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domingo, 9 de março de 2025
sexta-feira, 7 de março de 2025
terça-feira, 4 de março de 2025
escrevo versos
escrevo versos
escrevo versos contra o imperialismo
escrevo versos contra o capitalismo
fazer o que escrevo versos contra
o neoliberalismo a globalização
escrevo versos contra as elites
a burguesia o militarismo os militares
seus golpes contra a democracia
quem necessita de militares apátridas
vira-latas lesa-pátria entreguistas?
escrevo versos contra a plutocracia
o mercado financeiro que mata de sede
de fome de frio de violência
escrevo versos contra o racismo
o nazismo o fascismo as religiões
os bancos o sistema sanguinário
o que que se salva hoje na era moderna?
há como não se sentir vazio?
é a única saída escrever versos?
alguém aí quer saber de versos?
deveras a verdade não impera
o dinheiro compra a verdade
os versos são jogados no lixo
não dizem nada esses versos mudos
não dizem nada esses versos surdos
mamãe papai encontrei uns versos no lixo
que luxo minha filha leia para nós
escrevo versos
BH, 030302025; Publicado: BH, 040302025.
sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025
nas últimas esta nossa geração já está nas últimas
nas últimas esta nossa geração já está nas últimas
nas cordas na corda bamba no chão do ringue
depois dum direto fatal letal que a espatifou o
queixo foi a nocaute esta nossa geração já passou
da hora agora é dar a vez à geração vindoura à
nova geração que venha sem negação que venha
cheia de gás ânimo disposição para a luta fé foco
sem preguiça sem azar com sorte com vida sem
morte com norte se chegar com o rabo entre as
pernas adeus viola se chegar intimidada no
primeiro sapeca ai ai da vida abre o cadeado não
fecha mais aí é levar gol fácil nas costas do destino
no contrapé é levar frango toda hora goleada vaia
zoação da torcida doméstica surra da torcida
adversária fora as bolas fora os pés enrolados nos
tapetes tropeções nos carpetes pescoções
mata-leões dos seguranças balas perdidas forjados
das polícias desprezo da burguesia humilhação da
elite então nada de dar mole aos vira-latas de plantão
nada de abanar o rabo se abaixar demais mostra a
bunda para sobreviver é dar uma de cão danado
cachorro louco com raiva com cólera é fazer por onde
ser respeitado respeitar a aplicar a mais importante lei
de newton bateu levou com troco graúdo sem miúdo
BH, 0110202025; Publicado: BH, 0280202025.
segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025
sozinho não tenho mais esperança
sozinho não tenho mais esperança
de seguir caminho velho leão na
pata o espinho não encontrei o
àndrocles para retirar o cardo ou
o cravo espetado na mão jesus
não posso sair da caverna não
tenho como ficar alerta inimigos
cercam-me predadores hienas
famintas corvos querem meus
parvos olhos míopes com
glaucoma abutres abduzem
minhas carnes urubus arrebatam
minhas carniças falcões açores
gaviões carcarás águias harpias
todos os tipos de aves de rapina
querem furar minhas cansadas
retinas picar meus ossos lobos
maus me cercam nas estepes fujo
para as predarias busco refúgio
nas falésias corro nos precipícios
ecoam os ais dos meus gritos
apelo à minha sombra não me
abandones à beira da estrada
corres de mim o quanto podes
nem olhas para atrás tens medo
de te transformares numa estátua
de sal estático tento espantar o
mal espantalho no assoalho
assombração detrás da penumbra
eclipse elipse faço a curva à
velocidade da luz na centrífuga
ou na centrípeta dou de cara com
o muro do paredão onde levo um
murro caio de cara no chão me
ralo no cascalho o reflexo do
cristal me ilude a ilusão é de vidro
fosco no lusco-fusco translúcido
quase opaco turvo sem ângulo reto
perco a reta obtuso não cruzo o
final das paralelas minhas querelas
BH, 040202025; Publicado: BH, 0240202025.
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025
terça-feira, 18 de fevereiro de 2025
septuagenário poeta cavaleiro andante sem rocinante
septuagenário poeta cavaleiro andante sem rocinante
sem sancho pança dulcineia del toboso a enfrentar
gigantes sem fazer justiça pois injusto sempre
fruto podre da sociedade decadente perdeu a
luta para a burguesia a peleja para a elite esmagado
pelo estado manteado pelo sistema lunático anjo
caído melancólico almeja o duelo bucólico porém
pisoteado pelos vassalos feudais espadado pelos
senhores medievais quase virou batata assada nas
mãos do santo ofício numa fogueira da inquisição
quando mandou parar a procissão amassado elmo
de mambrini do barbeiro que usa a bacia de fazer
barba na cabeça como proteção de chuva de sol de
volta agora poeta septuagenário sem poesia sem
poema de dores gemas em cima do catre lamentes
em lamúrias as batalhas perdidas ainda abertas as
feridas a expor as carnes envelhecidas mais mortas
do que vivas vês as assombrações assombrado as
aparições aparecidas nas sombras desaparecido
todas querem levar o ancião ansioso pela mão aí
então rejeita ajuda da morte o mais que pode um
dia terá que ceder pois não controla mais nem a
vitrola nem a radiola ou a rabiola ou os estados
fisiológicos a sofrer com os patológicos mórbidos
um dia plainará sobre os negros castelos medievais
BH, 0110202025; Publicado: BH, 0180202025.
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025
quem quiser falar alguma coisa que fale agora
quem quiser falar alguma coisa que fale agora
ou então que se cale para sempre pois vou me
calar para sempre nem quero falar mais nada
chega de querer falar alguma coisa quem não
tem nada para falar vou nascer mudo todo dia
até o último dia da minha vida ou o primeiro
da minha morte todo mundo tem uma morte
aboletada no cangote tenho mais duma que
até carrego uma duna já perdi as contas de
quantas mortes levo no cacaio tantas quantas
as estrelas dos céus tudo porque não consigo
esquecer essas mortes igual todo mundo
esquece porém o dia no qual aprender vou
até ensinar morto a viver vou ser professor
de vida de sorte que afasta o azar abre um
atalho faz um corte um talho dali sai a luz
todo mundo precisa duma luz para ser um
iluminado ter previsão premonição sensação
ter emoção para valer a pena a intuição fazer
alguma coisa que evite parar o coração que
já está sem adrenalina perdeu o testosterona
falhou a libido enfraqueceu o poder de
potência do anão plenipotenciário
serventuário da estagnação falso taumaturgo
quem pediu um milagre ficou frustrado
invisível ignorado ignorante na esquina era
uma vez uma saga era uma vez uma sina era
uma vez nem sei mais o que era nunca fui
não sou nem nem nunca serei nem sei quanto
mais rainha minha alma erva daninha arranca
então pela raiz a vida desse falso aprendiz
BH, 040202025; Publicado: BH, 070202025.
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025
segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025
domingo, 2 de fevereiro de 2025
nasci naquela serra lá detrás dos montes
nasci naquela serra lá detrás dos montes
no fim da linha do horizonte bebi água
benta abençoada da fonte água potável
do pote água doce da moringa
aguardente boa forte cachaça pinga de
cabeça na cabaça na cuia na cumbuca
para encher o regaço de cauim batida
no pilão no pé do fogão à lenha no
cuspo no chão masquei fumo de rolo
cheirei rapé fumei cigarro de palha
não me atrapalha com as tralhas tálias
jarros vazios panelas de barro tabatinga
argila engenho cana caiana felizmina
felizmente donana naninha nonada
não vó vô vou voo voou passarinho do
ninho espantou feio menino ladino
malino sem destino na água barrenta
do rio riacho regato córrego pinguela
cancela ribeirão meu coração sangra
açude acode acorde trovão olha a chuva
não corres não que é em vão faz ficar
são cura saracura pendura pindaíba
rapariga levanta saia mostra os tesouros
vales morros grutas valas locas cavernas
florestas virgens negras pretas índias
ciganas dizes com quantos paus se faz
uma canoa varoa varão cajado vara
consolo consoles a viúva que viu a uva
no terreiro no terreno provou do veneno
não mais levantou nem abaixou a saia a
luz do poste do lampião iluminou o caminho
BH, 0150102025; Publicado: BH, 020202025.
sexta-feira, 31 de janeiro de 2025
quarta-feira, 29 de janeiro de 2025
Mangueira 1992 6/15 - Se todos fossem iguais a você
Mangueira vai deixar saudade
Quando o carnaval chegar ao fim
Quero me perder na fantasia
Que invade os poemas de jobim
Amanheceu...
O rio canta de alegria
Aconteceu...
A mais linda sinfonia
O sol já despontou na serra
Doirando o seu corpo sedutor
O mar beija a garota de ipanema
A musa de um sonhador
É carnaval
É a doce ilusãoé promessa de vida no meu coração
Vem... vem amar a liberdade
Vem cantar e sorrir
Ver um mundo melhor
Vem meu coração está em festa
Eu sou a mangueira em tom maior
Salve o samba de terreiro
Salve o rio de janeiro
Seus recantos naturais
Se todos fossem iguais a você
Que maravilha seria viver
segunda-feira, 27 de janeiro de 2025
GUSTAVO PETRO, PRESIDENTE DA COLÔMBIA
sábado, 25 de janeiro de 2025
no último lance fui salvo
no último lance fui salvo
por minha cabeça no cadafalso
tirei uma carta mágica da manga
o laço do pescoço o pescoço do cepo
segurei a mão do carrasco
impedi o algoz de calar minha voz
fiz ver ao verdugo que
não era uma pessoa cruel ou
um tirano sanguinário
era só um signatário do universo a pedir
passagem pelas passarelas das paralelas
evitei então o pior dos piores
com os meus argumentos fragmentos
seguimentos de retas me livrei enfim
do fim ai de mim
não mereço ser enterrado num jardim
sou flor ruim pode ser que melhore
nelore noutra vida não nesta que
já estou com pressa
não tenho mais tempo para morrer
se não consegui nem viver
agora vou ver o sol nascer
a lua sorrir
as coisas felizes acontecem mesmo
para quem não quer ser feliz
é muito fácil ao aprendiz
já ancião tentar aprender o que
quiseram ensinar a quem desdenhou a vida toda
não é mais forte para tirar a morte
que montou no cangote
dá vários botes mas
não é bom peão
não joga a morte no chão
que rodeia igual pião
não o larga de mão
até o levar ao caixão
adeus meu irmão
BH, 01801202024; Publicado: BH, 02501002025.
terça-feira, 21 de janeiro de 2025
sábado, 11 de janeiro de 2025
depois que te perdi quero mais é me perder
depois que te perdi quero mais é me perder
mais ainda até do que já sou perdido não
importa-me mais ser ou não ser ter ou não
ter navegar ou viver tudo que me interessava
só me encontrava em ti procurava noutras
regiões outros elementos estados de matérias
átomos moléculas organismos nada me
satisfazia única hora em que sorria era a
hora em tua companhia de que adianta
vegetar comatoso paliativo só? não vale a
pena gestar sem ti tudo fiquei com a alma
mais pequena quando ando nem minha
sombra cresce mais nada mais me faz sentir
nada mais me faz sentir gigante igual me
sentia quando estava ao teu lado resignei-me
na minha insignificância de anão vira-latas
pequenez cachorro pé duro foba sem pedigree
cão caim sem dono até hoje errante pelo
mundo sem manjedoura abrigo sem estábulo
albergue aonde andarão teus braços que me
abraçavam tuas pernas que me levavam teu
corpo que me protegia cobria o meu quando
estava com frio aonde andará agora o meu
brio? foste partiste nem disseste adeus fugi
corri louco pelas ruas só deus sabe o que queria
ainda bem que a morte já andava noutras freguesias
BH, 02801102024; Publicado: BH, 0110102025.
terça-feira, 7 de janeiro de 2025
ainda me falta o que o sol me prometeu
ainda me falta oque o sol me prometeu
porém não sou prometeu não roubei o
fogo não roubei nada do sol nenhum
raio só ainda me falta o que a lua ficou
de trazer para mim não abriu a porta
de nenhum de seus quatro quartos me
deixou de fora tive que uivar igual a
um coiote um lobo de pradaria fiquei
com raiva de lobisomem a assustar
donzelas nas passarelas das clareiras
das florestas a culpa não é minha não
cumpriram com as promessas das
profecias que me fizeram aí todo dia
espero o sol sentado no meio-fio aí
toda noite espero a lua na esquina da
rua me vem uma travesti nua a me
enganar com a sua carne crua nervosa
sem tempero que agonia que desespero
que ânsia não tenho dinheiro tenho que
correr no corredor até ao banheiro do
balneário que está mais para carandiru
barrela de plínio marcos panela de
pressão quase acabei numa cela fétida
duma delegacia suspeita repleta de
policiais bandidos assassinos ávidos
pela vida dum sem destino deus
clandestino com alguns trocados me
livrei de ver o sol nascer quadrado
corri para o barraco a lua atrás de mim
entrei na favela os bofes pela goela no
barracão fechei a porta fechei a janela fui
dormir que amanhã é dia de bala perdida
BH, 018012024; Publicado: BH, 070102025.
quinta-feira, 2 de janeiro de 2025
uma carta póstuma dum morto para um morto póstumo
uma carta póstuma dum morto para um morto póstumo
dois dias para um ano da tua morte continuo com a
sorte de sentir saudades eternas de me sentir forte para
poder chorar a culpa do meu azar de não ter ido no teu
lugar o que que quererei fazer aqui sem ti? o mundo
perdeu o significado não tenho mais lugar para olhar
gostava de mirar tua face tuas miragens tuas viagens
pelo universo teus devaneios de reminiscências tuas
reverberações vibrações redemoinhos agora vivo aos
volteios pelos cômodos do barracão pelas cômodas do
barraco na encosta do barranco que margeia a boca da
favela aperto a fivela aperto a arruela apago a vela de
sete dias fecho o botão sinto sopro no coração não é de
vida sinto tonturas não é de bebida sinto falta não é de
comida sinto falsidades sinto tudo que não eras mentiras
hipocrisias preconceitos defeitos tudo mudou sem ti
nada continua a mesma coisa sigo perdido sem agulha
bússola rosa dos ventos alavanca astrolábio sem ponto
de apoio defunto rejeitado cadáver em adiantado estado
de putrefação sem cova sem sepultura sem campa sem
tampa sem epitáfio pedra para repousar a cabeça não
tenho nem para posar em frente ao sepulcro ou para pousar
acocorado como um pássaro num galho tudo em mim
era o que eras a era não será a mesma até logo tenho que
ir logo pois não voltas mais logo nunca mais ai até logo
BH, 03001202024; Publicado: BH. 020102025.
escravocrata abres teus olhos comigo
escravocrata abres teus olhos comigo
sou perigoso para a escravidão pois não
esqueci meu martírio vou lembrar até
na imensidão sou negro escravo sou
preto fujão não sou nenhum pai joão
tenho enxada tenho pá tenho picareta
facão foice martelo bigorna marreta
mutreta comigo não bato o pé no chão
empaco burro velho pé de cabra mão
de pilão pá na cara pesada firme com
pé de pilão bate estaca coração tambor
tantã pandeiro batuque batuqueiro
madrugada batucada navalhada pernada
calcanhar na testa canelada no tornozelo
cotovelada nos olhos quebra queixo
espatifa mandíbula afunda pau de nariz
põe para dentro o pomo de adão não
mexas com meu papo de galo preto meu
saco de bócio é outro negócio sou negro
de papo firmado parece o que o galo
brigão tem quem vê não vem ninguém
deixei a senzala deixei a favela casa
grande engenho cafezal vim para a
capital sem capital a polícia me faz mal
a sociedade me escravizou de novo
corro feito jumento burguesia elite que
comem meu alimento desfrutam tudo que
produzo que gera riquezas aos intrusos
BH, 03001202024; Publicado: BH, 020102025.
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