E hoje aprendi muitas coisas já posso dizer
Que sou quase um sábio com minha astúcia
E audácia e até já sei observar um sabiá em
Cima dum muro e converso com calangos e
Salvo besouros e mariposas e borboletas e
Os caramujos para não serem atropelados e
Agora sou um sábio e não tão sábio quanto
Um sabiá ou um calango mas sou um sábio
Também e sem modéstia já sei olhar o céu e
Decifrar as nuvens e de noite namoro a lua e
Canto às estrelas e conto as estrelas e gosto
De perder a conta para começar a contar tudo
Outra vez e sem errar e erro de propósito e
Volto a contar pois não há nada mais sábio
Do que contar estrelas numa noite iluminada
E o mais importante de tudo nesta vida batizo
Cada estrela e dou nome a uma por uma e
Dou nome mesmo e não números pois as
Estrelas gostam de ser chamadas pelos nomes
Próprios e as abençoo e as bendigo e as glorifico
E lá para de madrugada quando paro de
Conta-las vou dormir e acabo por sonhar
Que estou a cantar e a contar estrelas e
Acordo e vejo que estou realmente a cantar
E a contar estrelas e é um grande exercício
De inteligência e sabedoria e audácia e fé e
Coragem e as estrelas brilham cada vez mais
Quando percebem que há um velho contador
De estrelas cá aqui acolá ali à espreita e brilham
Tanto que chegam a embaçar as minhas
Embotadas retinas de míope mas com
Lentes artificiais implantadas.
BH, 0230202020; Publicado: BH, 0160502022.
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