a poesia não gosta de muitas letras
e o poema não suporta muitas palavras
e o poeta se puder fazer poemas sem letras
e poesias sem palavras
já terá seu nome respeitado em academias
e letras vã
e palavras inúteis
ou estrofes absurdas
ou versos mudos
ou sonetos cegos
ou elegias mortas
e vazias
e despidas de alegorias só terão
seus nomes escrito na bunda do mosquito
e é isso que causa a alegria dos intelectos
eruditos exigentes das confrarias inteligentes
e quanto o menos do menos as causas
e os efeitos colaterais são maiores
e o poeta com uma letra fala um dicionário
e com uma palavra cita uma enciclopédia
e com um soneto dum pé quebrado cria uma
centopeia de antologia poética digna dos mais
nobres nomes do olimpo onde cabeça dura
garimpo cascalhos
e entulhos
e destroços de construções
de castelos assombrados
BH, 01401002021; Publicado: BH, 0230802022.
Nenhum comentário:
Postar um comentário