Animei-me de repente como um fogo de palha
Como um espectro de gente é que vivo em
Silêncio nos monturos nos escombros das
Casas velhas mal-assombradas para não espantar
Ninguém fico quieto com os meus mistérios
Não posso contá-los a ninguém pois assim
Ninguém passará a ser alguém os mistérios
Deixarão de ser mistérios peço a todos que
Não precisam esconder-se mudar de calçada
Correr para atrás da porta ou debaixo da cama
Deixei de meter medo ou de querer assustar
Às pessoas aos que querem observar-me
Encontro-me à Alameda das Princesas exposto
Como os animais nos jardins zoológicos a
Taxação que quiserem dar-me será a de
Menos polar pardo panda qualquer tipo de
Urso que habita as matas ainda virgens
Da natureza aninei-me quando disseram-me
Que poderia deixar as catacumbas
Habitante das masmorras inquilino dos
Calabouços prisioneiro das cavernas
Qualquer raio de sol traspassa-me em
Punhaladas que prostram-me de joelhos
Açoites de ventos rasgam-me a pele de pano
Velho em frangalhos estendo as mãos a
Implorar às estrelas que alcem-me ao chegar
Ao limbo piso de mansinho para não espantar
Os fantasmas de minhas avós perturbei demais
Pelos meandros dos labirintos procuro a letra que
Cura as feridas dos joelhos arrastados nos escolhos
Dos rochedos procuro a palavra fatal que resguarda
As assombrações que não tenderam a ser nobres
Invejo minha sombra que não senti nenhuma dor
Por todo o sacrifício despendido minha sombra
Chegou lá bateu à porta do céu foi recebida
Com uma portada na cara cai lá de cima
Esta crônica ferida como uma ferida crônica
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