Pretendo numa aguçadeira
Pedra que serve para amolar
Afiar minha língua ferina
Aguçar minhas palavras
Com a percepção afiada
Das letras com guna
Com os sentidos todos pontudos
Pretendo ser um aguçador
De todas qualidades que existem em mim
Ser um amolador de tudo de bruto
Estimulante de tudo de bom
Lapidador de tudo de ignorante a
Transformar-me num novo ser
Pretendo impetrar toda ação de aguçar
Todo o meu gume dado tipo
A um instrumento de corte
Expor a minha aguçadura
A sensibilidade fluente
A emoção corrente
Fazer de mim um objeto aguçado
Um espeto penetrante afiado
Um punhal sagaz tenaz
Mas sem estoque de violência
De estupidez de obtusidade
Uma formiga que de repente
Criou asas descobriu que podia voar
Uma agúdia que deixa o seu lugar
Voa a conhecer outras terras
Uma agude que descobre a agudização
A sutileza a perspicácia a intensidade de
Um voo duma tarde de domingo de verão
Então é não representar mais no meu rosto
O sulco que conduz as águas de rega das minhas lágrimas
No agueiro do meu choro
Não traça mais na minha face a agueira
Cano em que se reúnem as águas das minhas lágrimas
Nos telhados das casas das cidades
Para a partir daqui ser o aguentador da felicidade
O sustentador da paz
O suportador da haste da bandeira do amor
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