Acabou de acabar agora a cerveja
E com certeza não sei o que fazer
Para comprar mais já que não
Posso roubar e se pudesse e
Tivesse a ousadia e a audácia e a
Coragem dum ladrão ou a fé e a
Cara de pauta dalgum cidadão do
Mal pois cidadão do bem não
Presta e entraria num estabelecimento
E só sairia de lá em coma alcoólico
E não teriam como me cobrar as
Despesas e mesmo que chamassem
A polícia nada poderia ser feito
Comigo em coma e se um dia
Voltasse do coma diria a todos ao
Redor que estava com amnésia e
Que não lembrava de nada e que
Não poderia ter sido o que tivesse
Cometido o crime mas sim um dos
Milhares de inquilinos que vivem
Dentro de mim e aí teriam que me
Mandar para a casa livre e leve e
Solto feito um passarinho azul a voar
No céu azul como uma música
Soprada por um trompetista azul e
Alguém dirá que os poetas não dizem
Nada e que só coçam o saco na frente
Das mulheres como um socó coçador
De saco solitário e que só sabem ficar
Bêbados e a gastar algum dinheiro se
Tiverem e que não gostam de fazer
Nada e nem de trabalhar e o poeta
Olha para os lados e para as cercas de
Arame que cercam as cercanias e os
Quintais e os terreiros dos terrenos e
Terráqueo deita de costas nos capimzeiros
E perde o olhar no fim do firmamento.
BH, 01201901102019; Publicado: BH, 0190402022.
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