Minha história
Era uma vez
Lembro-me muito bem
Era menino pequeno
Idos de sessenta e quatro
Levava o almoço do pai
Estava no trabalho na venda
Ao chegar lá
Não o encontrei
Só os tios Gaspar
Manoelzinho
Volta para casa
Já mandei avisar
Mandei um bilhete
Não o receberam
Seu pai foi preso
Comunista foi preso
Falou a vizinha para mim
Escondida dentro do quarto dela
Com medo na voz
Mamãe não estava em casa
Havia saído em peregrinação
Atrás do marido de quartel
Em quartel a procurar
A nossa casa virou pré-histórica
Cortaram a luz
Cortaram a água
Entupiram o esgoto
A gente cagava numa lata
Jogava no mato
Envenenaram a água
Que apanhávamos fora
Para trazer para casa
Quando bebíamos dela
Todos vomitávamos
Ou tínhamos diarreia
Lembro-me
Pai voltou depois
Voltou vivo morto-vivo
Quantos pais ficaram por lá
Mortos-mortos
A eloquência dos versos
ResponderExcluir" (...) Meu pai voltou depois,
Voltou vivo, morto-vivo,
Quantos pais ficaram por lá,
Mortos-mortos."
E de dor, sangue e morte, as páginas da história
foram sendo escritas.
O poema me transporta para aqueles tempos em que o acesso
à informação era raro e em que predominavam os mesmos interesses
capitalistas internacionais dos dias atuais.
A confusão sobre socialismo, comunismo e capitalismo
ainda alimenta os apoios aos equívocos da história.
A geração " Só a cabecinha..." como denominada pela Revista
Galileu, de julho último, ainda não entendeu nada dessa matéria,
nem sabe nada de Brasil.
Agora, como no passado, muitos ainda permanecem
alienados.
Um dia, fatalmente despertarão.
Espero que não seja no Umbral.
Carmen, muito obrigado mais uma vez pelas palavras e pelo acompanhamento, certamente a mídia priva a juventude da verdadeira História, os seus lacaios estão aí para isso, grande abraço, respeito e consideração!
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