terça-feira, 17 de abril de 2018

Tornei-me um indomável; BH, 01101001999; Publicado: BH, 0170502012.


Tornei-me um indomável
Igual cavalo bagual arisco
Fiz-me uma pessoa rústica
Contraí hábitos grosseiros
Abrutalhei-me por mim mesmo
Acaipirei-me por meus modos
Tudo em volta de mim
Fez-me abagualar-me horrivelmente
Porém antes abaianar-me
Assemelhar-me aos naturais da Bahia
Em seus usos costumes
Sem dizer jamais me adaptaria
Pois trago a Bahia
A fortalecer o meu sangue
Mas seria literalmente um abaíta
Um homem ruim aqui no meu lugar
No meu minerês
De calça arremendada abainhada
De forma a se fazer
Bainha com linha de cor diferente
De espírito abaionetado
Armado de baioneta
Pronto a distribuir golpes
Como se estivesse com uma foice
Ou um martelo velho
Que mineiro é assim
É do modo à antiga
Já dizia Miguelim
Do meu irmão Rosa
Com o abairramento do país
No princípio do colonialismo
Com o abairrar da terra
O dividir em bairros o torrão
Classificar a população dos lotes
Das capitanias hereditárias,
O povo não foi mais dono de nada
A terra ficou na mão do capão
Quem come da terra vermelha
Nela não pode por a mão
Apesar de trazê-la no sangue

Nenhum comentário:

Postar um comentário