Perdi o vínculo com as palavras
Como as calças amarrotadas perderam o vinco
Perdi a força das letras como as constelações
Perdem a luz vagam às cegas de
Universo em universo antes de se
Desintegrarem perdi coragem fôlego
Fé como o homem do deserto depois de ter
Todas as energias drenadas pela areia o
Corpo crestado pelo sol perdi a poesia o
Poema a obra de arte a obra-prima a
Matéria-prima que dava densidade à
Minha vida perdi a vida vaguei pela
Terra Caim filho pródigo colecionador
De sinais de colossais derrotas tragédias
Voltei mais morto do que vivo regurgitado
Por todas as bocas que mastigaram minhas
Carnes estômagos que tentaram digeri-las
Hoje olham-me com olhos estranhos
Como se não tivesse nascido duma
Entranha materna como se fosse duma
Terra estranha se sou feito de terra torrão
Ressequido quero só nascer no coração
De alguém como o sol nasce todos os
Dias quero brilhar como a luz do sol
Brilha ao sair detrás dos montes como
A lua a ressurgir revigorada da linha
Do horizonte em oração milenar a
Dizer amém a ouvir amém a abençoar o
Mar a guiar os navegantes aos portos seguros
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