Não há nada para alegrar-me
Satisfazer-me de verdade o
Que alegrava-me satisfazia-me
Era quando fumava bebia hoje
Parei de beber de fumar não
Há nada neste mundo que possa
Alegrar-me recorro às letras apelo
Às palavras já envelheceram
Perderam a validade os sentidos
A direção quando frequentava as
Mesas de bares sempre havia uma
Música um samba um alguém para
Conversar bebia-se umas cervejas
Geladas uns conhaques umas pingas
Uns runs olhava-se as musas nos
Desfiles nas calçadas divertia-se
Com os zumzumzuns ria-se com as
Piadas bobas os papos dos bêbados
Conhecidos brigava-se um pouco
Já não leio jornais não leio livros
Não assisto televisão já não ouço
Música não visito ninguém não
Sou visitado desesperado percebo
Que não há nada para alegrar-me
Igreja não gosto detesto religião
Que são mais para entristecer do que
Para alegrar meu coração o bom
Mesmo era quando se podia beber
Até não dizer chega ir de bar em bar
De saideira em saideira sem nunca
Saciar-se chega a hora em que o
Dinheiro acaba tudo tem que parar
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