Hoje sinto-me um envernizador ou um polidor
Não trago mais o ar enrugado nem o semblante
De quem tem verrugas minh'alma é uma enviada
O espírito como um barco que recebe doutros o produto
Da pesca o leva ao porto passo longe do torto distante do
Oblíquo não ando em viés mesmo com telhado envidraçado
Com o teto feito coberto de vidro não temo as pedradas dos
Adversários nem as adversidades não tremo enviesado como
Se fosse um flácido posto ao viés ou fraco cortado obliquamente
Sabeis daquele vocabulário envinagrado com teor azedo sinônimo
De zangado já deixei de lado não falo mais tão enviperado a
Demostrar que estou irado detesto enviperar a humanidade não sou
De irritar a natureza nem de encolerizar-me com os outros quando
Chegam a chuva o vento o sol o sereno o orvalho gosto de
Arranhar-me só de prazer faz-me sentir vivo odeio quem é de
Enviscar um galho para apanhar um passarinho não preparei
Meu filho para untar com visco o graveto isto é engodar quem faz isto
É quem deveria ficar preso no visco deixar-se prender por não saber
Seduzir é quem deveria envisgar o próprio ser com uma envôlta de aço
Ou uma faixa de ferro ligadura de metal para nunca mais se sentir livre
Hoje sou envolvente como uma criança cativante envolvedor qualquer
Envoltura emociona-me sinto falta dum envolvimento igual a criança
Da mantilha que a envolve não sinto mais falta da enxabidez dos tempos
Idos hoje sou moderno os tempos são modernos o Século é o XXI
Quem tem coragem de me chamar de sem graça insípido desenxabido
Ou enxabido? só o invejoso enxacoco que fala mal até numa língua
Estranha um trapalhão feito que não tem apagoge nem o raciocínio
Em que de fator isolado se tira a conclusão geral pelo menos sei que
Tenho indução um pássaro livre que não acha beleza em alçapão
Enxadrezado ou solar dividido em quadrados à maneira do tabuleiro de
Xadrez onde dois se fingem de sábios o saber que apresento não é o
De enxaimel é mais firme que cada uma das estacas ou grossos caibros
Que com as varas constituem o engradado das paredes de taipa destinado
A receber o barro amassado os enxaiméis que me atormentavam ficaram
Todos no passado não me sustento em qualquer enxalço ainda mais o
Pequeno arco sob a verga da porta ou janela quando olho o futuro só
Penso em enxalmar meu ser para chegar macio nele faço da dor um
Enxalmo do sofrimento uma manta que se põe sobre a albarda para lhe
Aplanar o assento quanto mais manta mais pelego o desespero do medo
Do futuro desaparece imediatamente é só estar preparado certo tal a
Enxama a cavilha de madeira na borda da canoa onde joga o remo o
Meu choro então não restará mais enxambrado mal enxuto um tanto úmido
Agora é seco sem resíduo de lágrimas hoje penso que se algum dia
Descobrir o segredo dum Eça ou dum Pessoa dum Saramago
Camões não perderei mais a segurança da enxárcia do conjunto de cabos
Fixos que seguram os mastros mataréus não mais precisarei enxarciar
Nem guarnecer nem aparelhar o meu navio gostarei de olhar fundo nos
Olhos daquele que terá coragem de me chamar de pobre não tenho mais
Enxovalho nem sei o que é enxovalhamento produzo mais do que a
Enxofreira mais útil do que a sulfureira mais ativo que o vulcão que
Desprende gás sulfídrico mais doce do que o aparelho produtor de açúcar
Não se preocupeis mais em enxofrar meu corpo não é mais necessário
Polvilhar preparar com enxofre para desinfetar meu corpo sou um
Ex-ressentido um ex-agastado um ex-amuado aquele enxofrado de
Antigamente morreu no meu organismo nos meus elementos não existe
Mais lugar para a enxofradeira a máquina para pulverizar flor-de-enxofre
Nas plantas atacadas por moléstias parasitárias o pulverizador d'água
Enxofrada virou peça de museu se for para enxiar o passado o presente
Ao futuro, deixarei o navio à deriva não quero mais atar ligar o presente
O passado o futuro com um cabo à ancora ou à amarra hoje a simples
Experiência da enxerta da enxertadura do enxerto virou transgênico o
Enxertador o que criava a laranja com limão virou doutor em genética hoje
Falo sem ser enxerido falo sem enxerimento pois não sou intrometido
Nem xereta no assunto alheio não faço intromissão mas no meu sou
Rochedo sou fortaleza sou enxertário trago a reunião de cabos do navio
Que seguram as velas aos mastros não sou perfeito porém procuro a
Perfeição procuro a coragem a liberdade a vida ando atrás da
Fraternidade da irmandade pois sei que sou bom sei bem não sou ruim
Não sou personagem do mal gosto de fazer o bem procuro prego o fim
Da covardia da injustiça às vezes calo pois um enxu só não faz efeito são
Necessários vários enxus pois em casa colmeia de vespa ninguém quer
Meter a mão
Hoje sou consciente exato tal a epacta o número de dias
Que se juntam ao ano lunar para igualar ao ano solar
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