quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Saiu no blog da Hildegard Angel; BH, 0310102013.




MINHA FALA NO ATO NA ABI PELA ANULAÇÃO DO JULGAMENTO DO MENSALÃO

Publicado em 30/01/2013    

Venho, como cidadã, como jornalista, que há mais de 40 anos milita na imprensa de meu país, e como vítima direta do Estado Brasileiro em seu último período de exceção, quando me roubou três familiares, manifestar publicamente minha indignação e sobretudo minha decepção, meu constrangimento, meu desconforto, minha tristeza, perante o lamentável espetáculo que nosso Supremo Tribunal Federal ofereceu ao país e ao mundo, durante o julgamento da Ação Penal 470, apelidada de Mensalão, que eu pessoalmente chamo de Mentirão.

Mentirão porque é mentirosa desde sua origem, já que ficou provada ser fantasiosa a acusação do delator Roberto Jefferson de que havia um pagamento mensal de 30 dinheiros, isto é, 30 mil reais, aos parlamentares, para votarem os projetos do governo.

Mentira confirmada por cálculos matemáticos, que demonstraram não haver correlação de datas entre os saques do dinheiro no caixa do Banco Rural com as votações em plenário das reformas da Previdência e Tributária, que aliás tiveram votação maciça dos partidos da oposição. Mentirão, sim!

Isso me envergonhou, me entristeceu profundamente, fazendo-me baixar o olhar a cada vez que via, no monitor de minha TV, aquele espetáculo de capas parecendo medievais que se moviam, não com a pretendida altivez, mas gerando, em mim, em vez de segurança, temor, consternação, inspirando poder sem limite e até certa arrogância de alguns.

Eu, que já presenciara em tribunais de exceção, meu irmão, mesmo morto, ser julgado como se vivo estivesse, fiquei apavorada e decepcionada com meu país. Com este momento, que sei democrático, mas que esperava fosse mais.

Esperava que nossa corte mais alta, composta por esses doutos homens e mulheres de capa, detentores do Supremo poder de julgar, fosse imune à sedução e aos fascínios que a fama midiática inspira.

Que ela fosse à prova de holofotes, aplausos,  projeção, mimos e bajulações da super-exposição no noticiário e das capas de revistas de circulação nacional. E que fosse impermeável às pressões externas.

Daí que, interpretação minha, vimos aquele show de deduções, de indícios, de ausências de provas, de contorcionismos jurídicos, jurisprudências pós-modernas, criatividades inéditas nunca dantes aplicadas serem retiradas de sob as capas e utilizadas para as condenações.

Para isso, bastando mudar a preposição. Se ato DE ofício virasse ato DO ofício é porque havia culpa. E o ônus da prova passou a caber a quem era acusado e não a quem acusava. A ponto de juristas e jornalistas de importância inquestionável classificarem o julgamento como de “exceção”.

Não digo eu, porque sou completamente desimportante, sou apenas uma brasileira cheia de cicatrizes não curadas e permanentemente expostas.

Uma brasileira assustada, acuada, mas disposta a vir aqui, não por mim, mas por todos os meus compatriotas, e abrir meu coração.

A grande maioria dos que conheço não pensa como eu. Os que leem minhas colunas sociais não pensam como eu. Os que eu frequento as festas também não pensam, assim como os que frequentam as minhas festas. Mas estes estão bem protegidos.

Importa-me os que não conheço e não me conhecem, o grande Brasil, o que está completamente fragilizado e exposto à manipulação de uma mídia voraz, impiedosa e que só vê seus próprios interesses. Grandes e poderosos. E que para isso não mede limites.

Esta mídia que manipula, oprime, seduz, conduz, coopta, esta não me encanta. E é ela que manda.

Quando assisti ao julgamento da Ação Penal 470, eu, com meu passado de atriz profissional, voltei à dramaturgia e me lembrei de obras-primas, como a peça As feiticeiras de Salém, escrita por Arthur Miller. É uma alegoria ao Macartismo da caça às bruxas, encetada pela direita norte-americana contra o pensamento de esquerda.

A peça se passa no século 17, em Massachusets, e o ponto crucial é a cena do julgamento de uma suposta feiticeira, Tituba, vivida em montagem brasileira, no palco do Teatro Copacabana, magistralmente, por Cléa Simões. Da cena participavam Eva Wilma, Rodolpho Mayer, Oswaldo Loureiro, Milton Gonçalves. Era uma grande pantomima, um julgamento fictício, em que tudo que Tituba dizia era interpretado ao contrário, para condená-la, mesmo sem provas.

Como me lembro da peça Joana D’Arc, de Paul Claudel, no julgamento farsesco da santa católica, que foi para a fogueira em 1431, sem provas e apesar de todo o tempo negar, no processo conduzido pelo bispo de Beauvais, Pierre Cauchon, que saiu do anonimato para o anonimato retornar, deixando na História as digitais do protótipo do homem indigno. E a História costuma se repetir.

No julgamento de meu irmão, Stuart Angel Jones, à revelia, já morto, no Tribunal Militar, houve um momento em que ele foi descrito como de cor parda e medindo um metro e sessenta e poucos. Minha mãe, Zuzu Angel, vestida de luto, com um anjo pendurado no pescoço, aflita, passou um torpedo para o então jovem advogado de defesa, Nilo Batista, assistente do professor Heleno Fragoso, que ali ele representava. O bilhete dizia: “Meu filho era louro, olhos verdes, e tinha mais de um metro e 80 de altura”. Nilo o leu em voz alta, dizendo antes disso: “Vejam, senhores juízes, esta mãe aflita quebra a incomunicabilidade deste júri e me envia estas palavras”.

Eu era muito jovem e mais crédula e romântica do que ainda sou, mas juro que acredito ter visto o juiz militar da Marinha se comover. Não havia provas. Meu irmão foi absolvido. Era uma ditadura sanguinária. Surpreende que, hoje, conquistada a tão ansiada democracia, haja condenações por indícios dos indícios dos indícios ou coisa parecida…

Muito obrigada.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Penso que José Serra não convence nem a ele mesmo; BH, 0300902010; Publicado: BH, 0230102013.

Penso que José Serra não convence nem a ele mesmo
Se pendurar FHC vulgo Fernando Henrique Cardoso o
Nefasto no pescoço de José Serra os dois morrerão
Afogados penso que o PSDB o Partido da Social
Democracia Brasileira nunca fez um bem nenhum
Ao Brasil se tiver feito algum bem o mal causado é
Bem maior falam do controle da inflação mas
Esquecem a privatização danosa falam na
Telefonia mas só os ricos podem usar a maioria
Das pessoas que conheço possuem telefones
Celulares mas só recebem ligações se
Usam operadoras diferentes os créditos
Existentes evaporam na telefonia só as
Operadoras lucram fazem o povo de bobo
Com seus preços altos pois é isso aí José Serra
Não convence é nefasto dum partido que não é
Popular toda administração é uma embromação
Temerária embromam em SP São Paulo embromam
Em MG Minas Gerais da mesma forma que FHC
Embromou a nação se mordem por Lula ter
Despertado o paí ter dado certo ter a chance de
Eleger Dilma Vana Rousseff no primeiro turno
Se matam por Lula criticar a imprensa o PIG o
Partido da Imprensa Golpista não enxergam que
imprensa é toda tendenciosa desinforma mais do
Que informa manipula a opinião pública estou com
Dilma estou com Lula sofro pela experiência do PSDB
Em Minas Gerais sofri com o PSDB nos anos FHC
Votemos na Dilma Vana Rousseff tucanos nunca mais

sábado, 19 de janeiro de 2013

Meu coração sangra novamente; BH, 0180102013, Publicado: BH, 0190102013.

Meu coração sangra novamente
Cada vez que uma potência europeia
Ataca uma nação africana do Saara este
Coração enfraquecido chora chora pois
As vítimas serão as mesmas de todos
Os séculos passados no momento é a
França que tanto admiro seus escritores
Romancistas poetas filósofos cientistas
Artistas plásticos políticos a se meter em
Confusão com a ex-colônia Mali mortes
Inocentes já aconteceram no embate
Acontecerão inclusive com os inevitáveis
Atentados terroristas em Paris porque
Não fazer uma confraternização, com
Nobres finos queijos vinhos numa
Vasta mesa no lugar duma guerra? 
Uma guerra contra um país desvalido?
Depois me vêm dizer que a Europa está
Em crise falida que euro fendeu mas
Quando é para atacar nações
Principalmente nações africanas a
Grana sempre aparece está a sobrar
Esquecem do exemplo dos USA que
Gastaram bilhões de dólares em guerras
Inúteis se veem à beira da falência
Sempre penso que cada nação deveria
Tratar cuidar resolver seus próprios
Problemas internos sem intervenções
Agressões coisas que só acarretam mais
Danos à população François Hollande
Prometeu que não levaria a França
Em conflito em pouco tempo
Colocou a nação francesa na mira do
Terrorismo internacional é alerta geral

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Quem entenderá a ingratidão soteropolitana? BH, 040102013; Publicado: BH, 0110102013.

Quem entenderá a ingratidão soteropolitana?
O povo de Salvador Bahia estado reconhecido
Por ter população de maioria negra classe mais
Beneficiada pelos governos do PT Partido dos
Trabalhadores elegeu justamente para prefeito
Da capital um dos piores representantes da
Direita nacional ACM Neto Antônio Carlos
Magalhães Neto do DEM Democratas
Partido que junto com o PPS o PSDB
Entraram na justiça contra as Cotas Raciais
ENEM CPMF PROUNI inda afirmavam
Que o Bolsa Família reconhecido
Internacionalmente inclusive pela ONU
Era bolsa esmola o povo soteropolitano,
Por pura infelicidade ou falta duma
Informação melhor preteriu um candidato
Do PT a comunicação do governo
Falhou na Bahia se não melhorar
O contato com o povo outros casos
Semelhantes podem acontecer o PIG
Partido da Imprensa Golpista sabe
Usar muito bem essa falha do governo
Em divulgar ao povo os seus bem feitos
Pelos meios de comunicação da velha
Mídia o povo nunca saberá a verdade
Só receberá notícias manipuladas
Distorcidas enganosas das quais
Abusam os editorialistas calunistas
Colonistas economistas vabeças de
Planilhas profetas do caos de que no
Brasil tudo vai mal

sábado, 5 de janeiro de 2013

Walt Whitman, Creio que eu poderia; BH, 050102013.

Creio que eu poderia transformar-me e viver como os animais.
Ele são tão calmos e donos de si!
Detenho-me para contemplá-los sem parar.
Não se atarantam nem se queixam da própria sorte,
Não passam a noite em claro, remoendo suas culpas,
Nem me aborrecem falando das suas obrigações para com Deus.
Nenhum deles se mostra insatisfeito,
Nenhum deles se acha dominado pela mania de possuir coisas.
Nenhum deles fica de joelhos diante de outro,
Nem diante da recordação de outros da mesma espécie
Que viveram há milhões de anos.
Nenhum deles é respeitável ou desgraçado em todo o amplo mundo.

José Saramago, Poema à boca fechada; BH, 050102013.

Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.

Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limo transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.

Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.

Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.

Só direi:
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Mário Quintana, O segundo mandamento; BH, 050202011.


Bem sei que não se deve dizer o Seu santo nome em vão.
Mas, agora,
O seu nome é apenas uma interjeição
Como acontece com "Minha Nossa Senhora!"
 - Este belíssimo grito tão certamente errado
Como o faz tantas vezes o povo em suas descobertas.
A voz do povo é um Livro de Revelações.
Só tem que o tempo as foi sedimentando em sucessivas camadas
E elas agora nos dizem tanto como uma pedra.
Agora restam-nos apenas as palavras técnicas
Pertencentes ao vocabulário inerte dos robôs.
Porém um dia as pedras se iluminarão milagrosamente por dentro.
Porque só termina para todo o sempre o que foi
Artificialmente construído...
Um dia,
Um dia as pedras gritarão!

Filosofia; BH, 03101202012; Publicado: BH, 01º0102013.

Quando crescer ficar pelo menos
Do tamanho do sol ou tão grande
Que pudesse encobri-lo com o meu
Pé talvez pudesse sentir afirmação
Quando a dúvida assola o coração o
Ser pequeno fica fragilizado barco
Na procela animal no vendaval pena
No furacão o que faz um ser crescer
É a certeza a intuição sem medo de
Errar a percepção que supera a
Obtusidade quando o desassossego
Chega ao ser minúsculo não encontra
Rochedo para fincar os pés raízes para
Plantar as mãos nunca será um
Levantado do chão nunca terá
Emancipação independência liberdade
De ação crescer justamente com o
Universo é que é crescer em si nunca
Se deve crescer em outrem uma boa
Lição que devemos aprender crescer
Em outrem é diminuir em si pura
Filosofia hein? quem diria que ser tão
Medíocre falaria em filosofia? mas a
Filosofia nasce também para os
Pequenos quando crescer por
Estar de igualdade com o sol com
O universo nem por isto deixarei de
Reverenciá-los quando o ser sente
Que cresceu a primeira vontade é
De chorar igual criança se pensa que
Cresceu mas não chorou igual neném
É por que não cresceu ainda volta para o
Berço ou para o útero para nascer de novo

Lewellyn Medina, COMO O BOLERO DE RAVEL; BH, 01º0102013.

Da amendoeira de minha rua
Num dia cai uma folha
Noutro dia caem duas folhas
Depois caem uma, outra e outra mais
(Imaginemos que seja outono
Estação propícia a que as folhas caiam)

Daa amendoeeira de minha ruuua
Cai uma folha
Caeem duuuas
Caaaaem maaais
Caaai uma folha
Caem duas 
Caem mais
Caaaem mais
Caaaem mais
Caaaem mais
Daaa amendoeeeira de minha rua

Da amendoeira de minha rua
Num dia cai uma folha
Noutro dia caem duas folhas
Depois caem uma, outra e outra mais.