Começarei a despedir-me das coisas
Das minhas roupas velhas minhas botas
Furadas meus casacos surrados já
Chegou o tempo de começar a dar adeus
Pendurar as armas encostar as chinelas
Procurar um canto escuro para encostar-me
Começarei a preparar-me para a separação
A quebra dos elementos tudo acontece
Muito rápido não quero ser apanhado
Desprevenido sem despedir-me na
Partida para o além meus óculos velhos
Embaçados que não ajudam-me mais
A ver as letras a ler as palavras ficarão
No altar da estante enferrujada junto
Aos livros devorados pelas traças
Quando precisar mover-me no escuro
Tatearei cego minhas mãos nas sombras
Apesar de sombrias enxergam muito
Bem dinheiro não necessariamente
Preocupar-me-ei em esconder nunca o
Obtive o pouco que chegou às
Minhas mãos bebi-o vorazmente no
Meu canto lá ficarei quietinho não
Aprendi a cantar não aprendi a orar
Não aprendi a rezar xingarei baixinho
A única coisa que aprendi a fazer
Reclamarei da morte que não vem e
Da vida que já foi blasfemarei sem
Remorso arrependimento todo
Mundo ao ouvir-me dirá esse velho
Não aguento despede-se das coisas
Fica aí esse farrapo que bem
Poderia ser levado pelo vento
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