Morro de saudade dos morros de Minas
Meias laranjas que teimam em recortar o horizonte
Dos rios preguiçosos que parecem voltar
Fazendo curvas elegantes
Sempre em direção ao mar longínquo.
Morro de saudade da cidadezinha do interior
Do galo que canta ao alvorecer
E do outro que responde co-co-ro-co-có
Até que os cale a força da manhã.
Morro de saudade da palmeira solitária
Que sustenta simétricas folhas bem longe do solo
Num desenho harmonioso de linhas retas
E despojadas.
Morro de saudade da rua de paralelepípedos
Que faz ecoar os passos
Do mineiro desconfiado
Porque as coisas são como são
Mas não o revoltam.
A estrada de Minas é sempre vigiada
Pelo boi que balança o rabo filosoficamente
Concordando em que as coisas são sempre assim
E mudá-las que há de?
Mas esta é apenas uma Minas
Muitas outas há
Por isso se diz
Minas Gerais
É por ela que eu morro de saudade.
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