Quem me resgatará? pergunta-me o meu coração
Preso no arpão baleia cachalote cação
Cantava em tempos idos hinos maravilhosos
Maviosas canções louvava terras continentes
Louvava morros montanhas poentes louvava
Rios lagos lagoas nascentes de repente
Veio Deus meu coração deu adeus à natureza
Secou riachos regatos córregos nas suas
Cavernas brotaram fungos cactos tudo que
Deus abandonou meu coração abandonou
O homem a mulher o amor desprezou entes
Seres gentes passou a viver como um deus indiferente
Um deus diferente de todos os deuses que não
Aprova cultos louvores orações ao ego não
Mais bateu acelerado disparou cavalo selvagem
Comboio de locomotivas desgovernadas resignou-se
Iceberg geleira monumental de gelos tão
Milenares que são feitos de aço inoxidável
Nunca mais louvou-se uma pétala de flor
Nunca mais falou-se de amor criança de adornos
Que a humanidade precisa para ser resgatada
Coração mudo surdo cego que tem por
Princípios que caridade bondade lealdade
São devoções de cães vira-latas nunca
Mais derramou-se uma única lágrima por
Nada nunca mais jorrou-se um único jato
De luz ou de sangue ou de vida impossível
A submergir o possível a mandar aos subterrâneos
Da inexistência as possibilidades só
Reverbera quando pergunta-se quem me resgatará?
Um eco infinito cadenciado que
Machuca os negros escolhos das trevas
Ninguém ninguém resgatará ninguém
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