lógico que não não escrevo
para agradar pai joão não sou
feitor nem capitão do mato
sou preto agricultor sou negro
trabalhador só com outros olhos
quem me vê é o senhor que quer
ser feudal medieval imperial
a prolongar para sempre o meu mal
estás sempre com as mesmas arengas
do passado a rebater os mesmos assuntos
a desenterrar ossadas esqueletos caveiras
o mundo mudou o mundo é outro modernizou
porém o homem é o mesmo senhor
se deixar quer ser inquisidor torturador se
deixar quer ser explorador a escravizar de
novo sem se envergonhar a deixar morrer
de fome a deixar morrer de sede a destruir
a natureza a exterminar a fauna a pulverizar
a flora então bastião da direita então
baluarte da burguesia então altar
das elites símbolo da hipocrisia
continuarei a escrever para ver se
um dia tenha a mesma alegria que
terei a mesma felicidade igualdade
liberdade fraternidade irmandade
continuarei a te ferir com a minha poesia
continuarei a te machucar com o meu poema
continuarei a ser o teu dilema
serei a pedra na tua chuteira
o cisco no teu olho a coceira no teu cu
que não podes coçar a pensar que
sejas um público em local público
BH, 030902024; Publicado: BH, 023001002024.
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