sábado, 18 de maio de 2013

Só um pedaço me basta não quero mais do que um simples pedaço; BH, 0120102000; Publicado: BH, 0180502013.

Só um pedaço me basta não quero mais do que um simples pedaço
É só isto que quero não cabe em mim mais nada além disto fico
De verdade sem mentira de olhos fechados satisfeito
Pareço mas não sou guloso a barriga é grande mas não
Cabe muita coisa um simples pedaço deixa-a cheia
Se exigirem um pouco mais pode até estourar
Seria um desastre total para mim talvez
Para a humanidade inteira que espera um dia
Também o seu pedaço de felicidade almejada em vida
Se me falarem que terei a felicidade só depois
Que estiver bem morto e enterrado e não vou querer
Prefiro ser um morto triste infeliz do que ser
Um vivo infeliz a esperar a morte para atingir
Um pouco do pedaço da felicidade no além
Se me derem um tijolo inteiro com esse tijolo
Não levantar nem o começo do meu pedestal
É porque só vivi na bobagem na tolice
Na mesmice na idiotice na ignorância que
Cobrem-me de trevas me cegam os olhos a não me deixar
Seguir um palmo além do nariz sem tropeçar cair
Joguei fora no lixo todas as oportunidades vezes
Que tive em obter um lugar ao sol entre os mortais
Joguei na sarjeta a minha família todos os
Meus descendentes antecedentes também
Pois nunca soube honrar o nome dos meus pais
Não mereço tudo justamente porque nunca
Quis construir para mim nenhum pequeno pedaço
Se constatar que ficou um pedaço para mim
Mesmo que não tenha movido para isso
Uma pequena palha na minha estrada
Chorarei lágrimas de satisfação contentamento
Não soube construir meu futuro nem soube
Respeitar as condições em que vivia no passado
Agora no presente carrego pedras para tentar
Desobstruir os abismos que querem me engolir
Tento erguer uma plataforma no precipício para
Não me despencar de cima dele me despedaçar mais
A minha plataforma é a alegria de poder
Deixar para a posteridade estas linhas de palavras
Estas frases de léxicos de verborrágicos vernáculos
Estes pensamentos que me deixam livre leve a
Flutuar como se estivesse em estado de levitação
Como se estivesse hipnotizado fizesse mil façanhas
Escrevesse mil fábulas mil contos mil histórias
Como as de Sherazade em As Mil Uma Noites
Este é o pedaço que quero que seja reservado
Para que venha superar a minha mediocridade
Para que possa olhar para mim ver a verdade
Ver a liberdade a segurar minha mão
O fogo da paixão ao arder no peito a
Mentira morrer afogada em minhas lágrimas
A injustiça a fugir apressada a justiça
De balança espada a conquistar a razão
A habitar o coração dos homens para que os que
Sofrem os dissabores da vida melhorem seus destinos
Não posso mudar o mundo os homens
Todo aquele que quis mudar o mundo os homens
Foi sacrificado pelo mundo pelos homens
Todo aquele que se indignou contra a injustiça
O desequilíbrio social a exploração o racismo
A desigualdade a discriminação a fome
A miséria a desgraça a humilhação
Foi lançado nos calabouços das masmorras
Foi assassinado covardemente até entregue
Por traidores às mãos de seus algozes só para
Lembrar o nome de alguns Ernesto Che Guevara
Capitão Carlos Lamarca Carlos Marighela
Joaquim José da Silva Xavier o Tiradentes
Felipe dos Santos Zumbi dos Palmares Gregório
Bezerra outros que derramaram o próprio sangue
Perderam a própria vida por acreditar que poderiam
Fazer o milagre de mudar a cabeça do homem
O comportamento de toda uma humanidade que
Só se preocupa em no que vai comer no almoço
Não merecemos nossos mártires heróis
Nós que deveríamos morrer no lugar deles
Por respeito à coragem à valentia ao brio
Por respeito à liberdade defendida à autonomia
Nunca aprendemos a seguir os exemplos
Deixados por esses valorosos homens de almas de
Espíritos fortalecidos na razão na força
Da mente da memória privilegiadas
Não sabiam o que eram a covardia o medo
Não sabiam o que era a vida só sentiam
Às costas a presença da morte a alcançá-los
Mesmo assim não abriam mãos dos princípios
Morreram nos legaram seus nomes histórias
Com este pedaço de mim pretendo construir
A minha história a minha saga biografia
Pretendo construir o leito da minha estrada
A cama em que repousarei meus ossos quando
Chegar o dia da minha morte que não terá
O brilho do dia da morte dos meus heróis
A minha morte não terá o brilho da morte
Dum Ernesto Che Guevara dum Capitão Carlos
Lamarca morrerei talvez até pior do que um rato
Igual à uma barata ou esmagado como a uma pulga
Ou como a um piolho mas deixarei minhas impressões
A respeito das coisas deixarei meus registros
Anotações para as outras eras estarei nos tempos
Vindouros nas formas que mantiver construídas
Explicadas nas frases estilos nas teorias teses
Que não servirão para foguetes não servirão para
Bombas atômicas satélites não servirão para
Programas de computadores telefonia celular outras
Parafernálias mais das eras dos futuros linguagem
Moderna mas que para mim servem como afirmação
Como valorização pessoal autocrítica auto-análise
Frank Sinatra cantava representava porque eram
As únicas coisas que sabia fazer além de falar inglês
Impressionava as mulheres com a voz os olhos azuis
Porém não entrou para a história da humanidade
Como um homem que derramou o próprio sangue entrou
Para a história do show bizz para a galeria dos musicais (1)

Nenhum comentário:

Postar um comentário