segunda-feira, 16 de maio de 2011

Eça de Queirós, Jacinto; BH, 0160502011.

Este delicioso Jacinto fizera então vinte e três anos, e era um soberbo
Moço em que reaparecera a força dos velhos Jacintos rurais.
Só pelo nariz, afilado, com narinas quase transparentes, duma mobilidade
Inquieta, como se andasse fariscando perfumes, pertencia às delicadezas
Do século XIX.
O cabelo ainda se conservava, ao modo das eras rudes, crêspo e quase
Lanígero; e o bigode, como o dum Celta, caia em fios sedosos, que ele
Necessitava aparar e frisar.
Todo o seu fato, as espêssas gravatas de cetim escuro que uma pérola
Prendia, as luvas de anta branca, o verniz das botas, vinham de Londres
Em caixotes de cedro; e usava sempre ao peito uma flor, não natural,
Mas composta destramente pela sua ramalheteira com pétalas de flores
Dessemelhantes, cravo, azálea, orquídea ou tulipa, fundidas na mesma
Haste entre uma leve folhagem de funcho.

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