segunda-feira, 26 de maio de 2014

Alegrei-me; BH, 070502014; Publicado: BH, 0260502014.

Alegrei-me
Pois disseram-me
Maravilhados
Que Deus gravou para Moisés
Com fogo
As palavras na rocha
Letra por letra
Veio um raio de fogo do céu
Fundiu na pedra os conhecimentos
Tenho então a esperança
De também receber uma celeste inspiração
Fazer parte duma divina imaginação
No passar do meu tempo
Deixarei não nas pedreiras
Mas nas facetas lapidadas dos universos
Átomos do meu sangue em poesia
Poemas do firmamento na hemorragia
Fungo envelhecido como um fungo de estepe
Um musgo esquecido no espaço
Uma erva de pradaria
Raiz de falésia panorâmica
É a maravilha dum velho poeta desenganado
A última chama do último lampejo
A palavra fina
A letra no fim da palavra
Levou o coração até à beira do rio
Lavou o sangue na água
Tingiu de tinto o leito
A relva enverdeceu
A seiva emanou
Num sorriso de ironia
O poeta faleceu
No mesmo instante um botão se abriu
A flor brotou
Para ser colhida por uma criança

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