
Meus pensamentos não conhecem as ciências:
Só o choro daqueles que sofrem nos vales.
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