sem encontrar
uma poesia que
pudesse me libertar
um poema que
soubesse me elevar
uma mulher que
quisesse me amar
é que sou sem igual
singular desigual
dúbio individual
nem sei ser plural
tal paternal
ou maternal
quiçá filial
porém teimo
em estar aqui
já quase bem perto de partir
não queria partir assim
sem deixar uma parte de mim
incompleto incerto
duvidoso idoso
anoso
anguloso
linear sinuoso
já pelancoso
no osso sem colosso
só a cultivar o lado rancoroso
que fim horroroso de vida lamentoso
nem animais irracionais merecem
fim de vida infrutífero assim
a cultivar folhas mortas que
nem o vento quer mais bolinar
ou espalhar pelos jardins quintais
apelo para mim
aos direitos dos animais
o lenho enfumaça
não arde
não pega mais fogo
o carvão deste lenhoso
não serve mais para assar
nem as cinzas para adubar
a terra insípida ai
minha poesia
quem diria
que sem ti
sofreria
no fim desta vida sem labor
sem cicatrizar as feridas
BH, 050402023; Publicado: BH, 0200402023.
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