ando errante cego pelas estradas a cruzar encruzilhadas
a descansar às sombras das gameleiras assombradas
surdo aos arroubos da natureza devastada
mudo ao mundo natural
meus pés sem lâmpadas
meus caminhos sem entradas de luz
não sinto nas entranhas a vida estranha
sem percepção
sem intuição
sem lucidez
a falta de sabedoria congela meu coração
meu cérebro um morto vulcão no fundo dum lago morto
suspiro na escuridão
soluço na contradição
sussurro na desilusão
respiro na sofreguidão
espirro com irritação
latejo na solidão
sinto no corpo comichão
dou de cara com meu anjo que nunca deixei de admirar
não me canso da sua face sagrada de marfim precioso
só o seu rosto almejo emoldurar
numa sombra divinal de valor celestial
guardo suas santas lágrimas em vidros de cristal
formados de colisões intergalácticas
enviados de milhões de anos-luz
de infinitos rincões
engendrados nas reminiscências das reverberações
que aqui chegam intrínsecos de materiais desconhecidos dos mortais
BH, 0220902021; Publicado: BH, 0250702022.
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