No mês de maio
O Rio de Janeiro começa a esconder
A claridade boreal de seus dias
Anunciando que vem aí o inverno.
As pessoas vestem coloridos casacos
E andam contidamente
Com as mãos nos bolsos
Como se guardassem tesouros
Ávidos de ser despojados.
O céu esconde um azul
Sob espessas camadas de cinzentas nuvens
Que o sol timidamente espeta aqui e ali.
As folhas das amendoeiras enrugam-se
Antevendo os dias de inverno
Que elas sabem estão por chegar.
No fim da tarde
O sudoeste sopra silenciosamente
Ferindo o corpo lânguido do carioca
Como se pontiagudas lanças o tocassem.
O mar é cinzento
Encapela-se mas com suavidade
E a praia um cenário de filme de ficção
Vazia
Exceto por um ou outro surfista
Que sonda o horizonte
Na esperança vã de uma "wave".
Com a noite
As luzes espetam-se nos postes altos
Os carros passam em vagarosa procissão
Os faróis acesos ao longe
Parecem vaga-lumes dançando graciosa coreografia
Não se vê a lua
Mas todos sabem que ela está lá
Pois a lua não abandona o Rio
Nem mesmo nas noites
Nas soturnas noites de maio.
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