quinta-feira, 2 de junho de 2011

Mingau de sangue de porco; RJ, 080401997; Publicado: BH, 020602011.

Mingau de sangue de porco,
De porco de carne infecta,
Contaminada e deteriorada,
A causar vômito e ânsia,
Só com o cheiro ruim,
Só com a visão repugnante,
Dos vermes gerados ali;
E ao olhar fixamente,
Vejo que entre estes vermes,
Sobressaio eu, o mais porco de todos;
Tomo o meu mingau de sangue e me calo;
Meu coração uiva de miséria;
É a desgraça que bate à porta dele
E ele se debate sem poder abrir,
Pois já está tomado de sangue venoso,
Sangue recusado,
Numa transfusão,
Pois houve reação;
O sangue do porco serviu para mim
E o meu não serviu para ele;
Sangrei na minha hemorragia infinita,
Linchado em via pública,
Por não poder salvar da morte,
Numa transfusão,
Numa hemodiálise,
Um porco morto exorcizado,
Crucificado de cabeça para baixo,
Numa cruz negada e afogada,
No meu vômito de mingau
De sangue de espírito de porco contaminado.

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