Esta compulsão que sinto em escrever
É hora de parar pois nem sei mais o que
É que saio a escrever nestas linhas deste
Papel alguma mão há de agarrar meu
Pulso não soltar prender meu pulso
À outra mão que não queira escrever
Decepar este braço deste corpo que é
Todo dum composto de letras de
Palavras de literaturas de bibliotecas
Que este braço seja acoplado a outro
Corpo que não seja nada de antologia
Poética esta compulsão que faz com
Que não exista se não estiver a compor
Um hino aos corvos aos seres corcovados
Aos velhos encurvados aos ossos
Encovados se este cérebro não estiver
Dentro dum crânio milenar este
Cérebro não é este cérebro quem toma
Conta deste cemiteriozinho este canteiro
De fósseis é este cérebro neandertal é
Esse que é o coveiro-mor que nunca
Enterra sim desenterra das covas os
Resquícios ósseos os vestígios de
Ossadas os pedaços de crânios doutras
Caveiras de crânios consagrados reencarna
Esses ossos reencarna essas ossadas à
Posteridade às galerias clássicas às odes
Líricas enfim sossegue esta mão no
Altar dalguma coluna no cimo dalgum
Pedestal de cordilheira nalgum planeta
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