quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Guimarães Rosa, Os três burricos; BH, 0150202012.

Por estradas de montanha
Vou: os três burricos que sou.
Será que alguém me acompanha?
Também não sei se é uma ida
Ao inverso: se regresso.
Muito é o nada nesta vida.
E, dos três, que eram eu mesmo
Ora pois, morreram dois;
Fiquei só, andando a esmo.
Mortos, mas, vindo comigo
A pesar. E carregar
A ambos é o meu castigo?
Pois a estrada por onde eu ia
Findou. Agora, onde estou?
Já cheguei, e não sabia?
Três vezes terei chegado
Eu – o só, que não morreu
E um morto eu de cada lado.
Sendo bem isso, ou então
Será: morto o que vivo está.
E os vivos, que longe vão?

Guimarães Rosa;
Marjolinha;
Publicado: BH, 01º0402013.


Ai de mim -
Te vejo…
Esmolinha que me dás:
Uma aurora
E um
Seixo;
E quanto digas
Quanto faças
Quanto és
- Princesa! -
como ruidoso é o mundo
E redondo o mar.
As estrelas são boizinhos
Que de dia vão pastar.
Carlinhos me deste;
De ti vou dizer:
Maria me aria
Quero teu pensar
Quero teu celeste
Quero teu terrestre
Quero teu viver.
Onde, onde, onde
Estás?
Vou medir teus gestos
Vou saber teus passos
Varia do centro
Maria do sempre
Maria do amar:
Em ti quero estar.


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