Ficarei a dever pelos caminhos minha pele para pergaminhos
Meu couro enegrecido curtido para manuscritos
E deixarei pelas estradas tecidos abstratos por dívidas
E pagarei com olhos oblíquos da cara pálida para honrar os compromissos
E se os agiotas não ficarem satisfeitos pelas encruzilhadas
Estenderei ossos do meu esqueleto concreto e a marca da
Caveira pelos territórios dos tempos inglórios
E não mais ficarei a dever nada aos fiadores e os
Avalistas ficarão satisfeitos pois já beberam sangue fresco
Primeiro o venoso venenoso e depois o arterial artificial
E paguei tudo tintim por tintim e os cobradores
Não falaram mais mal de mim e foi dente por dente
E foi olho por olho e levei tapas na cara e virei a outra face do rosto
Para a caravana e quem deve apanha até de quem não deve
E não reclama a história passou a ser outra e vou querer o troco
Já paguei o troço demais por conta e fiquei com crédito
No mercado e com ufanismo exponho as cicatrizes
De ralado relhado neste relato e as retinas furadas e as marcas
Do arrastamento pelo asfalto e a noite me pegou
Ainda em frangalhos e segurava na mão com dedos mortos
Meu patuá feito com meu osso sacro e era a fé cega que me restava
E que me fechava o corpo e me abria a alma e alcei Alceu
Um voo interminável e pousei na elevação a olhar
O horizonte de ouro que do mar surgia.
BH, 0100402020; Publicado BH, 0300502022.
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