Meu uivo saiu abafadamente sombrio
De modo abafado de triste de penumbra
Quase sem fazer ruído sussurrante
Como se estivesse pasmado
Na última hora fatal à beira do portal
Permaneci estendido ali a uivar
Sem poder gritar a falar alto
Como um fantasma que quer assustar
Não fui pressentido de súbito
Não fui descoberto no espaço
Sofri a abafadela de qualquer estrela
Com luz mais própria do que sou
Era o corte na jugular a me abafar
A fera ferida a sangrar hemorragia
A causar a abafação do coração
O abafamento da alma no vento
Até o abafarete da borboleta
Pesavam toneladas em meu ser
Era a abafadura da tampa do caixão
Escoei pelo abafadouro da sepultura
Lugar que abafa meus gemidos
Que sufoca meu espírito
Todo objeto qualquer
Que amortece os sons
Do cadáver a se decompor
Que conserva o calor dos vermes
O pic pic das seitas dos fanáticos
Que sufocavam os agonizantes
Com lençóis fronhas
Ao por fim as discussões
Da vida com a morte
A proibição de divulgar os fatos
A rolha que fecha a saída
Ninguém sabe o que significa
A verdade não pode ser abafável
Não pode ser ocultada
Dissimulada do seu teor
Roubada da sua veracidade
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