Mesmo depois de 93 músicas, ainda ficou faltando todo mundo. É porque a música brasileira é negra, como as noites que não têm luar. E a coletânea black Brasil ganha um significado a mais com a despedida de Nelson Mandela.
1. Paulo Diniz, “Como?” (1972) – de Luis Vagner, para Paullo Diniz, a versão original.
2. Hyldon, “Estrada Errada” (1976) – Nas garras do desejo de levar uma vida livre por aí.
3. Tony & Frankye, “Depois da Chuva no Posto 4″ (1971) – samba-rock psicodélico carioca por Luis Vagner e Tom Gomes.
4. Alcione, “Nega Mina” (1982) – o Maranhão mestiço que canta, belo como ninguém mais.
5. Agnaldo Timóteo, “Galeria do Amor” (1975) – negro, reacionário – e gay.
6. Candeia, “Dia de Graça” (1978) – hoje é manhã de carnaval, há esplendor. As escolas vão desfilar garbosamente. Aquela gente de cor, com a imponência de um rei, vai pisar na passarela.
7. Negritude Jr., “Cohab City/ Vem pra Cá” (1995) – a salsa de Netinho.
8. Tim Maia, ”Jhony” (1979) – o pagode do Tião.
9. Martinho da Vila, “Salve a Mulatada Brasileira” (1975) – o axé do Martinho.
10. Carlinhos Brown, “Carlito Marrón” (2003) – o baile-funk do Carlinhos.
11. Carlos Dafé, “Zi Cartola” (1983) – samba de raiz do Dafé.
12. Sandra de Sá, “Olhos Coloridos” (1982) – comovidíssimos, e vendo tudo colorido.
13. Z’África Brasil, “Z’Africanos” (2007) – poder da batucada, na tonalidade do atabaque africano.
14. Aparecida, “Todo Mundo é Preto” (1976) – todo mundo é preto, kalunga!
15. Clementina de Jesus, “Cangoma Me Chamou” (1970) – levanta, povo, cativeiro já acabou!
16. Chico César, “Respeitem Meus Cabelos, Brancos” (2002) – respeitem.
17. Alaíde Costa, “Pai Grande” (1976) – pai grande (de Milton Nascimento), mãe pequena, bossa negra.
18. Elza Soares, “Deusa do Rio Niger” (1974) – deusa, deusas.
19. Evinha, “Samba Negro” (1969) – deusas, deusa.
20. Ellen Oléria, “Linhas de Nazca” (2012) – o nome delas (nosso) é encruzilhada.
21. Kamau, Rincón Sapiência e Thalma de Freitas, ”Tambor” (2008) – pra celebrar, se lembrar.
22. Luiz Melodia, “Ébano” (1975) – meu nome é Ébano, venho te felicitar tua atitude.
23. Cravo e Canela, “Lá Vem o Negão” (1994) – lá vem.
24. Alcione, “Meu Ébano” (2005) – cheio de paixão.
25. Luiz Wanderley, “Baiano Burro Nasce Morto” (1959) – baiano é “raça”?
26. Noriel Vilela, “Saudosa Bahia” (1969) – no terreiro eu vi o candomblé, comi o acarajé, provei o munguzá.
27. Pinduca, “Coco da Bahia” (1975) – coco da Bahia, em Belém do Pará?…
28. Luiz Wanderley, “Trabalha Paulista” (1961) – paulista é “raça”?
29. Luiz Gonzaga, “Paraíba” (1952) – Paraíba. Masculina. Mulher. Macho. Sim. Senhor.
30. Nilo Amaro e Seus Cantores de Ébano, “Uirapuru” (1962) – Música caipira, sertaneja, negra, brasileira.
31. Negra Li, Quelynah, Leilah Moreno e Cindy, “Antônia” (2007) – Antônia sou eu, Antônia é você.
32. Jair Rodrigues, “Irmãos Coragem” (1970) – irmãos, é preciso coragem.
33. Lady Zu e Totó, “Hora de União” (1979) – o samba é soul, e o soul é samba, ambos são negros e importantes como a noite.
34. Roberto Ribeiro, “Heróis da Liberdade” (1980) – Tiradentes é “raça”?
35. Milton Nascimento, “Cravo e Canela” (1972) – morena, quem temperou?
36. Ruy Maurity, “Nem Ouro, Nem Prata” (1976) – sou brasileira, faceira, mestiça, mulata.
37. Novos Baianos, “Preta Pretinha” (1972) – chegou a hora dessa gente bronzeada.
38. Os Originais do Samba, “Nego Veio Quando Morre” (1977) – defunto pobre de luxo não precisa?
39. Rael, “Eles Não Tão Nem Aí” (201o) – estão?
40. O Rappa, “Ilê Aiyê” (1996) – é o mundo multicolorido.
41. Olodum, “Revolta Olodum” (1989) – retirante ruralista, lavrador, nordestino, Lampião – negro.
42. Banda Black Rio, “De Onde Vem” (1980) – de onde vem?, para onde vai?
43. Art Popular, “O Canto da Razão” (1993) – ouvindo o som dos tantãs, a tristeza vai embora.
44. Cascatinha & Inhana, “Índia” (1972) – índia negra como as noites que não têm luar – versão anos 1970 para o clássico caipira de 1952.
45. Thaíde & DJ Hum, “Sr. Tempo Bom” (1996) – que tempo bom, que volta sempre e sempre e sempre.
46. Hyldon, “Foi no Baile Black” (2013) – recém-saída do forno, por Hyldon, e Dexter, e Mano Brown.
47. Paulo Diniz, “Ponha um Arco-Íris na Sua Moringa” (1970) – porque, como diriam os poetas Gil & Jorge, negro é a soma de todas as cores.
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