sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Pausa para Nietzsche; Para o Mistral; BH, 0230102010.

  Para o Mistral
                                       Canção para dançar


Vento mistral, caçador de nuvens,
Matador de tristeza, varredor do céu,
Tu que muges, como te amo!
Não somos nós dois as primícias
De uma mesma origem,
Com a mesma sorte,
Eternamente predestinados?

Lá, nos deslizantes caminhos de falésia,
Acorro dançando a teu encontro,
Dançando, enquanto assobias e cantas
Tu que vens sem navio e sem remos,
Como o irmão mais livre da liberdade,
E te lanças nos mares selvagens.

Apenas acordado, ouvi teu apelo,
Desci as falésias,
Até o muro amarelo do mar.
Saúde! Já como as claras ondas
De uma torrente de diamante, descias
Vitoriosamente da montanha.

Nos ares nivelado do céu,
Vi galopar os cavalos,
Vi a carruagem que te leva.
Vi até mesmo o gesto da mão
Que, no dorso dos cavalos,
Como o relâmpago baixa seu chicote,

Eu te vi saltar da carruagem
Para acelerar tua corrida,
Eu te vi correr como uma flecha e
Tombar diretamente no vale,
Como um raio de ouro trespassa
As rosas da primeira aurora.

Dança agora sobre mil dorsos,
No dorso das ondas,
Das ondas pérfidas -
Saúde a quem cria danças novas!
Dancemos de mil maneiras,
Que nossa arte seja denominada - livre!
Que seja chamada gaia - nossa ciência!

De tudo que floresce tomemos
Uma flor para nossa glória,
E duas folhas para uma coroa!
Dancemos como trovadores,
Entre os santos e as putas,
Dancemos
Entre Deus e o mundo

Aquele que, com os ventos, não sabe dançar,
Aquele que deve se envolver em mantos,
Como um velho enfermo,
Aquele que é hipócrita,
Arrogante e virtuoso como um ganso,
Que deixe nosso paraíso.

Sacudamos a poeira dos caminhos,
No nariz de todos os doentes,
Espantemos os rebentos dos doentes,
Purifiquemos a costa inteira
Do hálito dos peitos secos
E dos olhos sem coragem!
Expulsemos quem perturba o céu,
Enegrece o mundo, atrai as nuvens!
Clarifiquemos o reino dos céus!
Mujamos... tu, o mais livre
De todos os espíritos livres, contigo
Minha felicidade muge como a tempestade

 - E, para que essa lembrança
Dessa felicidade seja eterna, toma a herança,
Toma essa coroa contigo!
Atira-a para cima, atira-a mais longe,
Apodera-te da escada que leva ao céu,
E amarra-a - nas estrelas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário