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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025
nas últimas esta nossa geração já está nas últimas
nas últimas esta nossa geração já está nas últimas
nas cordas na corda bamba no chão do ringue
depois dum direto fatal letal que a espatifou o
queixo foi a nocaute esta nossa geração já passou
da hora agora é dar a vez à geração vindoura à
nova geração que venha sem negação que venha
cheia de gás ânimo disposição para a luta fé foco
sem preguiça sem azar com sorte com vida sem
morte com norte se chegar com o rabo entre as
pernas adeus viola se chegar intimidada no
primeiro sapeca ai ai da vida abre o cadeado não
fecha mais aí é levar gol fácil nas costas do destino
no contrapé é levar frango toda hora goleada vaia
zoação da torcida doméstica surra da torcida
adversária fora as bolas fora os pés enrolados nos
tapetes tropeções nos carpetes pescoções
mata-leões dos seguranças balas perdidas forjados
das polícias desprezo da burguesia humilhação da
elite então nada de dar mole aos vira-latas de plantão
nada de abanar o rabo se abaixar demais mostra a
bunda para sobreviver é dar uma de cão danado
cachorro louco com raiva com cólera é fazer por onde
ser respeitado respeitar a aplicar a mais importante lei
de newton bateu levou com troco graúdo sem miúdo
BH, 0110202025; Publicado: BH, 0280202025.
segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025
sozinho não tenho mais esperança
sozinho não tenho mais esperança
de seguir caminho velho leão na
pata o espinho não encontrei o
àndrocles para retirar o cardo ou
o cravo espetado na mão jesus
não posso sair da caverna não
tenho como ficar alerta inimigos
cercam-me predadores hienas
famintas corvos querem meus
parvos olhos míopes com
glaucoma abutres abduzem
minhas carnes urubus arrebatam
minhas carniças falcões açores
gaviões carcarás águias harpias
todos os tipos de aves de rapina
querem furar minhas cansadas
retinas picar meus ossos lobos
maus me cercam nas estepes fujo
para as predarias busco refúgio
nas falésias corro nos precipícios
ecoam os ais dos meus gritos
apelo à minha sombra não me
abandones à beira da estrada
corres de mim o quanto podes
nem olhas para atrás tens medo
de te transformares numa estátua
de sal estático tento espantar o
mal espantalho no assoalho
assombração detrás da penumbra
eclipse elipse faço a curva à
velocidade da luz na centrífuga
ou na centrípeta dou de cara com
o muro do paredão onde levo um
murro caio de cara no chão me
ralo no cascalho o reflexo do
cristal me ilude a ilusão é de vidro
fosco no lusco-fusco translúcido
quase opaco turvo sem ângulo reto
perco a reta obtuso não cruzo o
final das paralelas minhas querelas
BH, 040202025; Publicado: BH, 0240202025.
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025
terça-feira, 18 de fevereiro de 2025
septuagenário poeta cavaleiro andante sem rocinante
septuagenário poeta cavaleiro andante sem rocinante
sem sancho pança dulcineia del toboso a enfrentar
gigantes sem fazer justiça pois injusto sempre
fruto podre da sociedade decadente perdeu a
luta para a burguesia a peleja para a elite esmagado
pelo estado manteado pelo sistema lunático anjo
caído melancólico almeja o duelo bucólico porém
pisoteado pelos vassalos feudais espadado pelos
senhores medievais quase virou batata assada nas
mãos do santo ofício numa fogueira da inquisição
quando mandou parar a procissão amassado elmo
de mambrini do barbeiro que usa a bacia de fazer
barba na cabeça como proteção de chuva de sol de
volta agora poeta septuagenário sem poesia sem
poema de dores gemas em cima do catre lamentes
em lamúrias as batalhas perdidas ainda abertas as
feridas a expor as carnes envelhecidas mais mortas
do que vivas vês as assombrações assombrado as
aparições aparecidas nas sombras desaparecido
todas querem levar o ancião ansioso pela mão aí
então rejeita ajuda da morte o mais que pode um
dia terá que ceder pois não controla mais nem a
vitrola nem a radiola ou a rabiola ou os estados
fisiológicos a sofrer com os patológicos mórbidos
um dia plainará sobre os negros castelos medievais
BH, 0110202025; Publicado: BH, 0180202025.
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025
quem quiser falar alguma coisa que fale agora
quem quiser falar alguma coisa que fale agora
ou então que se cale para sempre pois vou me
calar para sempre nem quero falar mais nada
chega de querer falar alguma coisa quem não
tem nada para falar vou nascer mudo todo dia
até o último dia da minha vida ou o primeiro
da minha morte todo mundo tem uma morte
aboletada no cangote tenho mais duma que
até carrego uma duna já perdi as contas de
quantas mortes levo no cacaio tantas quantas
as estrelas dos céus tudo porque não consigo
esquecer essas mortes igual todo mundo
esquece porém o dia no qual aprender vou
até ensinar morto a viver vou ser professor
de vida de sorte que afasta o azar abre um
atalho faz um corte um talho dali sai a luz
todo mundo precisa duma luz para ser um
iluminado ter previsão premonição sensação
ter emoção para valer a pena a intuição fazer
alguma coisa que evite parar o coração que
já está sem adrenalina perdeu o testosterona
falhou a libido enfraqueceu o poder de
potência do anão plenipotenciário
serventuário da estagnação falso taumaturgo
quem pediu um milagre ficou frustrado
invisível ignorado ignorante na esquina era
uma vez uma saga era uma vez uma sina era
uma vez nem sei mais o que era nunca fui
não sou nem nem nunca serei nem sei quanto
mais rainha minha alma erva daninha arranca
então pela raiz a vida desse falso aprendiz
BH, 040202025; Publicado: BH, 070202025.
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025
segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025
domingo, 2 de fevereiro de 2025
nasci naquela serra lá detrás dos montes
nasci naquela serra lá detrás dos montes
no fim da linha do horizonte bebi água
benta abençoada da fonte água potável
do pote água doce da moringa
aguardente boa forte cachaça pinga de
cabeça na cabaça na cuia na cumbuca
para encher o regaço de cauim batida
no pilão no pé do fogão à lenha no
cuspo no chão masquei fumo de rolo
cheirei rapé fumei cigarro de palha
não me atrapalha com as tralhas tálias
jarros vazios panelas de barro tabatinga
argila engenho cana caiana felizmina
felizmente donana naninha nonada
não vó vô vou voo voou passarinho do
ninho espantou feio menino ladino
malino sem destino na água barrenta
do rio riacho regato córrego pinguela
cancela ribeirão meu coração sangra
açude acode acorde trovão olha a chuva
não corres não que é em vão faz ficar
são cura saracura pendura pindaíba
rapariga levanta saia mostra os tesouros
vales morros grutas valas locas cavernas
florestas virgens negras pretas índias
ciganas dizes com quantos paus se faz
uma canoa varoa varão cajado vara
consolo consoles a viúva que viu a uva
no terreiro no terreno provou do veneno
não mais levantou nem abaixou a saia a
luz do poste do lampião iluminou o caminho
BH, 0150102025; Publicado: BH, 020202025.
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