Literatura e política. COLABORE, PIX: (31)988624141
sexta-feira, 30 de outubro de 2015
quinta-feira, 29 de outubro de 2015
MIKIO, 13; BH, 050202013; Publicado: BH, 02901002015.
Sei lá não sei sei lá não sei não
Mas alguma coisa errada acontece
Com o meu coração mas não quero
Surpreender-me só me surpreenderei
No dia em que alguma coisa certa
Acontecer com o meu coração onde
Há uma puta ali está o meu coração
Onde há uma prostituta lá constrói
Um altar onde houver uma meretriz
É ali que vai amar é um coração
Todo descordado só se sensibiliza
Com o que é do submundo do
Subterrâneo para este coração
Transviado só essas mulheres perdidas
Desencontradas esquecida é no
Santuário dessas mulheres desossadas
Dessas mantas de charques sagradas
Que este coração aleijado maquina
Suas sórdidas deformidades este
Manietado maquiavélico sem compaixão
Refoga em sua panela de pressão suas
Vítimas prediletas sem verve para nada
Sempre na contra-mão no contra-pé
No vai vem nem na sistole nem
Na diástole mas no intervalo deste
Vão formado nestas contrações sei lá
Não sei sei lá não sei não mas
Alguma coisa sustenta este coração
Será o pêndulo da poesia? será a
Locomotiva deste comboio descarrilhado? a
Gerar num salto no espaço este poema vácuo?
MIKIO, 14; BH, 050202013; Publicado: BH, 02901002015.
Hino de louvor às putas às meretrizes às
Marafonas às mulheres perdidas que
Saciam nossos desejos nas nossas
Andanças pelas madrugadas em busca
Dos açougues de carnes batidas um hino
De louvor a essas damas das camélias
Rameiras essas guengas anônimas que
Nos desprezam só veneram o mesmo
Deus dos pastores eletrônicos o deus
Dinheiro um cântico de graças de
Glórias a essas que raparigas em flor
Ainda já nas sombras da noite se
Vendem nas esquinas das ruas das
Encostas das venéreas um aleluia a
Essas salvadoras que não nos enganam
Que nos amam igual a Judas amou a
Cristo às vezes nem é preciso trinta
Dinheiros para se entregarem esses bifes
Mal passados frios servidos em pratos
Sujos que comemos sem tempero
Algum um bravo meus putos maus
Companheiros um urra meus podres
Pensamentos a essas almas perdidas
Mas que nos completam na nossa
Perdição esses abortos cujos fetos
Foram jogados vivos nas lixeiras
Persistiram têm todas a nossa
Gratidão hino de louvor a essas
Madalenas desiludidas que não têm
Um Jesus para livrá-las da lapidação
Lavam nossos pés bandidos com as
Suas lágrimas enxugam com os
Cabelos amam nosso vil dinheiro
MIKIO, 15; BH, 050202013; Publicado: BH, 02901002015.
Quando os pensamentos passam arreados
Não posso perdê-los nessa hora com
Um salto mortal triplo de costas é que
Tenho de montá-los quando erro o salto
Estatelo-me no espaço de asfalto caio em
Queda livre mas preso no ar em pleno
Catafalco dos degraus das favelas descem
Os anjos noturnos com suas asas negras
Seus corpos esculpidos em tocos de
Madeiras queimadas seus nomes grafados
Em carvão nas paredes de carbono dos
Barracos às beiradas dos abismos seus
Olhos de diamantes negros fitam-me dos
Fundos das retinas não podem voltar aos
Céus donde foram expulsos são anjos
Pré-concebidos que estavam nas
Incubadoras à espera do tempo o tempo
Que perdeu a luz que perdeu o tempo
Todos dispersam-se os anjos cegos
Caíram no voo confundiram tições em
Brasas como as mariposas confusas com
A luz da vela são maus esses pensamentos
Perversas essas sombras tenebrosas essas
Penumbras que agigantam-se titânicas
Ciclópicas demoníacas nas nossas
Imaginações somos esses seres que somos
Com membros de entes componentes de
Entidades somos esses fantasmas esses
Ectoplasmas fantasmagóricos pseudo
Pessoas que iludimos vivemos iludidas
Temos sem ter ao não termos não somos pois
Só somos se tivermos o que não podemos ter
terça-feira, 27 de outubro de 2015
MIKIO, 16; BH, 070202013; Publicado: BH, 02701002015.
O homem deve sempre brigar por alguma
Coisa que não seja vil vã fútil uma
Coisa é certa o homem deve sempre
Brigar pelo que é certo brigar pela
Ética pelo decoro moral coisas miúdas
São para ser deixadas às pessoas miúdas
O homem deve brigar por ideias ideais
Sonhos Aristóteles antes de Cristo já
Alertava-nos a respeito do melhor
Comportamento para o homem inclusive
O homem público que pensa que pode
Se comportar da maneira mais
Inconveniente possível imagino que o
Homem deve por obrigação superar a
Mediocridade a ignorância a estupidez
Mesquinharia arrogância infelicidade
Também não combinam com o homem
Moderno o que tento dizer é até fútil
Pois tudo está muito bem colocado nos
Belos textos aristotélicos o que torna
Completamente sem efeito as explanações
Que tento deixar registradas nestas
Sinuosas linhas mas teimoso teimo
Volto a insistir que o homem deve
Procurar moldar os próprios atos naquilo
Que o engrandece na verdade vos digo
O homem só pode ser grande nos atos
Nove fora é a vaidade o narcisismo o
Egoísmo as futilidades observa-se que
A evolução do homem é algo bem difícil
Desde os tempos de Aristóteles antes de
Cristo tentamos evoluir o homem na
Maior parte desse tempo sem sucesso
MIKIO, 17; BH, 070202013; Publicado: BH, 02701002015.
O mais triste para mim é que não vou descobrir
O que é o mais triste para mim é que acabei de
Constatar que o tal ponto ou pontos ou áreas
Do cérebro que dormem não vou descobrir
Nunca a maneira de fazer com que funcionem
É triste pois o tempo passa envelheço precoce
Velozmente não encontro o estímulo adequado
Para excitar o G cerebral aí sou este montículo
Adormecido este monturo entumecido fico
Impedido de prosperar de tecer argumentos de
Raciocinar os pensamentos saem em
Fragmentos nenhuma frase consigo completar
As sentenças saem todas sem veredicto final
Apelo à mentira minto minto minto sem
Nenhum pudor por não falar a verdade as
Pessoas com quem converso os seres com
Quem relaciono os entes as entidades que
Recebo os espíritos as almas os fantasmas
Mesmo os animais racionais irracionais
Perdem o interesse por completo assim que
Abro a boca além do mau hálito pelas crateras
Dos dentes estragados é o mau humor pelo fel
Destilado como alegrar-me se não tenho como
Alegrar-me? a esperança era encontrar um desses
Tais pontos do tamanho duma moeda escondido
Dentro do cérebro que se bem estimulado é
Capaz de excitar um gigante sem libido sem
Adrenalina sem testosterona sem tesão
segunda-feira, 26 de outubro de 2015
MIKIO, 18; BH, 070202013; Publicado: BH, 02601002015.
Infelizmente o pior serviço no Brasil
É o serviço público quando o cidadão
Resolve ser servidor público só pensa
Numa coisa trabalhar pouco
Ganhar bem muito bem não há no
País um único serviço público que a
População possa dizer estou satisfeita
Com esse serviço público sai caro
Para mim mas é-me suficiente
Não quero nem enumerar os
Serviços públicos que não prestam
Pois parece-me que nenhum presta
Enquanto concebermos pessoas que
Querem entrar para um serviço
Público para se dar bem nunca
Melhorará é a constatação da verdade
Saúde pública brasileira é uma vergonha
Essa humilhação conhecida a educação
Por mais que se gaste não melhora a
Justiça também é de causar vergonha
Humilhação ao povo vigilância
Fiscalização sanitárias nunca funcionam
Serviços de segurança pública alfândega
Fronteiras pagou aos servidores o crime
Corre solto a concepção de quem quer
Servir não ser vil precisa mudar
Graças aos governos do PT Partido dos
Trabalhadores pela primeira vez na
República Federativa do Brasil a corrupção
Os corruptores os corruptos têm sofrido
Um combate contumaz o corte tem sido
Feito até na própria carne ainda é pouco
É preciso mais para passar o país a
Limpo mas há séculos que a corrupção
Não era combatida nos serviços públicos
Como agora vamos ver se daqui para a
Frente engrene a coisa melhore
MIKIO, 19; BH, 090202013; Publicado: BH, 02601002015.
Meu Deus nunca escreverei uma poesia um
Poema uma ode à alegria quando passo
No tempo a mão adormecida pesada vestida
De luva de boxe cismo que devo segurar uma
Caneta na face obscura dalgum papel fico
Ali corcunda corcovado não pinga uma
Letra no papel parece que quando as palavras
Vêm da eternidade levam mais tempo a
Chegar à terra do que a luz do sol sem antena
Externa parabólica ou do tipo para naves
Espaciais embarcações satélites não percebo
As mensagens universais o papel continua
Pardo nestas mãos entorpecidas nunca
Será um papel iluminado forço faço força
Careta ranjo os dentes como se estivesse
Numa necessidade fisiológica mas é
Justamente aí que nada acontece mesmo
Finjo pensar para impressionar os que
Observam-me em silêncio para parecer
Sábio ouço o tropel da poesia no vácuo o
Galope dos poemas nas órbitas siderais mas
Sem antena espacial sem radar sonar nada
Consigo captar viro a página da história
Relembro as eras inglórias vou ao lodaçal
Dos pensamentos perdidos desisto da
Intuição não valeu a intenção fechou-me
A porta da percepção no desespero
Peguei uma machado cortei minhas mãos
domingo, 25 de outubro de 2015
MIKIO, 20; BH, 090202013; Publicado: BH, 02501002025.
Meu amigo paras de esperar há quanto
Tempo esperas sem acordar se queres
Esperar que pelo menos acordes andes
Pelo ar viajes ao universo movas as
Montanhas de lugar a esperar a
Dormir nem sonharás um ser como tu
Se não quebrar as pedras não se
Partem a dar as passagens o mar não
Se abre a água não deixa andar em
Cima dela nem o tempo para toda
Vez que dou uma volta ao redor do
Sol quando passo por ti estás aqui
Parado com ares de desanimado de
Plantão a espreitar falas que estás
Alerta de sentinela em atalaia que
Saberás identificar a tua hora nessa
Calmaria com a calma do lugar mais
Calmo da tempestade que é o olho do
Furacão não vais a lugar nenhum a
Saída é ser a própria tempestade é ser
O furacão ficares no olho de olho a
Esperar verás que não foste em busca
Da sorte ficaste no azar é no que dá
Não ter iniciativa não tomar uma
Atitude de desprender um ato meu
Amigo espero que pares de esperar
De ter esperança de que recuperarás
Esse tempo perdido enquanto todos
Vivem esquecer velhas ilusões se
Prender em novas ilusões é a mesma
Coisa o dom precioso do ser é não ser
Iludido não iludir acordar antes de
Dormir antes da hora ou em tempo
MIKIO, 21; BH, 090202013; Publicado: BH, 02501002015.
É de quando estou em febre a ferver
Em panela de pressão com a válvula
De escape aberta na saída de emergência
Os meus melhores momentos é de quando
Estou em desespero ansioso nervos à flor
Da pele angustiado a morrer de depressão
As minhas melhores fases quando estou
Normal igual a todo mundo nada
Impressiona-me a normalidade não causa
Furor não causa curiosidade mas quando
Estou em pânico sufocado sem poder beber
Sem ar sem poder respirar a ponto de
Explodir em ira em ódio raiva rancor
Penso que reajo melhor às manifestações
Do universo se estiver curado sarado penso
Que perderei a graça de viver só tenho
Ansiedade por viver justamente por ser
Doente anormal animalesco é por ser
Bruto grotesco estúpido ignorante
Que almejo continuar a viver se for para
Ser igualzinho a todo igualzinho saio
De cena para mim só vale ser desigual
Diferente para aqueles indiferentes
Que são convivências saudáveis para
Ninguém é que dedico estes piores
Momentos da minha vida estes maus
Pensamentos estas más horas sensações
Têm endereços certos conhecidos
Estas palavras salgadas ditas nestes
Evangelhos têm ouvidos certeiros
Cada um aumentará a própria hipertensão
Ao escolher algumas destas palavras
Para digestão o melhor é se fingir de
Morto de bobo ter ouvidos de mercador
MIKIO, 22; BH, 090202013; Publicado: BH, 02501002015.
Na dita imprensa brasileira que forma o PIG o
Partido da Imprensa Golpista salvos raras
Exeções nenhum chamado jornalista sabe
Escrever os que pensam que escrevem não
Têm elegância na escrita não têm estilo
Nem referências a maioria escreve pelos
Cotovelos sem sutilidade sagacidade
Nos tempos da ditadura o jornalista na
Verdade era jornalista escrever para
Enganar censores era o maior dom tinha
Que ter metáfora inteligência sabedoria
Com essa imprensa nossa de hoje que
Virou um balaio de gatos ratos menos
Imprensa qualquer um se dar ao título
De jornalista entra para a ABL Academia
Brasileira de Letras com todas as aberrações
Bizarrices bisonhices possíveis nos tempos
De jornalismos mesmo todo mundo admirava
O Castelo Branco a sua coluna no JB
Jornal do Brasil Márcio Moreira Alves
Zózimo Barroso do Amaral Carlos Drummond
De Andrade Tárik de Souza Ivan Lessa
Jaguar Ziraldo Hélio Fernandes Barbosa Lima
Sobrinho Caó Carlos Alberto de Oliveira
Se perguntar para alguém o nome dum
Jornalista de peso por ora duvido que
Saiba responder fora os calunistas os
Colonistas assassinos de reputações
Profetas do caos porta-vozes pit bulls
De plantão da velha mídia bovina não
Conheço um jornalista digno de ser
Chamado de jornalista falo do PIG do
Partido da Imprensa Golpista que se
Tivéssemos uma lei de Médios nem funcionava
MIKIO, 23; BH, 090202013; Publicado: BH, 02501002015.
Não tenhais vaidades em demasia
Num dia o mundo vos endeusa
Noutro vos sataniza não vos deixeis
Iludir ingenuamente num dia sois
Amados noutro odiados não tenhais
Mais do que o necessário para aonde
Ides no fim não levareis nada nada nem
Vós só os vossos ossos teimarão contra
O tempo mas é a sina dos ossos das
Ossadas dos esqueletos dos ossuários
Resistir contra todos vossos ossos
Sustentarão a terra acompanharão o
Planeta na última viagem em direção ao
Perdido respeitai vossos ossos os
Ossos dos vossos semelhantes no
Futuro depois do além os a serem
Encontrados intactos nos solos
Rochosos serão vossos ossos nossos
Ossos todos os ossos devidamente
Identificados pelas estrias onde eram
Os tutanos os encontros das cartilagens
Identificados como são identificados
Ossos das sopas que são feitas de ossos
Marcados as coisas mais vãs são as
Palavras proferidas por bocas néscias
As pedras não gravam as falas dos
Histriões os pensamentos mesquinhos
Não empoeiram as estantes universais
Aos estúpidos ignorantes grosseiros
Até os ossos serão moídos nas rodas dos
Moinhos das moendas do tempo quem
Tem ouvidos ouçais o que dizem as
Montanhas os abismos os desfiladeiros
As mensagens estão ali cifradas nas
Moléculas das matérias das entranhas
Da terra nascem os homens que
Conquistam os cometas dos céus
MIKIO, 24; BH, 0110202013; Publicado: BH, 02501002015.
O que rotula ao poeta dá-lhe estilo
Não é a poesia que forra como
Tapete as linhas do universo mas
Os títulos que consegue em academias
Liceus faculdades universidades
Se o dito poeta não pertencer à
Uma certa escola não apresentar
Um diploma duma instituição de
Confraria de renome nunca terá nome
Penso ao contrário o que me faz não
Sou o que sou nem as instituições nem
Os trajes que visto o que me faz são
As poesias nas quais existo os poemas
Que edito sem estas letras transviadas
Sem estas palavras profanas por mais que
Queiram consagrar-me não passarão
Das boas intenções são as obras que nos
Ditam o que devemos ser mas para quem
Quer ser milimétrico viver tecnicamente
O melhor caminho é mesmo a escola
Quem já pensa livremente qualquer
Caminho é caminho tortuoso ou largo
Sombrio ou iluminado quem pensa
Livremente não se enquadra facilmente
Não agrada tem escrita amaldiçoada
Não faz mal não escrevo para agradar
Sim para imortalizar o universo pego
Uma rua vazia vejo tanta poesia
Que com certeza não encontraria nas
Estantes abarrotadas das bibliotecas pego
Um nascer de sol lá si dó ré mi
Fá silencioso componho uma
Sinfonia sem nenhum movimento
Faço um concerto com um pé de vento
sexta-feira, 23 de outubro de 2015
MIKIO, 25; BH, 0110202013; Publicado: BH, 02301002015.
Em febre, sentado numa cadeira, sem
Nenhuma noção do que acontece ao
Redor do universo, sinto como se o
Sol ocupasse o lugar do meu cérebro;
E tremo de frio, com calafrios e
Arrepios e no entanto, um calor sem
Igual toma conta de tudo; suores
Molham-me as vestes e vapores
Embaçam-me a visão; sem nexo, a
Caneta corre num papel, como se a
Mão fosse guiada por uma mão
Dalgum fantasma oculto; e oculto
No escuro, daqui, onde estou, observo
Os outros fantasmas a moverem-se na
Penumbra e a confudirem-se com
Suas sombras; com tanto calor, sinto
Frio nas trevas e um ardor por dentro,
Como se algo fervesse, bebo água
Que não chega-me ao estômago e sai
Toda pelos póros; e com toda
Evaporação, as lágrimas secaram e
Choro um choro indefinido, como se
Não chorasse a ninguém; quem virá
Ao socorro dum espírito assim,
Ressequido, sem óleos lubrificantes
Nas engrenagens, sem sucos nos
Organismos? os músculos estão sem
Fibras, os ossos sem tutanos e a
Coluna cervical sem a medula óssea;
Tudo é só areia a emperrar a máquina,
Um deserto noturno, em tempestade
Tão densa, que os raios do sol, não
Ultrapassam mais as paredes; a luz
Encontra uma névoa de chumbo que,
Se cair da altura em que se encontra,
Na queda, esmagará o mundo.
Do DCM, Memórias de uma advogada libertina. Por ANÔNIMA
Este é o quarto capítulo do folhetim que descreve as memórias de uma advogada libertina. A autora é uma das colunistas mais festejadas da internet, e assina os textos como ANÔNIMA.
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Os demais capítulos:
Na cena final do último capítulo, estou ajoelhada diante de um semi-desconhecido em quem acabara de fazer o sexo oral mais alucinante – e inesperado – da minha vida. Era uma festa com pouca luz e muita gente estranha. Fomos flagrados por uma menina quase bonita que usava o corte mais estiloso que eu já vi na vida.
Ela parecia não ligar muito. Talvez a cena fosse comum em sua vida movimentada e rodeada por pessoas essencialmente livres. Sentamo-nos de volta na sala lotada e cheia de fumaça com a naturalidade de quem não estava na gozando na varanda segundos antes.
Ele estava à minha esquerda com uma das pernas encostadas em mim. Ela, usando uma saia turquesa soltinha e as pernas finas estiradas. Trocamos olhares sugestivos entre um gole e outro – os três, numa reciprocidade quase sincronizada.
- Vamos tomar a última lá em casa? É aqui pertinho.
O tom da voz dela era ébrio, natural e muito safado. Entreolhamo-nos.
- Acho uma boa.
Entramos no carro e felizmente eu ainda podia dirigir, mesmo que mal. Era difícil me concentrar com uma mão insistente transitando entre minha coxa e minha virilha, mas, por sorte, o apartamento dela era a duas quadras dali.
Entramos. Havia um Merlot nos esperando (pois é, aquela noite podia mesmo ficar ainda melhor). Ele abria o vinho enquanto ela se ocupava em me beijar tão repentinamente quanto ele mesmo me fizera ajoelhar horas antes.
Ela tinha mãos delicadas e habilidosas e um beijo quente e feminino. Tocava meus peitos por cima da blusa enquanto passeava a própria língua por cada centímetro da minha boca. Quando abrimos os olhos, ele estava parado, com o vinho em uma das mãos e o pau visivelmente duro. Não esperou o convite e sentou-se conosco no sofá. Serviu o vinho. Bebi um gole enquanto os olhava, imóvel, com um sorriso de canto.
Ele tirou a taça da minha mão – em outras circunstâncias, eu consideraria isto completamente ofensivo – puxou meu cabelo, me olhou firmemente durante precisos três segundos e me beijou com sede. Puxou-me mais para perto. Sentei em seu colo, com as pernas abertas, de frente pra ele. Nos beijávamos enquanto eu cavalgava, ainda vestida, e a anfitriã se divertia com a cena. Mas ela precisava se divertir mais.
Levantei e tirei sua blusa. Ela tinha peitos grandes, muito brancos com auréolas rosadas. Passei a sugá-los enquanto ele a masturbava por cima da calcinha de algodão e ela gemia baixinho com a expressão mais safada que eu veria naquela noite.
Eu não podia lidar com a dimensão do meu tesão. Gozaria ao menor estímulo. Ele tirou a camisa e nós duas – juntas – cuidamos do resto até que pudéssemos vê-lo nu em pelo na nossa frente. Conduzi-a gentilmente para que ela provasse o pau que eu provara mais cedo – e ela o fez com maestria. Ajoelhamos, ambas, na sua frente, e ele tinha uma expressão (que hoje parece patética, mas, naquele momento, era excitante) de rei do harém. Ele revezava o próprio prazer em nossas bocas.
Levantei e sentei para assistí-los. Ela parecia preferir mulheres, mas se divertia. Ao perceber que eu me masturbava gostosamente diante do espetáculo que eles mesmos protagonizavam, ele veio em minha direção e segurou o meu rosto pela segunda vez naquela noite, fazendo com que eu me virasse de costas. Ela era do tipo participativa, e posicionou-se estrategicamente perto da minha boca.
O momento em que ele colocou a camisinha pela primeira vez não estragou o clima, porque eu me ocupava chupando-a. Enquanto seus gemidos incontidos ecoavam pela sala à meia-luz, senti-o me penetrar abruptamente enquanto puxava meu cabelo. Ela gozou primeiro, gostoso, na minha boca, e se afastou alguns centímetros, talvez pela sensibilidade pós-orgasmo, mas eu ainda podia vê-la escorrer, de muito perto, enquanto ele me comia.
Ao abrir os olhos depois do meu próprio gozo, notei que ela me olhava com uma expressão atenta e excitante. Ele pediu que nos ajoelhássemos de novo, juntas. Obedecemos. Nossos rostos estavam juntos, nossos corpos, nus, se misturavam no assoalho de madeira. Ele dividiu o gozo entre nossas bocas e nossos seios.
Não terminamos o vinho. Eu tinha pressa. Me despedi, deixei-os sozinhos e saí madrugada adentro, em direção à casa da minha amiga, onde era esperada. O dia seguinte seria de retorno à minha rotina maçante – mas não exatamente monótona – no escritório.
MIKIO, 26 ; BH, 0110202013; Publicado: BH, 02301002015.
Se há algo para onde gosto de olhar sempre
Quando estou doente é para o céu é do céu
Que vem o remédio que cura-me sara-me
Restabelece-me além desses remédios
Para a alma para o espírito vem também
Para o físico tudo que o universo
Tem a dizer vem através do céu não
Quedo-me de olhar para este azul
Que suaviza meu sofrimento as
Bulas caem caem as receitas com os
Medicamentos as dosimetrias
Certas doente curo-me duma
Hora para outra saro-me fico
Muito bem restabelecido com o que
Os ares celestiais trazem-me maior
Parte do tempo perturbado trancado
Em quarto animal acuado ser
Arredio a evitar contato quando
Abre-se a janela a luz areja o azul
Assedia-me cobiça-me mais do que
Mereço choro em pranto que logo
Em seguida deita-me pronto ao
Sabor das minhas lágrimas adocicadas
Reergo-me inteiro bitelo do
Chão já outro coração a pulsar
Já outro pulso a segurar minha mão
Perguntam-me curiosas vozes
Onde estavas doente? vedes lá aquele
Azul mais azul infinito estava
Lá a receber um remédio a
Receber um tratamento especial que
Logo em seguida deixou-me estratificado
Reparais no que digo se há algo que
Faço questão de reparar é o azul do céu
quinta-feira, 22 de outubro de 2015
MIKIO, 27; BH, 0110202013; Publicado: BH, 02201002015.
Está tudo bem só quero ficar um pouco
Aqui sozinho estou com algumas
Letras por dentro grávido dalgumas
Palavras preciso dar à luz a estas
Crias que habitam-me as entranhas
Geralmente não tenho muita coisa a
Dizer quando digo os surdos não
Querem ouvir quando quero ouvir
Os mudos não querem falar comigo
Não é nada demais é só um momento
De solidão é que preciso cavar uma
Sepultura enterrar um coração
Lastimo o tempo perdido por não
Saber encontrar a razão lamento a
Vida jogada fora por falta de percepção
Choro o medo agudo que emperrou a
Intuição a poesia é sepultura para os
Seres que não amam sepulcro para
Aqueles que só vivem em oração
Não vivem quero é pecar errar com
Deus com todo mundo para ter
Motivo de pedir perdão é que é
Muito bonito pedir perdão pedir
Perdão acompanhado dum choro
Convulsivo comovente é melhor
Ainda a poesia é boa o poeta é que
Não presta não escolhe a palavra
Adequada baixa o nível demais mas
A poesia é celestial o poeta é que é
Infernal a leva ao subterrâneo
Leva-a ao submundo mesmo assim
Não consegue macular a poesia a
Conclusão que se chega é que todos
Estão certos o errado é o ser tirado
A poeta esse é o único torto que
Nasce em terreno impróprio à vida
MIKIO, 28; BH, 0110202013; Publicado: BH, 02201002015.
Vamos guardar lágrimas para o nosso
Futuro muitas lágrimas cada coisa
Tem seu tempo no seu devido rigor
O futuro será o tempo das lágrimas
Se nós não guardarmos as nossas
Lágrimas precisaremos de lágrimas
Alheias de semelhantes até de
Dessemelhantes de parentes repito
A todos vamos guardar lágrimas
Para os tempos vindouros não as
Gastemos todas com coisas vis
Vãs o futuro será de choro choro
Por nossos vivos choro por nossos
Mortos arrumemos uns vidrinhos
Choremos as lágrimas colocaremos
Nesses vidrinhos vamos precisar de
Muitas lágrimas no nosso futuro
Quem não as tiver não sei como
Será para chorar por si pelos
Outros ai de quem não tiver lágrimas
Quando estiver sozinho no escuro
Dum quarto jogado num chão sem
Móveis sem ninguém ai de quem
Não tiver uma alma para chorar por
Si no futuro quem não tiver um
Espírito para fazer companhia
Carpirem juntos ai é tempo de
Guardar lágrimas muitas lágrimas
Muitas lágrimas em todos os
Recipientes das casas vasilhas
Frascos vamos estocar lágrimas
Para os tempos secos áridos
Desérticos não termos como pedir
Lágrimas emprestadas como se
Pede azeite óleo água ai de quem
No futuro sozinho querer pensar
Em si não conseguir pois se
No presente nunca pensou em
Ninguém sem lágrimas terá
Apenas que ranger os dentes
MIKIO, 29; BH, 0110202013; Publicado: BH, 02201002015.
Escreves sabes escrever nós aqui leigos
Temos que tirar o chapéu escreves não
És nenhum Pero Vaz de Caminha um
Luiz de Camões um Padre Vieira ou um
Gil Vicente porém poente escreves é o que
Interessa não és um Antônio Nobre um
Eça de Queirós mas tendes a verve das
Escrituras tendes os veios das letras das
Palavras sagradas consagradas até os
Segredos das profanas digo para ti o
Que ninguém diz escreves não desistas
Não és um Fernando Pessoa nem o
Fernando nem o Pessoa nenhum dos
Que tiraram do limbo mas escreves
Não és um José Saramago nem José nem
Sara a tua escrita nem és um Mago mas
Escreves tens as inspirações celestiais
Tens os limites universais nada te faltará
Quando quiseres escrever escreves sabes
Escrever apesar de saberes ser arte inútil
A escrita já não traz mais aquela sensação
Não excita como antigamente nem traz
Mais luz aos que vivem cegamente nem a
Nós que somos os amantes da arte já não
Nos reconhece mais finge esquiva-se
Fica cada vez mais erradia mas não
Desanimes vamos em busca da emoção
Com aperfeiçoamento com teima de perfeição
Pois é a única arte onde vale a pena ser
Perfeito é com a pena escreves tens
Consciência é o que importa nesta
Época de tão grande falta de consciência
terça-feira, 20 de outubro de 2015
MIKIO, 30; BH, 0110202013; Publicado: BH, 02001002015.
Todo ser humano sonha ser Deus não
Há um que não queira ser santo
Até mesmo o que está prisioneiro
Encarcerado numa cela deve
Passar pela cabeça se fosse um
Deus se fosse um santo sairia
Agora nesse momento de dentro
Dessa cadeia eu mesmo adoro sonhar
Que sou Jesus adoro sonhar que
Curo as pessoas doentes falo para
Falarem que não fui eu todo ser
Humano sonha em ser um anjo perfeito
Igual a Deus faz jejum vigília
Constroem templos igrejas mosteiros
Querem até operar milagres quando
Notam que nunca serão Deus nem santos
Entram em desespero choram inda há
Os pregadores que usam o nome de
Deus para enriquecerem-se pois pensam
Que quanto mais cifras ajuntarem
Mais perto de Deus estarão deixemos
Assim cada um com a própria loucura
Uns a pensarem que são Deus outros
Que são santos outros ainda anjos a
Sonharem acordados em suas celas de
Hospícios mas se olharmos bem cada um
A olhar no fundo de si mesmo nos
Reconheceremos uma grande
Comunidade de loucos uns mansos
Outros mais bravos mas no fundo
Todos loucos a elogiarmos a nossa
Própria loucura alienados unirmos
Aos alienistas que querem fazer de
Todos nós os seus discípulos
MIKIO, 31; BH, 0110202013; Publicado: BH, 02001002015.
Esta hora foi abençoada foi a hora na
Qual meus olhos projetaram nas paredes
O que estava gravado em minhas
Retinas esta hora foi sagrada
Pois foi a hora em que meu coração
Doou seu sangue arterial para matar
A sede dos seres ansiosos do universo
Por isto imortalizei esta hora esta
Hora está na eternidade pois
Foi a hora em que demonstrei
Aos que não creem que é possível
Amar agradeço aos que fizeram
Com que esta hora existisse para
Ser engrandecida no infinito esta
Hora é a hora do meu grito todos
Os ouvidos deixarão de ser moucos
Todos entenderão a mensagem desta
Hora mas muita gente inda é incrédula
Pensa que o amor é inútil a
Paz desnecessária enganam-se essas
Pessoas perdem-se essas parasitas são
Os únicos que nesta hora ficarão de
Fora não receberão a graça do amor
Quando baterem às porta a pedirem
Farinha azeite amparo a carruagem
Estará longe difícil de ser alcançada
Nesta hora chorarão não serão
Infinitos nesta hora nem universais
Não entrarão na porta da posteridade
Lamentarão rangerão dentes tatearão
Nas trevas quem de cá olhar
Para lá ao os verem pensarão que
São sombras refletidas nas trevas
Não os guiarão pelas sombras tenebrosas
MIKIO, 32; BH, 0120202013; Publicado: BH, 02001002015.
Nenhum pensamento em movimento passou
Pelo umbral nenhuma ideia luminosa
Passou pelo portal a cabeça subia só a
Soleira solitariamente com a mente
Solitária mas tenho memórias onde estão?
Tenho recordações de quais tempos? tenho
Lembranças de quais andanças?
Inusitadamente percebeu que não concebeu
Um solidéu não posso ir adiante algo
Empacou no coração como se parasse
De bater bateu com o pé no chão tateou
Com a sola não posso ir adiante há de se
Surgir uma razão todas as explicações
Cobradas do universo serão dadas numa
Só palavra formada por todas as letras
Conhecidas desconhecidas antigas
Novas até as que se encontram debaixo
Das pedras ancestrais as que serão
Encontradas nos planetas dos cinturões
Siderais mas preciso do pensamento como
A casa precisa do alicerce o estômago da
Comida da mesma maneira que a sede
Precisa d'água preciso duma ideia quem a
Concederá a mim? com urgência
Diagnósticos prognósticos com perfeição
Jogaram uma boia de ouro para mim com
O peso em vez de reerguer-me elevar-me
Aos píncaros afundou-me mais no lodaçal
Não era esta a palavra da ansiedade como
Morto não pode desistir não desistirei
Vagarei a eternidade a procurar quem
Sabe não a encontro lá
MIKIO, 33; BH, 0120202013; Publicado: BH, 02001002015.
Uma letra é um raio duma palavra
Que é uma luz um homem sem
Palavra é um homem sem luz não
Vivo sem palavra se perder a
Palavra perderei a vida a palavra
Cura a deficiência cura o aleijão
Que trazemos desde nascença a
Palavra é o remédio que falta nas
Bulas nas receitas nos diagnósticos
Infeliz o cujo que diz não se interessar
Pelas palavras pelas letras coitado desse
Cujo aleijado coxo manco capenga
Pé de cabra quem tem uma palavra
Tem brado imagina quem tem todas
As palavras usa cada uma na medida
Certa na hora certa sem tirar nem pôr
Já o que age ao contrário vira mendigo
Não toma banho não troca de roupa
Não corta o cabelo não faz a barba
Bigode unhas dentes cobre-se de
Andrajos faz de si uma sacola de
Lixo põe tanto ouro em cima que
Não consegue se locomover com
Leveza não consegue dançar com os
Ventos bailar com o orvalho movimentar
Com o sereno tal o peso que carrega
Na justificativa do vale quanto pesa mas
Toda palavra numa boca estúpida é cega
Toda letra numa boca ignorante é
Estúpida toda letra na boca que é uma
Letra é uma letra toda palavra na boca
Que é uma palavra é uma palavra
Toda letra toda palavra numa boca
Que é uma letra que é uma palavra
São a luz que não nos pode faltar
MIKIO, 34; BH, 0120202013; Publicado: BH, 02001002015.
A escrita é tão importante para a
Nossa civilização que quando fôssemos
Escrever deveríamos vestir black tie
Usar letras palavras de ouro ao
Estarmos vestidos a rigor com fraque
Cartola bengala de castão luvas de
Pelúcia reverenciarmos esse ato
Sagrado a escrita é tão importante
Para a nossa civilização que se por
Ventura a matássemos com certeza
Morreríamos juntos um suicídio
Humano coletivo não há como
Abominarmos a escrita seria uma
Heresia uma blasfêmia uma
Profanidade de tão sagrada santa
Santuário a escrita é para a nossa
Civilização penso que cada um
Quando for escrever se não puder
Tomar um banho deveria pelo
Menos desinfetar as mãos repito
Vestir o melhor fato sentar-se à
Melhor mais confortável cadeira
À mesa da mais nobre possível
Portar-se como se estivesse diante
Dum trono do mais simbólico dos
Reis é a escrita que nos eterniza
É a escrita que nos imortaliza é a
Escrita que nos eleva para a
Posteridade é a escrita que alavanca
Nosso espírito nos torna infinitos
Universais não poderia conceber
Nem perceber nem imaginar a
Nossa civilização sem o seu
Berçário de escritas a escrita são
Várias pois a nossa civilização
É composta por várias gerações
Cada geração com a sua civilização
As verdadeiras tábulas da salvação
São as que lavramos com a nossa escrita
A preservação de nossa civilização
MIKIO, 35; BH, 0120202013; Publicado: BH, 02001002015.
Quando será que me conscientizarei de verdade
Sem meias palavras? quando será que me
Conscientizarei apresentarei em meus atos
A postura a atitude da minha conscientização?
Quando será que demonstrarei o produto da
Minha consciência? pois nesta questão inda
Estou a engatinhar estou a andar de gatinhas
Neste quesito de ser consciente não tenho
Nem tomo consciência de nada que órbita ao
Meu redor preciso mudar esta concepção
Mudar esta intuição percepção isto é
Pior do que viver alienado indiferente num
Mundo moderno quem vive assim não vai
Para a frente é necessário pelo menos ter
Consciência de si mesmo se não puder
Ter a consciência universal é o que eleva
Verdadeiramente o ser é a sua consciência
Quero possuir uma já está a passar da hora
Devido ao avanço da minha idade morrer
Inconsciente é o que menos quero quero
Morrer é lúcido sóbrio ciente da vida que
Levei da morte que encontrarei que
Seja isto um fato determinado um ato de
Grandeza de honra uma atitude nobre de
Um plebeu é um comportamento que quase
Não se ver hoje em dia pois apesar de ser
Cobrado no currículo penso que poucos
Apresentam tal gabarito é um gabarito
Imprescindível do qual todos deveriam
Correr atrás para possuírem consciência
A palavra inteira o marco que pretendo
Tomar a partir do marco deste momento
segunda-feira, 19 de outubro de 2015
MIKIO, 36; BH, 0120202013; Publicado: BH, 01901002015.
Todo norte-americano para mim é
Assassino é tão assassino que até
Os que nascem por ora devem ser
Taxados de assassinos é tão grande
A quantidade de seres humanos
Exterminados pelos norte-americanos
Que se cada um se responsabilizasse
Por uma morte inda sobrariam muitas
Mortes a serem adotadas todo yankee
Para mim é um assassino não
Reconheço nenhum como herói são
Assassinos sanguinários depois de
Assassinarem os próprios irmãos os
Peles vermelhas os negros saíram
Mundo afora a exterminar a fazer
De cobaias povos livres soberanos
Que encontravam pela frente depois
De usarem franco-atiradores bombas
Nucleares agente laranja napalm
Arrasa quarteirões B52 tantas
Fortalezas voadoras chegou a vez
Dos drones são aviões robôs não
Pilotados blindados com artilharias
Lançadores de bombas estão
Capacitados a matar em qualquer
Situação indiscriminadamente todos
Tapetes vermelhos que pisam pelo
Mundo são feitos de peles humanas
Desidratadas tingidas de sangue
Sangue humano diga-se de passagem
Derramado por yankees inclusive de
Inocentes crianças insaciável sádico
Sanguinário comete ações ilegais
Bloqueiam nações usam abusam
De arbitrariedades não posso mesmo
Que queira desejar bons tempos aos
Norte-americanos em minhas orações
DCM: MEMÓRIAS DE UMA ADVOGADA LIBERTINA, ANÔNIMA, CAPÍTULO, 3.
Este é o terceiro capítulo das memórias eróticas de uma advogada que, por motivos justos, pediu apenas o anonimato.
No último capítulo conheci muito de perto meu novo vizinho. Ele me ajudou com uma porta trancada e saciou o desejo curioso que me despertara desde que nos conhecemos. Eu deixei claro que sabia que ele era casado na sua saída, enquanto sua esposa surpreendentemente nos observava pela janela.
Depois do episódio no mínimo curioso, passei a observar atenta o jovem casal. Pareciam vívidos, felizes, joviais. E liberais, assim eu esperava. A esposa aparentava vinte e poucos anos bem vividos. Era morena, os cabelos ondulados, escuros e pesados, um molejo de quem conhece a vida.
Trocamos alguns sorrisos de cortesia que escondiam segredos que nossas bocas não contavam. E não contarão, ao menos não neste ponto.
Minha casa já estava satisfatoriamente organizada. Era hora de voltar a viver de verdade: livre como gosto de ser. Resolvi viajar para a casa de uma amiga em Floripa. Praias bonitas, corpos dispostos, festas permissivas: tudo o que eu mais gosto no mundo estaria lá.
Ela me esperava com uma cerveja gelada.
“Vá se vestir, use aquela blusa de Capitu!”
Era uma camiseta com os dizeres “Olhos de cigana oblíqua e dissimulada.” Os meus olhos. Combinei-a com um saia curta, solta e confortável. Fomos a uma reunião no estúdio de tatuagens em que a minha amiga trabalhava. Era um ambiente tão sensual que beirava o sombrio. Luz baixa, muitas referências de cinema e quadrinhos, desenhos criativos estampados nas paredes de uma sala minúscula… e pessoas. Muitas pessoas.
Uma moça no canto da sala, sentada no chão, com um corte de cabelo estiloso; alguns homens tatuados, com camisetas surradas e cabelos fora dos padrões. Atraentes, em geral. Sorriram-me e cumprimentaram-me. Abrimos a primeira cerveja. 8,9% de álcool: aquela noite não seria uma qualquer.
Alguém me passou um baseado de boas-vindas. Aquelas pessoas pareciam transcender a um nível que eu só alcançaria algumas horas depois. A conversa era solta e leve, ninguém parecia deixar de dizer o que lhe viesse a cabeça. Resolvi ir à janela acender um cigarro. Tragava enquanto ouvia o murmúrio sonoro das pessoas na sala, até sentir uma sombra alcançar o meu corpo. Era uma presença masculina. Os cabelos na altura da nuca, os olhos maliciosos e negros demais. Um corpo quase delicado.
“É aqui a área da fumaça?”
Sorri de canto e traguei como resposta. Ele parou perto de mim – perto demais:
“Você tem um isqueiro?”
Em vez de responder, acendi o seu cigarro olhando-o nos olhos e cheguei ainda mais perto. Esperava que ele entendesse o recado. Conversamos qualquer coisa aleatória de que não me lembro mais, até que o ponto alto da noite chegasse.
Ele lançou o próprio corpo contra o meu, lento, mas com uma agressividade medida e pensada, e escorregou uma de suas mãos pelo meu corpo. Tocou meus seios enquanto me olhava com uma expressão dominadora – e enlouquecedora, a propósito. Homens que sabem molhar a calcinha de uma mulher sem usar a língua merecem um lugar especial no céu. Ou no inferno.
Passeou novamente pelo meu corpo, por debaixo da minha saia solta, sem desviar o olhar cafajeste por um minuto sequer. A porta aberta e a possibilidade de sermos flagrados me excitava. Beijei-o furtivamente, e, uma correção: aquilo não foi um beijo. Fui eu lambendo os lábios dele.
Era mais animalesco que um beijo qualquer.
Ele usou a mão que não estava ocupada descobrindo minha calcinha pequena para empurrar o meu rosto, apertando meu queixo e interrompendo meu beijo lascivo. Não entendi muito, mas achava delicioso ser dominada por um quase desconhecido. Sem nenhuma palavra, puxou meus cabelos fazendo-me ajoelhar em sua frente – e neste ponto eu sequer pensava na porta aberta e nas pessoas na sala – e me fez engolir cada centímetro do seu pau. Não pediu licença para me fazer engolir sua porra. Não me deixou esquivar – embora eu não quisesse mesmo fazê-lo.
Eu ainda estava ajoelhada, estupefata e excitadíssima com tamanha ousadia, quando a moça de corte estiloso apareceu na porta e esboçou uma expressão safada e sem o menor resquício de espanto. Ele abotoou as próprias calças, olhou-a e sorriu, cúmplice. Voltamos para a sala e nos sentamos juntos, muito perto da moça. Entre um gole e outro, ela nos olhava mais do que todos os outros.
A noite só estava começando.
Continua …
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