Puta que pariu não pari mais porra nenhuma
Parei de parir a poesia que sempre me fez
Existir agora todos que me olham começam
A rir pois ali jaz um paridor ex-poeta com uma
Pena defunta na mão perpassa o olhar cego
À procura duma encantação tudo que
Encontra é uma borboleta sem perna a tentar
Se equilibrar a bater as asas sem
Forças para voar o triste é que o Deus
Que a criou não a ajudará o céu azul
Que suas asas refletem sem ufanismo
Não se turvará quando deixar de
Resistir os sapos que cantam de
Noite na Enseada das Garças não
Fazem serenatas para ela as rãs
Que coaxam parecem zombar dela
De mim dois seres pela metade
Dela falta uma perna quase a vida
Que se esvai deste moribundo subterrâneo
Tudo até a poesia que era o alimento
De todo dia o pão sagrado a água benta
A hóstia consagrada tudo está consumado
O cálice não foi afastado o
Vinho que serviram não servia
Não era sangue para o vampiro da
Poesia os que riem não sabem o
Que dizem não sabem o que fazem
Alimentam-se de terra mas a digerir
Terra a quebrar os elementos a união
Dos átomos a força motriz quando
Fecham a torneira do chafariz o que
Esperam os insensatos que não sabem
Encontrar no cotidiano o elo perdido
A perna quebrada da pobre borboleta?
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