Sovela de sapateiro
Almofrez antiga mala grande de viagem
Nela quero almofreixar tudo
Que só sabe me fazer chorar
Vou encher o almofreixe ao me esvaziar
Brincar com a menina
O jogo da almolina
Ser a cabra-cega para ela me pegar
O almofate o furador
Que os correeiros abrem buracos na sola
Abrir todos os meus poros
Deixar fluir de mim
Toda a almofeira ruim
Todo líquido escuro sórdido
Tal o que escorre das azeitonas
Em talhas de água de chorume
É para quando morrer
Não ficar pesado de remorso
De arrependimento de sofrimento
O caixão não precisa
Ser de luxo almofadado
Não quero almofadas
Pode ser só de tábuas corridas
Que me cubram de almofacilha
A mesma porção de estopa
Que se enrola na barbela
Para que o cavalo não se fira
Podeis almoedar tudo que restar de mim
Leiloar meus bens a saldar
A dívida com o enterro
Para limpar meu couro sujo
Só me almofaçar
É a única coisa que pode aguentar
Limpar com a almofaça
Jogar terra por cima para conservar
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