Dos céus e terra, ó Virgem Soberana,
Imperatriz do pântano infernal,
A vós, humilde filha se abandona
E alcançara, no céu, gozo imortal,
Sem ter valido mais do que um real.
Vosso favor, Parrona, Grã-Senhora,
Suplanta as culpas desta pecadora,
Sem ele, ninguém pode merecer,
Ganhar o céu.
Não sou enganadora:
Viver quero na fé, nela morrer.
Minha alma a vosso Filho-Deus se irmana;
Que ele me dê o seu perdão total,
Tal como fez com a Santa Egipciana
E ao frei que se entregou ao Pai do Mal,
Mas por vós salvo do rigor final,
Conquanto já no inferno, por penhora.
E sempre me livreis dessa má hora,
Vós, de quem, na pureza, quis nascer,
Jesus, hóstia sagrada, redentora:
Viver quero na fé, nela morrer.
Velha já sou, numa pobreza insana,
Nunca li, e o que eu sei, bem pouco val.
Vejo na igreja, em que sou paroquiana,
Num céu pintado, um coro angelical
E almas penando, em fogaréu mortal:
Me alegra o céu, o inferno ma apavora.
A alegria me dai, Nossa Senhora,
A quem o pecador deve acorrer
Cheio de fé, sem finta nem demora;
Viver quero na fé, nela morrer.
Vós gerastes, ó Virgem Protetora,
Jesus, Rei pelos séculos afora.
Ligou-se Deus à carne sofredora,
Deixando o céu pra vir nos socorrer,
Ofertando uma vida redentora:
Nosso Senhor é tal e eu, sabedora:
Viver quero na fé, nela morrer.á
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