Tornei-me um indomável Igual cavalo bagual arisco Fiz-me uma pessoa rústica Contraí hábitos grosseiros Abrutalhei-me por mim mesmo Acaipirei-me por meus modos Tudo em volta de mim Fez-me abagualar-me horrivelmente Porém antes abaianar-me Assemelhar-me aos naturais da Bahia Em seus usos costumes Sem dizer jamais me adaptaria Pois trago a Bahia A fortalecer o meu sangue Mas seria literalmente um abaíta Um homem ruim aqui no meu lugar No meu minerês De calça arremendada abainhada De forma a se fazer Bainha com linha de cor diferente De espírito abaionetado Armado de baioneta Pronto a distribuir golpes Como se estivesse com uma foice Ou um martelo velho Que mineiro é assim É do modo à antiga Já dizia Miguelim Do meu irmão Rosa Com o abairramento do país No princípio do colonialismo Com o abairrar da terra O dividir em bairros o torrão Classificar a população dos lotes Das capitanias hereditárias,
O povo não foi mais dono de nada A terra ficou na mão do capão Quem come da terra vermelha Nela não pode por a mão Apesar de trazê-la no sangue
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terça-feira, 17 de abril de 2018
Tornei-me um indomável; BH, 01101001999; Publicado: BH, 0170502012.
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