Mestre
Como posso
No meu ataviamento
Compor uma sinfonia?
Não sei adornar a vida
Não sei enfeitar a alegria
Ou ataviar a felicidade
Não sei se o que herdei
É um processo atávico
Não sei se o meu jeito de ser
Foi transformado por atavismo
À semelhança com os meus antepassados
Herança de caracteres biológicos
Que impede o adorno da vida
Impede o emoldurar do riso
Da gargalhada feliz
O atavio da alma
Até hoje não entendi
O que é que expressa
Meu limite no tempo
No espaço nas ações
No amor também
Mais ainda na paz
Que não tenho
Que não vem
Atear minha satisfação
É mais difícil então
Fazer lavrar o fogo do meu coração
Estimular o meu apetite de viver
Avivar a fome de amar
Pegar o fio da esperança
Tornar-me mais intenso profundo
Orgulhar da sinfonia
Que vou compor um dia
Sei que o mestre vai dizer
Que sou muito jovem para aprender
Que o mestre criou tudo
Não perguntou nada a ninguém
Nem pediu para que o ensinassem
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