Daqui do murundu não se ver
A sorte doutro lado da fronteira
Há o muro depois a muralha
Além a cordilheira o mar
Daqui do topo a vista prolonga-se
Perde-se até a noção as coisas
Confundem-se como algo que
Queremos dizer embaralhamos
O calor faz vibrar a paisagem
Os morros são de gelatina os
Aventureiros César Alexandre
Faziam a sorte venciam o azar
Os acomodados esperam que o
Universo faça a sorte para eles
Querem que o rio seja raso que as
Águas sejam tranquilas que os
Mares não sejam bravios os ventos
Não sejam fortes os sedentários não
Querem mudar o mundo para não
Ter que sair do lugar detestam
Revoluções rotações translações
Aliam-se alienados à força da
Gravidade não levitam
Chumbam-se ao chão enraízam-se
Nas rochas teimam que nada
Muda enquanto tudo se movimenta
Dum lado para outro na verdade
Das verdades nada é a mesma coisa
Igual normal mesmo que teimemos
Não nos mover um segundo adiante
Quem nos garante que somos os
Mesmos quem nos confirma
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