quinta-feira, 2 de junho de 2011

Um agogô e um pandeiro e um tamborim; BH, 020701999: Publicado: BH, 020602011.

Um agogô e um pandeiro e um tamborim,
Qualquer instrumento musical,
De origem africana ou não,
O agogô é o que é formado por duas campânulas,
De ferro, conjugadas, de tamanhos diferentes;
Tamborim era de pele de gato,
Hoje é de plástico, de impermeável,
Tanto quanto o pandeiro,
E o tantã e a tumbadora;
Entra o cavaco chorão
E a viola temperada,
Onde anda o samba de raiz?
Onde anda o verdadeiro pagode?
Não deixa o samba agoniar,
Não deixa o progresso provocar
A agonia do samba;
Não deixa a tecnologia,
Afligir o pagode de fundo de quintal,
O samba de terreiro,
A voz do morro;
Ah, é preciso impedir a inquietação,
Da beleza do samba canção e
Preocupar em preservar,
A raiz do samba sincopado,
O samba de breque;
Precisamos nos irritar,
Com os falsos pagodeiros,
Os falsos sambistas,
De sambas comerciais,
Sem poesia e arte,
Sem cultura e paixão,
Sem malandragem e malícia;
Barrar o estado agônico do samba,
O som agonizante do surdo;
O samba está em agonia,
Está moribundo,
Está em decadência;
Cartola, Candeia, Noel,
Não deixeis o samba agonizar,
Não deixeis mortificar o samba.

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