Ninguém no céu ninguém no inferno
Está todo mundo aqui avisa aí de
Porta em porta de janela em janela
De casa em casa está todo mundo
Aqui a Maria Lavadeira as cantigas
Das beiras do rio Pedro Moleiro Jairo
Bonfim a tirarem samba de terreiro
A festa é aqui mulatas requebradeiras
Negras passistas mucamas sonhadoras
Malandros rifes a comandarem o samba
De roda ninguém cai ninguém sobe
O partido alto do antigo pai Candeia
Está mais moderno direto da veia
Samba canção meu irmão samba
Sincopado samba de mesa Teresa na palma
Da mão samba letrado tirado a intelectual
Mas a escola é no morro isso não sai no
Jornal o samba é um só cada um canta
Como quer canto samba assim me
Sinto contente quem não gosta de samba
É doente do pé ninguém viveu ninguém
Morreu só o dia para nascer a noite
Depois a noite para nascer o dia nasceu
Na senzala nasceu nos quilombos nasceu
Nas favelas o predicado é batuqueiro
Pagodeiro a baiana mais bela a rodar
Manivela a tirar água do poço salve
A Bahia seu moço samba tantas vezes
Imortalizado não há de ser assim
Desprezado nem morrerá de agonia
Já está eternizado noite dia cantado no
Útero de minha poesia nasceu nasci eu
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