Esse tempo perdido que perdi até agora
Já está no passado e não tenho mais
Tempo de recuperá-la e o jeito é
Esquecê-lo e passei por tudo brancamente
E não deixei um marco regulatório e não
Deixei nenhuma pedra fundamental e não
Deixei um filho e nem deixei um outro
Descendente mesmo bastardo e esse tempo
Perdido que não vivi que falta me faz em
Experiência de vida e agora é tarde e não
Adianta reclamar e não adianta lamuriar e
Nem lamentar dum caco velho que sou ou
Duma palha seca jogada ao vento forte da
Tempestade ou do vendaval da vida e que
Vontade que tenho de viver um dia e de
Sentir o prazer de ser e de amar e de ter paz
E de viver mas já estou morto e só o meu
Esqueleto paira na superfície do espaço e o
Tempo roeu meus ossos envelhecidos como
Um rato envelhecido e minhas carnes
Viraram pó oh meu Deus do céu tende
Piedade de minha caveira abandonada nos
Lixões dos subúrbios à espera dalgo que
Restitua-me a vida e a alegria de viver que
Perdi sem viver e o amor que tive sem amar
E a paz que consegui sem desfrutar pois só
Sabia guerrear e sou um cego de nascença e
Tive tudo e joguei fora e tive tempo e perdi e
Tive vida e deixei morrer e tive mulher e
Deixei ir embora e não existe perdão para
Mim e abram a minha sepultura e joguem o
Meu corpo no fundo e não quero flores e
Quem é o primeiro a atirar a pá de terra?
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