sexta-feira, 7 de novembro de 2025

não tive grandes amigos em vida também

não tive grandes amigos em vida também
pudera não era nenhum poço de genialidade
para agregar mentes iluminadas magnéticas
pelo contrário era limitado até demais fui mais
aluno de escola dominical do que educaciona 
que foi o meu mal nem gammar aos montões
dava jeito nem memoriol sem dosimetria me
fazia abrir a mente firmar a memória ativar as
lembranças acordar as recordações esquecia
de tudo que não podia esquecer não queria
nada que podia querer uma vizinha dizia esse
menino é sétimo filho cuidado sétimo filho é
sempre amaldiçoado é maldição pura a outra
vizinha dizia olha o olhar desse menino é olhar
de assassino olhar morto olhar árido de olho
seco olhar parado sem vida sem nada aí vinham
as histórias de assombrações de minhas avós
mães dos meus pais ou de minha madrinha que
levava-me de noite para jogar pós fazer rezas
duma nota só nas encruzilhadas preces sem
rimas orações com invocações noutras
ocasiões distraia-me a mostrar os luminosos
letreiros enquanto mijava de pernas abertas
com as saias afastadas a me encher as pernas
nas minhas calcas curtas de pingos de mijo que
pareciam-me de água de batismo ou água benta
que o padre lançava sobre os beatos nas
missas depois ensinava-me a fazer linguiça que
infelizmente nunca aprendi nem vou aprender

BH, 01401002035: Publicado: BH, 0701102025

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