A luz desceu sobre a minha cabeça
Não era a luz do Divino Espírito Santo
Eu não era o Filho de Deus nem estava
A ser batizado por João Batista era mais
Um preto pecador pobre de periferia a
Luz era dos faróis dum camburão ou
De lanterna do soldado que iluminou a
Minha cara seguida dum safanão mãos
Para cima de braços abertos apoiados na
Parede pernas abertas de costas para os
Meus algozes tatearam minha bunda meu
Saco minha barriga meus bolsos onde
Escondeste a parada? virei a cabeça para
Responder outro tapão cara na parede
Respondas com a cara na parede cadê a
Parada? tenho nada não seu moço
Minha carteira já nas mãos dum deles
A revirá-la averiguação dos meus
Documentos liberação com mais alguns
Safanões deboches no dia em que um
Preto pecador pobre representante nato
Do gueto for reconhecido como filho
Do Divino Espírito Santo de Deus a
Humanidade começará a tomar outro
Rumo mesmo assim saí agradecido
Por ter ficado vivo pois muitos irmãos
Muitos manos depois que passaram
Nas mãos da polícia não apareceram
Nem os cadáveres corri para o meu
Beco escuro quase sem fôlego nenhum
Disparo veio atrás de mim ao longe no
Caminho perdia-se o vermelho do
Giroflex no silêncio do meu barraco
Deixei escapar um sorrisinho de alívio
Nenhum comentário:
Postar um comentário