A poesia abandonou-me mortalmente
A sangrar no limbo intersideral nem no
Poema mais folhas de relvas na obra de
Destaque a poesia que sobreviveu era
De araque estanquei a hemorragia para
Que o sangramento não matasse a poesia
Todo dia em minha falsa vida tive um
Livro rasgado quando não era A Carne
Era o Prazer do Sexo quando não era
As Flores do Mal eram os livros espíritas
Não vivi a era da inquisição nem a
Época do Hitler vivi a ditadura cotidiana
Da religião de seus seguidores que
Pensavam que poderiam destruir meus
Autores mas não exterminaram a
Cultura a Cultura finda com o fim da
Civilização mas os incivilizados findam
Antes do tempo os aculturados exóticos
Transformam-se todos em religiosos
Fanáticos retrógrados conservadores
Querem acabar com os costumes com
As tradições progressistas com os
Folclores não entendem que não
Preciso de religião preciso de poesias
Preciso de poemas de Cultura a máxima
Cultura que os livres pensadores nos
Deixaram por herança a poesia
Abandonou-me a madrugada os
Ventos as sombras a arte abandonou-me
Fiquei órfão das obras de arte das
Obras-primas que adotaram-me a solidão
Abandonou-me nem solidão tenho mais
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